Símbolo de poder,
domínio e virilidade, o pênis sempre ocupou posição de relevância na cultura de
praticamente todas as civilizações, sendo inegável o fascínio que exerce sobre
a humanidade desde os tempos mais remotos. As diversas representações sobre o órgão
sexual masculino formaram um imaginário tão poderoso que ultrapassou o senso
comum e tornou-se objeto de estudo da ciência.
Elemento
fundamental na construção da identidade masculina, a forma como o pênis é visto
no contexto sociofamiliar e a percepção que o homem tem do valor atribuído a
sua posse determinam o desenvolvimento de sua estrutura psicossexual. Para o
jornalista americano David M. Friedman, o pênis é o órgão definidor do sexo
masculino, pois constitui a mais evidente diferença física entre homens e
mulheres. É a presença ou ausência dessa parte do corpo que, ainda no período
da gestação, define não apenas o sexo, mas também como todos os demais passarão
a interagir com a criança que está por vir. No caso do menino, grande atenção é
dada a seus genitais desde a confirmação do sexo. Tal referência lança as
sementes para que, no futuro, ele perceba que tem algo de muito valor: seu
pênis. Já quando se trata de uma menina, não há interesse algum por seus
genitais; ao contrário, seu sexo é identificado pela ausência do pênis. Segundo
a teoria psicanalítica, o desenvolvimento sexual infantil ocorre em três fases:
oral, anal e fálica. Antes de atingir a fase adulta ou genital, a criança passa
por um período de latência, que se estende até a puberdade. Nas fases oral e
anal não existe qualquer diferenciação no desenvolvimento de meninos e meninas,
enquanto na fálica, por volta dos 3 anos de idade, há um direcionamento da
libido para os genitais.
Nessa etapa as
diferenças entre os sexos chamam muito a atenção das crianças e é fácil
compreender por que, para elas, pode parecer natural que à menina falte algo em
vez de ter um corpo diferente, pois, se o pênis é um órgão externo, de fácil
visualização, a vagina caracteriza-se como uma parte interna e, consequentemente,
não pode ser vista. De acordo com a teoria freudiana, a compreensão infantil é
de que o homem tem algo que falta à mulher, sendo natural a associação de certa
superioridade dele sobre ela. Ter pênis é entendido como atributo de valor dos
meninos e elemento fundamental da identidade masculina. É na fase fálica que os
modelos de relação entre homens e mulheres são organizados, e o menino (no
caso, o futuro heterossexual, objeto deste artigo) tem no sexo oposto a
obtenção de satisfação de seus desejos. O fato de a mãe ser responsável pela
sobrevivência do filho e atender não apenas a suas necessidades fisiológicas,
mas também afetivas, leva o menino a elegê-la como objeto de seu desejo. É por
meio do contato com ela que o garoto tem as primeiras vivências
afetivo-sexuais, alicerces para futuras relações com a figura feminina. É muito
comum ouvirmos um filho dizendo ser o namorado da mamãe, concretizando, nessa
fala, o desejo de ter a mãe só para si. Mas há um impedimento para a realização
dessa fantasia infantil, pois essa mulher já tem outro em sua vida: o pai, como
figura de autoridade, que impede o menino de ter a mãe como sua. Ao mesmo tempo
que é amado e tido como modelo no qual o filho pode se espelhar, é também o
grande rival, gerando sentimentos contraditórios de amor e ódio. O garoto
deseja a mãe e quer eliminar seu rival, mas teme ser punido com a castração,
configurando o que Freud denominou de complexo de Édipo, em referência à peça
Édipo rei , de Sófocles (496-405 a.C.). Segundo a teoria psicanalítica, ao
temer a castração, o menino reprime a atração sentida pela mãe, o que encerra,
assim, a etapa fálica da sexualidade infantil.
Nesse caso, o
garoto poderá identificar-se com a figura paterna e, no futuro, buscar para si
uma mulher para amar, desejar e, quem sabe, constituir a própria família. No
entanto, se essa etapa for assimilada de maneira negativa, o menino talvez se
sinta castrado em sua masculinidade e inseguro quanto a sua capacidade de
realizações no campo afetivo-sexual.
Todas as
experiências sexuais infantis deixarão profundas marcas na memória, algumas
conscientes, porém a maioria, inconscientes.
Fonte: Mente e Cérebro
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