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Você é daqueles que quer saber onde o ser amado está a
qualquer hora do dia? Fica nervoso quando ele não atende as ligações? Acha
absolutamente inadmissível a possibilidade de ele ir a uma festa sem você?
Há quem diga que um pouquinho de ciúme não faz mal à ninguém, que até dá
uma apimentada no relacionamento. No entanto, é preciso calcular com
cuidado o peso desse "pouquinho" para que o ciúme não atrapalhe a
relação e se torne fonte de desentendimentos.
Não se pode confiar totalmente nem na própria sombra, já dizia o dito
popular e mantra dos ciumentos. No entanto, apesar de, em pequenas doses,
ser até bom para o relacionamento, o ciúme pode ser um atestado de problemas
com a própria autoestima. De acordo com a psicanalista Taty Ades,
"ciúme é uma incapacidade de controlar impulsos, autoestima e obter
confiança no parceiro. Em pequenas doses pode ser ótimo, pois estimula a
relação, visto que o parceiro se sentirá amado. Em dose normal o ciúme pode
até aumentar o desejo do casal. Quando não existe ciúme algum, o outro se
sente desmotivado, pois acredita que há falta de interesse".
Uma coisa é sentir aquela pontinha de ciúme quando a pessoa amada encontra
um amigo na rua. Outra é quando ele assume a forma de possessão. "Esse
sentimento é prejudicial à relação no momento em que passa a ser uma
possessividade. Quando ele deixa de ser normal e parte para esferas mais
amplas, o controle sobre o outro pode se tornar algo exagerado. É quando
começam as buscas em pertences pessoais, paranoia de que o outro está
traindo (mesmo que não exista evidência alguma). Nesses casos, o ciúme pode
se tornar realmente uma doença e o outro se sentirá sufocado e até
receoso", diz Taty.
A maturidade, apesar de trazer confiança, também traz insegurança. Afinal,
tudo que se vê na mídia como padrão de beleza são pessoas jovens,
descoladas, magras. A psicanalista considera ainda que "não há
evidencias de que o ciúme diminua com o passar dos anos. A maturidade
pode trazer a desconfiança de que o outro esteja buscando alguém mais
jovem, mais dinâmico, melhor na cama. Ou seja, tudo isso acontecerá se a
pessoa madura não estiver segura com o parceiro, mas principalmente se não
estiver segura consigo mesma. A pessoa madura, atualmente, por ter acesso
fácil a sites de encontros, pode sentir ainda mais ciúme do parceiro. Ainda
mais quando se depara com o comportamento dos jovens com relação ao sexo,
muito mais livre".
"Eu não sou ciumento". Essa frase, típica dos homens, não
significa que eles sejam menos inseguros do que as mulheres, que tendem a
mostrar, em um volume muito mais alto, quando estão desconfortáveis com
alguma situação. "Elas apenas demonstram mais, são mais impulsivas. O
homem é capaz de guardar o sentimento por anos, mas estará sentindo
da mesma forma. Quando o parceiro for ciumento além do normal é preciso ter
um bom diálogo com ele, e, se necessário, um processo terapêutico. Pode ser
legal procurar uma terapia, pois a pessoa ciumenta terá que enfrentar seus
medos e paranoias e compreender o porquê de tanta insegurança em relação ao
outro", pondera Taty.
Quando o ciúme passa do ponto, no entanto, é preciso ficar atento para não
deixá-lo atrapalhar a relação. "Um ciúme exagerado é de fácil
percepção, é preciso prestar atenção nos seguintes pontos: excesso de
perguntas (onde você foi, por que demorou, com quem estava), início de uma
verdadeira 'busca' de vestígios (descobrir senhas, mexer em bolsos, bolsas,
etc.), paranoia constante (o que o outro fala nunca será o suficiente para
acalmar o enciumado), a pessoa fica agitada, mais agressiva, pode perder o
foco no trabalho, ter insônias, pesadelos e até depressão. Quando se começa
a observar esses sintomas, quer dizer que já é hora de procurar ajuda
especializada", conclui a psicanalista.
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