segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Quando devo levar o namorado na casa dos meus pais?


O diálogo aberto com os pais pode ajudar na hora de apresentar seu parceiro para a família, descubra como fazer isso

Se voltarmos no tempo, provavelmente ficaremos a imaginar como eram os namoros no tempo de nossos avós, bisavós, com maridos muitas vezes escolhidos pelos pais, em que havia uma liberdade muito vigiada e pouco ou quase nada se falava sobre sexo, por ser um assunto tabu, cercado de interdições e tantas vezes caracterizado como algo sujo e pecaminoso.

Vemos, então, que os tempos foram passando e, hoje, o que temos é uma evolução e mudanças muito grandes na sociedade como um todo, nas relações interpessoais, familiares, que acabam acarretando, muitas vezes, a ocorrência de divergências e conflitos em relação a escolhas, valores e sobretudo em questões relativas à sexualidade.

Assim, encontramos pais com muitas dificuldades de educar, de dar formação aos seus filhos, vivendo em um mundo globalizado, onde os apelos ao sexo, à estimulação sexual começam muito cedo, via mídia, internet e assim por diante.

Acreditamos que o melhor remédio para tudo isso ainda seja o diálogo franco e aberto, a negociação, uma vez que não é mais possível negar a influência do sexo na vida dos jovens.

Relacionar-se sexualmente com o(a) namorado(a) em casa pode ser saudável, desde que não crie constrangimentos aos pais. Tudo vai depender da relação deles com o corpo e da maneira como têm vivido a própria sexualidade.

Se o sexo for encarado pelos pais como parte natural da vida e estiver vinculado ao desenvolvimento da personalidade, das relações interpessoais e da estrutura social, isso poderá ser transmitido aos filhos de uma maneira tranqüila, contribuindo para as escolhas e decisões a serem tomadas.

É importante acima de tudo que o bom senso sempre predomine, que sejam tomados todos os cuidados em termos de prevenção e contracepção para que o sexo possa ser feito de maneira segura e que o jovem se preocupe em não banalizá-lo, trazendo a cada dia um(a) namorado(a) novo(a) para casa.

Não se deve esquecer de que as experiências vividas durante a adolescência e a juventude com certeza contribuirão para a vivência gratificante da sexualidade no casamento, desmistificando as interdições relacionadas ao sexo.

Mitos e Verdades

- Mito: todos os pais devem aceitar que os filhos se relacionem sexualmente com os namorados(as) em casa

- Verdade: a decisão de relacionar-se em casa deve ser sempre negociada com os pais

Carmen Garcia de Almeida, pós-doutora em Psicologia Clínica e terapeuta conjugal e familiar

http://www.bonde.com.br/?id_bonde=1-27--62-20120209&tit=quando+devo+levar+o+namorado+na+casa+dos+meus+pais


Timidez e rebeldia podem virar doença em manual psiquiátrico

Para especialistas, novo guia da psiquiatria trata comportamentos hoje considerados normais como doenças

LONDRES - O Estado de S.Paulo

Milhões de pessoas saudáveis, incluindo crianças tímidas ou rebeldes, adultos abatidos e pessoas com fetiches, poderão ser erroneamente diagnosticadas como doentes mentais, de acordo com o novo manual de diagnóstico internacional, alertam especialistas na área.

Numa análise contundente da nova revisão do importante Manual de Diagnósticos e Estatísticas de Doenças Mentais (DSM, na sigla em inglês), psicólogos e psiquiatras afirmam que as novas categorias de doenças mentais identificadas no manual são, no melhor dos casos, "absurdas", e, no pior, "preocupantes e perigosas".

"Muitas pessoas tímidas, abatidas moralmente, com um comportamento extravagante ou com vidas românticas pouco convencionais poderão ser consideradas mentalmente doentes", disse Peter Kinderman, chefe do Instituto de Psicologia da Universidade de Liverpool. "É desumano, não é científico e não vai ajudar ninguém."

O DSM é publicado pela Associação Americana de Psiquiatria e inclui sintomas e outros critérios para o diagnóstico de doenças mentais. É utilizado internacionalmente e considerado a "bíblia" dos médicos da área.

No entanto, os excessos do novo manual têm gerado críticas e preocupações. Mais de 11 mil profissionais da saúde já assinaram uma petição (disponível no site dsm5-reform.com) pedindo que a revisão da quinta edição do manual seja suspensa e reavaliada.

Alguns diagnósticos - como no caso do "transtorno de rebeldia resistente" e a "síndrome da apatia" - correm o risco de minimizar a seriedade das doenças mentais e tratar como problema médico comportamentos que as pessoas consideram normais ou um pouco extravagantes, afirmam os especialistas.

Além disso, o novo DSM, que deve ser publicado no próximo ano, pode oferecer diagnósticos médicos no caso de criminosos ou estupradores em série, inseridos em rótulos como "transtorno coercitivo parafílico" - permitindo que os agressores escapem da prisão ao oferecer o que pode ser visto como uma desculpa para o seu comportamento.

Radical. Simon Wessely, do Instituto de Psiquiatria do King's College de Londres, afirmou que, se remontarmos à história, os especialistas podem questionar se tais rótulos são necessários. Segundo ele, o Censo de 1840, nos Estados Unidos, incluía apenas uma categoria de transtorno mental, mas em 1917 a Associação de Psiquiatria já reconhecia 59 tipos de transtorno. Este número aumentou para 128 em 1959 e para 227 em 1980. Ele chegou a 360 nas revisões de 1994 e 2000.

Allen Frances, da Duke University e presidente da comissão que supervisionou a revisão anterior do manual, disse que o DSM-5 "expandirá de maneira radical e irresponsável as fronteiras da psiquiatria", o que resultará no "tratamento médico da normalidade, das diferenças individuais e da criminalidade".

David Pilgrim, da Britain's University de Central Lancashire, ressalta que "é difícil não evitar a conclusão de que o DSM-5 vai colaborar para os interesses das empresas farmacêuticas".

"Corremos o risco de tratar a experiência e a conduta de pessoas como se fossem espécimes de botânica sendo identificadas e catalogadas em caixas." Ele afirma que a mudança "é uma forma de loucura coletiva e um exercício pseudocientífico contínuo".

Luto. Nick Craddock, do departamento de Neurologia e Medicina Psicológica da Cardiff University, cita a depressão como um exemplo-chave dos erros envolvidos no manual. Nas edições anteriores, uma pessoa que perdeu um ente querido e está abatida estaria expressando uma reação normal de dor, mas os critérios adotados no novo guia ignoram a morte do ente querido e se concentram somente nos sintomas. Assim, a pessoa será classificada como tendo uma depressão.

Outros exemplos citados pelos especialistas como problemáticos incluem o "jogo compulsivo", "o vício na internet" e o "transtorno de rebeldia resistente" - quando uma criança "recusa-se a atender aos pedidos da maioria" e "pratica ações para incomodar os outros".

"Isso significa que são crianças que dizem 'não' aos pais mais que um determinado número de vezes. Com base nesse critério, muitos de nós acharíamos que nossos filhos estão mentalmente doentes." / REUTERS. TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,timidez-e-rebeldia-podem-virar-doenca-em-manual-psiquiatrico--,834712,0.htm

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