Quem não passou já pela experiência
angustiante de cair nos mesmos enredos, nos mesmos circuitos negativos de auto
sabotagem de planos, desejos e necessidades? Prometemos vezes sem conta que
desta vez vai ser diferente, que desta vez é que vai ser, para rapidamente
percebermos que tudo não passava de uma vazia intenção. Gera-se um ciclo
repetitivo de intenção, verbalização, ilusão e constatação de uma só realidade: as asneiras
repetem-se uma e outra vez ao ponto de isso fazer parte de nós.
CICLOS DE AUTO SABOTAGEM
Você continua repetindo o mesmo padrão auto-destrutivo? Você
continua a sair com aquele idiota e controlador que prometeu a si mesmo evitar
à três relacionamentos atrás? Continua adiando compromissos até ao último
minuto, para em seguida, cometer erros drásticos entrando numa corrida para
cumprir o prazo? Dorme até tarde, não vai ao ginásio, como em excesso e, em
seguida, odeia-se e culpabiliza-se por isso? Se analisarmos logicamente esses
comportamentos, eles não fazem sentido. Porque razão alguém iria manter um
conjunto de comportamentos prejudicais para si mesmo, como se estivesse dando
um tiro no próprio pé?
Parece que inconscientemente os pensamentos,
sentimentos e motivações “secretamente” guiam as ações, mesmo os comportamentos mais irracionais
tomam conta da pessoa. Conscientemente, a pessoa quer completar a tarefa,
encontrar um relacionamento saudável e parar de irritar os amigos com os seus constantes
atrasos. Mas, no fundo o que parece acontecer, é que os desejos entram em
conflito com as intenções conscientes.
As decisões que se comprovam em resultados
falhados, juntamente com a constante promessa da pessoa em dizer a si mesmo que
desta vez vai conseguir, gera um sentimento de desconfiança sobre si próprio. A
pessoa desacredita-se, deixa de se levar a sério. No entanto, tendo a noção
real daquilo que deveria fazer (e que
por vezes até tenta), e em
determinadas situações esforça-se por ter uma atitude positiva, mas que
não surte efeito, dado que pelo meio do processo a pessoa inconscientemente
acciona a auto-sabotagem. Esta auto-sabotagem emerge das inúmeras tentativa
falhadas. É como se a pessoa estivesse à beira de conseguir chegar a bom porto,
e de um momento para o outro desistisse, ou inventasse uma desculpa para não
continuar. Isto pode acontecer ainda, porque a pessoa não quer chegar ao fim do
processo com medo de ter que enfrentar o resultado que sempre tem obtido: o
fracasso.
QUANDO
A ANSIEDADE OBRIGA À PROTEÇÃO DO EGO
Eu tenho trabalhado com inúmeras pessoas
que, na iminência de realizações importantes, ou mesmo após alguma coisa boa
acontecer, tornam-se ansiosas e entram em ciclos de auto sabotagem. Pode
parecer contra-intuitivo, mas por vezes as pessoas optam por deitar por terra
as suas esperanças para não sofrerem desilusões, ou para não serem confrontados
com a crítica dos outros. Neste tipo de situação, para além da ansiedade emitir um conjunto de sensações
físicas desagradáveis que a pessoa pode interpretar como medo, tende ainda a
projetar a noção de incapacidade para lidar com aquilo que pretende alcançar. De
certa forma, quando a pessoa fazauto
sabotagem ou esquiva-se de tentar obter o que
deseja, acciona um mecanismo de defesa do ego. Tenta proteger-se do fracasso,
desilusão ou vergonha.
Ao exterminar as suas próprias esperanças, a pessoa de
forma inconsciente está tentando proteger-se da rejeição, desilusão ou
fracasso que já aconteceu no passado, e que acredita com toda a certeza
que vai acontecer de novo se ela se propuser a fazer o que teme.
Provavelmente, você identifica-se com este tipo de situação causadora de dor
emocional? Entenda que existe uma probabilidade elevada de estar a causar a dor
emocional a si mesmo, para pelo menos em relação a isso sentir algum tipo de
controle na sua vida. Você acredita saber como as coisas vão acontecer, pois,
sem perceber, tem preparado o terreno para que isso aconteça dessa forma.
Constatação: Poderíamos dizer que profetiza a sua própria desgraça!
As pessoas costumam dizer que procrastinam porque são
preguiçosas. Eu gosto de reformular isso, explicando à pessoa que ela adia
constantemente algumas tarefas ou objetivos por medo. Adia uma tarefa difícil
porque tem medo que não consiga realizá-la suficientemente bem. Ou, se consegue
fazer e depois não resulta naquilo que queria teme sentir-se vazia e desiludida.
Não tentar é uma maneira de manter viva a esperança de que as
coisas poderão vir a funcionar no futuro. De que a qualquer momento,
quando se sentir preparada ou quando as condições forem mais favoráveis poderá
propor-se a fazer.
Constatação: Ilusoriamente proteje-se, e conscientemente sofre!
REPETIÇÃO DAS ASNEIRAS
Também, por, inconscientemente repetir o
passado, fugindo ao que teme e não quer sentir ou viver, a pessoa espera
dominar a dor emocional e obter um novo final. Acredita que se conseguir evitar
a dor, ou fugindo às sensações físicas desagradáveis que tem sentido (batimento
cardíaco acelerado, nó na garganta, desconforto intestinal, náuseas, sudação,
tensão muscular, agitação motora, formigueiro no corpo, entre outras), que conseguirá sentir-se mais digno e em controle.
O problema é que raramente funciona. Em
vez de dominar e mudar o passado,
repete quase tudo textualmente. O que pode ser necessário é aprender um
conjunto de estratégias que lhe permita sentir-se mais capacitado para
enfrentar o medo e consequentemente vir a ser bem sucedido por aplicação de
competências que julgava não possuir. Este tipo de aprendizagem pode ser
possível através de um programa psicológico. No tratamento, ou no programa de
desenvolvimento pessoal você é desafiado a alterar algumas crenças desadequadas
e encontrar novas maneiras de abordá-las. De forma resumida, o que se pretende
é quebrar o padrão mental de negatividade que é accionado pelo medo e mantido
pela manifestação da ansiedade e consequente alteração comportamental.
COMO
REDUZIR A NEGATIVIDADE
Em certo sentido, a forma saudável e eficaz para dar um rumo
à sua vida, é uma tentativa de reduzir ou gerir a negatividade. Coisas ruins
acontecem o tempo todo, mas a forma como as internalizamos, como reagimos a
elas, em última análise, é o que determina o seu efeito final sobre nós e sobre
a noção de se temos simultaneamente mais ou menos controle do que imaginamos.
Nós atribuímos um determinado significado à experiência que temos
dos acontecimentos, e não aos acontecimentos em si. Até aquilo que
sentimos, de certa forma, depende do significado que é atribuído por nós.
Até porque, quando confrontados com um
evento de vida negativo, raramente conseguimos simplesmente decidir
que é, de fato, realmente positivo. Para isso, temos que encontrar uma maneira
de acreditar nisso, e isso exige um processo
de resignificação, auto-reflexão e atitude
positiva contínua. Importa
para isso, termos a noção que devemos investir no desenvolvimento
de uma estrutura
mental positiva, destinada a reforçar a nossa força de
vontade para enfrentar
as vicissitudes da vida, por assim dizer.
É como se desenvolvêssemos uma força de vontade para
suprimir a nossa negatividade na sua raiz. Embora todos nós possamos
inevitavelmente pensar de forma negativa e ter sentimentos negativos, parece
haver apenas três razões básicas para que isso aconteça:
§
A primeira, é porque é
inerente à condição humana.
§
A segunda, é o resultado de uma falta de auto confiança, ou crença de
que podemos resolver um problema particular.
§
A terceira, é por ser simplesmente um hábito adquirido.
A reter: É importante perceber que o fato de todos termos pensamentos e sentimentos negativos, isso não é
problema. O problema está na nossa incapacidade de gerir o seu incómodo. Este
incómodo, só pode infligir verdadeiro mal estar e consequência nefastas para
nós, se passarmos os pensamentos e sentimentos negativos à ação. O que pretendi
transmitir foi, que podemos sempre decidir não seguirmos aquilo que pensamos e
sentimos. Que, podemos criar outros pensamentos e sentimentos mais assertivos,
mas funcionais e capacitadores, no fundo, que nos sirvam e sejam funcionais
para a obtenção daquilo que desejamos.
Os hábitos são definidos como ações que ocorrem automaticamente
em resposta a gatilhos específicos, ou sugestões. Tais gatilhos ou
sugestões podem ser externos (decorrentes de nosso meio ambiente) ou internos
(decorrentes dos nossos próprios pensamentos e sentimentos). Por
exemplo, podemos roer as unhas, quando nos sentimos
nervosos. Desligamos as luzes ao sair de uma sala. Ou, podemos reclamar
quando as coisas dão errado. Cada hábito, terá certamente um diferente impacto
na nossa vida. Ainda assim, são um hábito, seguem padrões específicos de
aprendizagem comportamental e vão-se enraizando na nossa estrutura
mental, accionado-se automaticamente, para o bom ou para o mal.
As queixas ou reclamações, também se tornam num hábito,
muitas vezes fluem para fora das nossas bocas, sem a nossa consciência. Um
conjunto de respostas padrão tornaram-se condicionadas pelas repetições
anteriores, pensando de forma pessimista quando surgem
obstáculos ou resultados indesejados.
Não vamos percebendo que ao permitirmos a nós mesmos
focarmo-nos no negativo, e pensarmos negativamente, que isso aumenta
dramaticamente a probabilidade de continuarmos a fazê-lo, impedido-nos
muitas vezes de reunirmos a confiança que precisamos para olharmos
para um obstáculo ou dificuldade como um desafio e realmente
superarmos isso.
ENTÃO O QUE PODEMOS FAZER PARA QUEBRAR ESTE CICLO DE
NEGATIVIDADE?
Se a nossa negatividade decorre de um
hábito e não de uma verdadeira falta de auto confiança,
podemos, de fato, extingui-lo como qualquer outro hábito: temos
de nos tornar mais vigilantes através da auto monitorização. Alguns estudos mostram que a melhor maneira de
vencer a tentação (por exemplo, chocolate) é, deixando de comê-lo. Os estudos
mostram ainda, que a melhor maneira de quebrar um hábito ruim é perceber que
estamos fazendo isso e, conscientemente, fazer-nos parar. Por exemplo, no ato
de roer as unhas, interrompa-o sempre que se deparar a fazer isso, tantas vezes
quanto possível. Ao fim de algum tempo, você ensinou a si mesmo um outro
comportamento que deve realizar sempre que tem o impulso para roer as unhas. O
primeiro hábito (prejudicial) começa a perder força, o novo hábito ao invés,
ganha força. Aos poucos a sua mão deixará de ir à sua boca pela
sua própria vontade. Ou seja, pelo hábito saudável instituído pela ação da
consciência. E aquilo que fazemos em consciência, é a nossa vontade.
Da mesma forma, quando as suas declarações
negativas automaticamente saem da sua boca, se conseguir notar isso,
e interromper-se, mesmo no meio da frase, eventualmente, o impulso
automático para ser negativo vai desaparecendo. Infelizmente, porém, talvez a diminuição de gatilhos
de negatividade a que somos expostos nunca venha a existir. Para que a
estratégia de paragem do pensamento possa dar os seus frutos a
longo prazo, é necessário, forçarmo-nos a nós mesmos a acompanhar-nos
conscientemente e continuamente, o que, para a maioria de nós,
provavelmente pode ser muito desgastante. Numa primeira fase do
processo, esta estratégia de identificar os estímulos negativos e interromper
os comportamentos dai decorrentes, efetiva-se como útil, principalmente porque
habituamo-nos a saber detetar os hábitos que desejamos substituir. Mas, numa
segunda fase, é importante, conscientemente implementar os hábitos positivos
por substituição dos negativos, ao longo do tempo, para que eventualmente
possam tornar-se tão automáticos como os que se pretendem abolir.
A reter: A substituição de pensamentos, sentimentos ou hábitos
negativos e/ou prejudiciais, é uma decisão que depende de si mesmo, depende da
sua força de
vontade para seguir as
estratégias que permitem implementar os novos hábitos que facilitarão a
obtenção dos resultados pretendidos. Acredite em si, monitorize-se, escolha em
consciência e execute as ações necessárias para ser bem sucedido. Você é capaz!
E VOCÊ, O QUE TEM OU NÃO TEM FEITO QUE O IMPEDE DE DAR UM
NOVO RUMO À SUA VIDA?
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connosco as suas dificuldades que o impedem de obter aquilo que tanto deseja na
sua vida. Deixe o seu comentário!
Abraço

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