CONHECENDO O INIMIGO
No passado, o transtorno
bipolar era conhecido pelo nome de psicose maníaco-depressiva, uma doença
psiquiátrica caracterizada por alternância de fases de depressão e de
hiperexcitabilidade ou mania. Nesta fase, a pessoa apresenta modificações na
forma de pensar, agir e sentir e vive num ritmo acelerado, assumindo
comportamentos extravagantes como sair comprando compulsivamente tudo o que vê
pela frente, ou então investindo em empreendimentos acreditando que renderão
lucros vertiginosos de ou envolvendo-se em experiências perigosas sem
levar em conta o mal que podem causar.
Sabe-se que os transtornos
bipolares estão associados a algumas alterações funcionais do cérebro, que
possui áreas fundamentais para o processamento de emoções, motivação e
recompensas. É o caso do lobo pré-frontal e da amígdala, uma estrutura central
que possibilita o reconhecimento das expressões fisionômicas e das tonalidades
da voz. Junto dela, está o hipocampo que é de vital importância para a memória.
A proximidade dessas duas áreas explica por que não se perdem as lembranças de
grande conteúdo emocional. Por isso, jamais nos esquecemos de acontecimentos
que marcaram nossas vidas, como o dia do casamento, do nascimento dos filhos ou
do lugar onde estávamos quando o Brasil ganhou o campeonato mundial de futebol.
Outro componente envolvido
com os transtornos bipolares é a produção de serotonina no tronco-cerebral (o
cérebro arcaico), uma substância imprescindível para o funcionamento harmonioso
do cérebro.
DISCUTINDO A NOMENCLATURA
Drauzio – Por que, nos anos 1980, a
antiga psicose maníaco-depressiva passou a chamar-se transtorno bipolar?
Valentim Gentil Fº – Analisando separadamente os elementos que compõem esse nome, pode-se dizer que a palavra psicose carrega a conotação de estigma, isto é, de marca infamante, vergonhosa. Maníaco, por sua vez, é um termo técnico derivado do grego e significa loucura. De fato, na fase de hiperexcitabilidade, o indivíduo é o estereótipo do louco, já que suas atitudes destoam, e muito, do padrão normal de seu comportamento. Depressivo era o termo mais brando dos três e que menos impacto causava. Por isso, considerou-se que a expressão psicose maníaco-depressiva era pesada demais para designar uma doença que, de certa forma, não era tão terrível quanto o nome fazia supor. Na verdade, trata-se de um transtorno de humor que oscila entre o polo da euforia, da mania ou da hipomania, do qual faz parte esse comportamento excitado e desorganizado, e o polo da depressão, retomando a pessoa depois o equilíbrio sem grandes prejuízos comportamentais nem na integração das emoções e dos pensamentos.
Valentim Gentil Fº – Analisando separadamente os elementos que compõem esse nome, pode-se dizer que a palavra psicose carrega a conotação de estigma, isto é, de marca infamante, vergonhosa. Maníaco, por sua vez, é um termo técnico derivado do grego e significa loucura. De fato, na fase de hiperexcitabilidade, o indivíduo é o estereótipo do louco, já que suas atitudes destoam, e muito, do padrão normal de seu comportamento. Depressivo era o termo mais brando dos três e que menos impacto causava. Por isso, considerou-se que a expressão psicose maníaco-depressiva era pesada demais para designar uma doença que, de certa forma, não era tão terrível quanto o nome fazia supor. Na verdade, trata-se de um transtorno de humor que oscila entre o polo da euforia, da mania ou da hipomania, do qual faz parte esse comportamento excitado e desorganizado, e o polo da depressão, retomando a pessoa depois o equilíbrio sem grandes prejuízos comportamentais nem na integração das emoções e dos pensamentos.
De qualquer modo, a palavra
psicose não era de todo descabida porque, durante a crise, algumas pessoas
ficam realmente psicóticas, ou seja, apresentam uma afecção muito grave da
psique com alucinações e delírios, o grau extremo desse transtorno de humor. A
partir do momento, porém, em que essa afecção grave recebe tratamento eficaz e
adequado, o quadro torna-se benigno a tal ponto que é possível conviver com
pessoas portadoras de transtorno bipolar de humor sem identificar o problema.
A mudança de nomenclatura
ocorreu, então, para diminuir o estigma e para estabelecer distinção entre esse
tipo de transtorno e as depressões unipolares que nunca evoluem para a fase de
euforia, de mania ou hipomania. Além disso, essa distinção foi importante para
verificar se biologicamente as patologias eram diferentes e, portanto, exigiam
condutas especiais de tratamento.
EUFORIA PATOLÓGICA
Drauzio – Todos atravessamos na vida
fases de grande euforia e de grandes tristezas. Como diferenciar o quadro
normal do patológico?
Valentim Gentil Fº – Em psiquiatria, os termos ainda não atingiram a especificidade necessária. Por exemplo, etimologicamente, a palavra euforia quer dizer humor normal, bom humor. Se o indivíduo está eufórico no carnaval, no dia do aniversário ou porque ganhou um prêmio ou um campeonato, isso nada tem de anormal nem de patológico. O que chama a atenção é a desproporção entre as circunstâncias e as reações, ou seja, o comportamento é desproporcional aos fatos ou inadequado ao ambiente. A pessoa está alegre e eufórica, quando nada ao redor justifica tais sentimentos. Como sua autocrítica está comprometida, age como se estivesse (e não está) sob o efeito do álcool ou de drogas. Seu pensamento fica acelerado e desorganiza-se de tal modo que os assuntos surgem em tumulto e é difícil acompanhar sua linha de raciocínio.
Valentim Gentil Fº – Em psiquiatria, os termos ainda não atingiram a especificidade necessária. Por exemplo, etimologicamente, a palavra euforia quer dizer humor normal, bom humor. Se o indivíduo está eufórico no carnaval, no dia do aniversário ou porque ganhou um prêmio ou um campeonato, isso nada tem de anormal nem de patológico. O que chama a atenção é a desproporção entre as circunstâncias e as reações, ou seja, o comportamento é desproporcional aos fatos ou inadequado ao ambiente. A pessoa está alegre e eufórica, quando nada ao redor justifica tais sentimentos. Como sua autocrítica está comprometida, age como se estivesse (e não está) sob o efeito do álcool ou de drogas. Seu pensamento fica acelerado e desorganiza-se de tal modo que os assuntos surgem em tumulto e é difícil acompanhar sua linha de raciocínio.
Drauzio – Dê um exemplo para ficar mais
claro.
Valentim Gentil Fº – Existe um filme em que uma das personagens, Mr. Jones, assume o comportamento típico desses pacientes. Nas crises de euforia, os portadores de transtorno bipolar apresentam menor necessidade de sono. Mr. Jones levantava-se às 4h da manhã e, sem se incomodar com o descanso alheio, ligava o rádio bem alto como se as atividades por ele programadas para aquele dia interessassem a todos. Noutros momentos, julgando-se dono de um poder extraordinário, subia no telhado certo de que poderia alçar voo. Nessas crises de agitação, mexia com as pessoas e falava tão depressa que ninguém conseguia acompanhar seu pensamento. Às vezes, apesar da genialidade aparente, expunha-se a riscos desnecessários e descabidos.
Valentim Gentil Fº – Existe um filme em que uma das personagens, Mr. Jones, assume o comportamento típico desses pacientes. Nas crises de euforia, os portadores de transtorno bipolar apresentam menor necessidade de sono. Mr. Jones levantava-se às 4h da manhã e, sem se incomodar com o descanso alheio, ligava o rádio bem alto como se as atividades por ele programadas para aquele dia interessassem a todos. Noutros momentos, julgando-se dono de um poder extraordinário, subia no telhado certo de que poderia alçar voo. Nessas crises de agitação, mexia com as pessoas e falava tão depressa que ninguém conseguia acompanhar seu pensamento. Às vezes, apesar da genialidade aparente, expunha-se a riscos desnecessários e descabidos.
Em geral, as famílias logo
percebem que alguma coisa mudou e a pessoa também pode notar a diferença. Isso
é de extrema importância como sinal de alerta. Na medida em que o próprio
indivíduo e os familiares se dão conta dessa liberação exagerada de energia e
humor, algumas providências podem ser tomadas para reverter o quadro. Se,
porém, o problema passa despercebido ou é negado, as consequências podem ser
desastrosas. O frenesi e desorganização mental, depois de algumas semanas,
podem provocar um estado de exaustão perigoso e as pessoas mais idosas correm o
risco de descompensação metabólica ou de crises de hipertensão.
É importante repetir que,
apesar de bem no início a sensação de euforia, de prazer, de energia, de
percepção aguçada, inteligência viva e criatividade ser muito agradável, ela
pode representar perigo, chegando a constituir, no passado, uma das causas
importantes de mortalidade.
FATORES GENÉTICOS E AMBIENTAIS
Drauzio – Filhos de pessoas com
transtorno bipolar apresentam possibilidade maior de desenvolver essa
patologia?
Valentim Gentil Fº – Sabe-se, desde a Antiguidade, que a existência de um caso de transtorno bipolar numa família aumenta a possibilidade de que a enfermidade se manifeste em outros membros da mesma família. O desenvolvimento da genética permitiu analisar grande número de gêmeos nos quais a patologia torna-se mais evidente. Gêmeos idênticos, ou monozigóticos, possuem genoma absolutamente igual, mas apenas em 80% dos casos os dois irmãos apresentam quadros de euforia e depressão. Embora a porcentagem seja elevada, 20% não manifestam o problema. Cabe perguntar, então, se fatores extragenéticos interferem nesse resultado. Sim e não. Uma vez que ninguém expressa seu genoma completamente, pode-se deduzir que, apesar da carga genética idêntica, só num dos gêmeos ela encontrou as condições necessárias para o desenvolvimento da patologia que certamente depende da interação de tais fatores com o ambiente. Não se pode deixar de considerar também que, além da predisposição e vulnerabilidade geneticamente determinadas, certas situações contribuem para a eclosão ou precipitação do problema.
Valentim Gentil Fº – Sabe-se, desde a Antiguidade, que a existência de um caso de transtorno bipolar numa família aumenta a possibilidade de que a enfermidade se manifeste em outros membros da mesma família. O desenvolvimento da genética permitiu analisar grande número de gêmeos nos quais a patologia torna-se mais evidente. Gêmeos idênticos, ou monozigóticos, possuem genoma absolutamente igual, mas apenas em 80% dos casos os dois irmãos apresentam quadros de euforia e depressão. Embora a porcentagem seja elevada, 20% não manifestam o problema. Cabe perguntar, então, se fatores extragenéticos interferem nesse resultado. Sim e não. Uma vez que ninguém expressa seu genoma completamente, pode-se deduzir que, apesar da carga genética idêntica, só num dos gêmeos ela encontrou as condições necessárias para o desenvolvimento da patologia que certamente depende da interação de tais fatores com o ambiente. Não se pode deixar de considerar também que, além da predisposição e vulnerabilidade geneticamente determinadas, certas situações contribuem para a eclosão ou precipitação do problema.
Drauzio - Quais os fatores ambientais
mais importantes?
Valentim Gentil Fº – As evidências indicam que, nos últimos anos, cresceu a incidência desses quadros. Será que aprendemos a diagnosticá-los melhor? Pouco provável, pois algumas descrições do transtorno bipolar datam de 2.500 anos atrás, época em que os termos mania e melancolia já eram empregados. Por outro lado, descrições de médicos, no início da era cristã, são idênticas às que encontramos hoje nos melhores livros de psiquiatria.
Valentim Gentil Fº – As evidências indicam que, nos últimos anos, cresceu a incidência desses quadros. Será que aprendemos a diagnosticá-los melhor? Pouco provável, pois algumas descrições do transtorno bipolar datam de 2.500 anos atrás, época em que os termos mania e melancolia já eram empregados. Por outro lado, descrições de médicos, no início da era cristã, são idênticas às que encontramos hoje nos melhores livros de psiquiatria.
Por que, então, a prevalência
de uma doença tão robusta e evidente, tão antiga e bem descrita, está
aumentando? Uma das possibilidades é que alguns acontecimentos e atitudes podem
precipitar a ocorrência de distúrbios do humor. Hoje, estamos submetidos a uma
carga maior de estresse, dormimos menos e consumimos mais substâncias lícitas e
ilícitas que interferem no humor. Quer um exemplo? O uso de remédios para
emagrecer ou de cafeína é mais frequente e maior agora do que era no passado.
Outro exemplo? O puerpério é
uma fase em que é maior o risco de surgirem quadros de depressão e euforia.
Para as mulheres, as explicações são muitas: oscilação dos hormônios, parto,
nascimento do bebê. Como explicar, porém, a manifestação da doença nos maridos?
Certamente, a emoção, a privação do sono, a expectativa, a atmosfera festiva do
nascimento desencadeiam a crise, confirmando que a interação de fatores
ambientais, constitucionais e genéticos é de extrema importância.
Ninguém deve viver numa redoma,
mas, se as pessoas levassem em conta que o sistema nervoso é bastante delicado
e precisa ser tratado com respeito, talvez a incidência de casos de transtorno
afetivo fosse menor do que é atualmente.
Drauzio – Existe relação clara entre o
uso de cafeína e o transtorno bipolar?
Valentim Gentil Fº – O uso excessivo de cafeína pode produzir convulsão e algumas pessoas ingerem, todos os dias, quantidades absurdas dessa substância. Cheguei a conhecer uma que tomava 14 litros de coca-cola num único dia e era difícil distinguir seu comportamento do de um indivíduo com transtorno bipolar.
Valentim Gentil Fº – O uso excessivo de cafeína pode produzir convulsão e algumas pessoas ingerem, todos os dias, quantidades absurdas dessa substância. Cheguei a conhecer uma que tomava 14 litros de coca-cola num único dia e era difícil distinguir seu comportamento do de um indivíduo com transtorno bipolar.
E para que as pessoas usam
cafeína? Para ficarem acordadas, com mais energia e ânimo, mais alerta.
Trata-se, então, de um agente externo, consumido como se fosse alimento, que
estimula o humor. No que se refere às drogas ilícitas (cocaína, crack,
anfetaminas), seu uso aumenta o risco de desenvolver a primeira crise, assim
como aumenta a frequência das recorrências, que tendem a tornar-se autônomas,
fenômeno já apontado na Antiguidade.
IMPORTÂNCIA DP DIAGNÓSTICO PRECOCE
Drauzio – O diagnóstico de transtorno
bipolar em crianças e adolescentes, pouco frequente no passado, cresceu
bastante nos últimos tempos. O que justifica essa mudança?
Valentim Gentil Fº – Trabalho com transtorno do humor desde que me formei, há 32 anos, e só me dei conta de que ele pode manifestar-se na infância há cerca de 10 anos. Por circunstâncias diversas, os psiquiatras de adultos receberam menor
treinamento em psiquiatria infantil, uma área na qual ainda predominam conceitos talvez já superados. Por isso, os casos de transtorno bipolar ficavam mais evidentes na adolescência quando, em geral, era feito o diagnóstico. No entanto, se enfocarmos a história desses adolescentes e ouvirmos seus pais, encontraremos evidências muito precoces de alteração de humor, irritabilidade, distúrbio do sono e hiperatividade. Hoje, está em voga atribuir tais sintomas apenas aos distúrbios de atenção e à hiperatividade (TDAH) e existem programas inteiros dedicados ao reconhecimento e tratamento dessas manifestações. Em muitas crianças, porém, eles podem estar relacionados com o transtorno bipolar, particularmente se a frequência dessa patologia é alta na família.
Essa visão tornou-se tão importante que existe um site [www.bpkids.org] por meio do qual os parentes chamam a atenção de médicos, psicólogos e professores para o comportamento conturbado dessas crianças que mudam de humor várias vezes num mesmo dia.
Valentim Gentil Fº – Trabalho com transtorno do humor desde que me formei, há 32 anos, e só me dei conta de que ele pode manifestar-se na infância há cerca de 10 anos. Por circunstâncias diversas, os psiquiatras de adultos receberam menor
treinamento em psiquiatria infantil, uma área na qual ainda predominam conceitos talvez já superados. Por isso, os casos de transtorno bipolar ficavam mais evidentes na adolescência quando, em geral, era feito o diagnóstico. No entanto, se enfocarmos a história desses adolescentes e ouvirmos seus pais, encontraremos evidências muito precoces de alteração de humor, irritabilidade, distúrbio do sono e hiperatividade. Hoje, está em voga atribuir tais sintomas apenas aos distúrbios de atenção e à hiperatividade (TDAH) e existem programas inteiros dedicados ao reconhecimento e tratamento dessas manifestações. Em muitas crianças, porém, eles podem estar relacionados com o transtorno bipolar, particularmente se a frequência dessa patologia é alta na família.
Essa visão tornou-se tão importante que existe um site [www.bpkids.org] por meio do qual os parentes chamam a atenção de médicos, psicólogos e professores para o comportamento conturbado dessas crianças que mudam de humor várias vezes num mesmo dia.
Drauzio - Nesse ponto, elas são
diferentes dos adultos que apresentam ciclos de depressão e hiperatividade mais
longos.
Valentim Gentil Fº – É verdade, nos adultos os ciclos são mais longos e chama-se ciclagem rápida quando se repetem quatro vezes num ano, sinal de maior gravidade e complexidade do quadro. Imagine, agora, uma criança que apresente 1500 ciclos por ano, porque mais de quatro ela pode ter facilmente num dia. Essa criança de comportamento imprevisível, inquieta física e mentalmente, não tem distúrbio de atenção, tem transtorno bipolar. Por isso, se não distinguirmos a criança apenas rebelde e desafiadora da que tem um temperamento desfavorável, hostil e irritado, porque é portadora de transtorno de humor bipolar, e quisermos educá-la com severidade exagerada, ela reagirá negativamente. Esse transtorno requer tratamento adequado. Provavelmente, na história da humanidade, muita gente com predisposição para a doença e que manifestou um distúrbio de personalidade muito grave, se tivesse sido atendida de modo conveniente, teria desenvolvido uma forma mais branda da enfermidade.
Valentim Gentil Fº – É verdade, nos adultos os ciclos são mais longos e chama-se ciclagem rápida quando se repetem quatro vezes num ano, sinal de maior gravidade e complexidade do quadro. Imagine, agora, uma criança que apresente 1500 ciclos por ano, porque mais de quatro ela pode ter facilmente num dia. Essa criança de comportamento imprevisível, inquieta física e mentalmente, não tem distúrbio de atenção, tem transtorno bipolar. Por isso, se não distinguirmos a criança apenas rebelde e desafiadora da que tem um temperamento desfavorável, hostil e irritado, porque é portadora de transtorno de humor bipolar, e quisermos educá-la com severidade exagerada, ela reagirá negativamente. Esse transtorno requer tratamento adequado. Provavelmente, na história da humanidade, muita gente com predisposição para a doença e que manifestou um distúrbio de personalidade muito grave, se tivesse sido atendida de modo conveniente, teria desenvolvido uma forma mais branda da enfermidade.
Oassunto é tão importante que a revista Time destacou o transtorno bipolar na
infância como matéria de capa na edição do dia 19 de setembro de 2002.
TRANSTORNO BIPOLAR E CRIATIVIDADE
Drauzio – Edgar Allan Poe, Van Gogh,
Schuman, Churchill, grandes homens da história e das artes, tinham transtorno
bipolar. Qual a relação entre a criatividade e essa doença?
Valentim Gentil Fº – Interessante que essa relação entre transtorno bipolar de humor –euforia e melancolia – e criatividade já era abordada por Aristóteles que indagava (pelo menos, a pergunta é atribuída a ele) por que tantos homens ilustres da filosofia, da matemática e das artes apresentavam essa característica. De acordo com alguns depoimentos, estados depressivos favorecem a percepção de um universo que em estado normal seria impossível apreender e a euforia estimula a criatividade. No entanto, pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, sugerem que essa hipótese não é verdadeira. Elas apontam que, na maioria dos casos, a criatividade é uma característica genética encontrada também nos parentes próximos que não são doentes .
Valentim Gentil Fº – Interessante que essa relação entre transtorno bipolar de humor –euforia e melancolia – e criatividade já era abordada por Aristóteles que indagava (pelo menos, a pergunta é atribuída a ele) por que tantos homens ilustres da filosofia, da matemática e das artes apresentavam essa característica. De acordo com alguns depoimentos, estados depressivos favorecem a percepção de um universo que em estado normal seria impossível apreender e a euforia estimula a criatividade. No entanto, pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, sugerem que essa hipótese não é verdadeira. Elas apontam que, na maioria dos casos, a criatividade é uma característica genética encontrada também nos parentes próximos que não são doentes .
Quem estudou esse tema de
forma bastante original foi Kay Jamison, uma psicóloga portadora de transtorno
bipolar e uma das personalidades mais conhecidas na área. Em seu livro
autobiográfico “Uma mente inquieta”, publicado há alguns anos e traduzido para
o português, a autora relata que só se acertou na vida quando se deu conta do
que tinha e pôde tomar medidas preventivas e de precaução, como tomar lítio, que
evitassem as crises.
Em outro livro, “Touched
with Fire”, ainda não traduzido para o português, ela analisa a
biografia de grandes líderes políticos, religiosos, militares, intelectuais e
artistas e registra o que falavam e sentiam nos momentos de depressão e de
euforia. Um escritor inglês, por exemplo, julgava a depressão não uma
inspiração dos deuses, mas uma poeira que recobria o cérebro. Van Gogh, que se
matou aos 37 anos com um tiro no peito, atravessava um período de extrema
melancolia quando pintou seu último quadro – corvos num campo de trigo. No
verão daquele mesmo ano, atravessando uma fase de grande euforia, o tema de um
quadro psicodélico é uma fantástica noite estrelada.
Diante das possibilidades de
tratamento que existem hoje, teria sido oferecido a Van Gogh, no mínimo, o
direito de optar se desejava continuar pintando obras-primas nos estados de
euforia e depressão ou se preferia tomar lítio, acalmar as crises e não correr
o risco de morrer precocemente.
Drauzio – Que opções você me ofereceria
se, na situação de Van Gogh, eu preferisse continuar pintando quadros
magníficos, apesar dos inconvenientes das crises, a ser tratado e perder a
inspiração?
Valentim Gentil Fº – Eu lhe ofereceria minha amizade e compaixão. Foi o que fez o dr. Gachet, grande pintor e médico de Van Gogh, que só contava com o Digitallis para cuidar do amigo. Dizem até que Van Gogh usou tanto o amarelo em suas obras, porque tomou esse remédio em demasia.
Valentim Gentil Fº – Eu lhe ofereceria minha amizade e compaixão. Foi o que fez o dr. Gachet, grande pintor e médico de Van Gogh, que só contava com o Digitallis para cuidar do amigo. Dizem até que Van Gogh usou tanto o amarelo em suas obras, porque tomou esse remédio em demasia.
Vale considerar que o dr.
Gachet não tinha outra opção de tratamento naquela época e o resultado foi a
perda de um grande gênio. Hoje, no entanto, ele poderia propor várias
alternativas de tratamento. Será que Van Gogh escolheria continuar pintando no
estado psicótico que o levou a cortar uma orelha e a dar um tiro no peito, ou
preferiria pintar em estado normal, controlando formas e pincel do jeito
maravilhoso que sabia fazer? Para tanto, bastava que concordasse em tomar
lítio. Talvez nas primeiras semanas, até acertar a dosagem adequada para seu
organismo, seu desempenho em alguma área caísse um pouco, mas o risco de
suicídio ficaria sete vezes menor com o tratamento.
POSSIBILIDADES DE TRATAMENTO
Drauzio - Há tratamentos eficazes para o
transtorno bipolar atualmente?
Valentim Gentil Fº – Há tratamentos tão eficazes quanto os existentes em qualquer outra área da medicina. Sua aplicação possibilita, em poucas semanas, reverter um quadro grave de euforia. A doença não tem cura, mas as pessoas melhoram, recebem alta e reassumem suas atividades. Se não se expuseram demais e não ficaram estigmatizadas pelo comportamento aberrante, serão acolhidas como alguém que teve um desequilíbrio metabólico qualquer ou uma ausência provocada pela ingestão de drogas. Isso se consegue com medicamentos (neurolépticos, antipsicóticos, estabilizadores do humor) e a retirada de certas substâncias (cafeína, cocaína, anfetaminas) que agravam o quadro. O risco de recaída ou de evoluir para depressão existe e é preciso estar atento ao uso de medicamentos antidepressivos que, embora eficazes, podem precipitar uma virada indesejável para a euforia ou acelerar a frequência das crises.
Valentim Gentil Fº – Há tratamentos tão eficazes quanto os existentes em qualquer outra área da medicina. Sua aplicação possibilita, em poucas semanas, reverter um quadro grave de euforia. A doença não tem cura, mas as pessoas melhoram, recebem alta e reassumem suas atividades. Se não se expuseram demais e não ficaram estigmatizadas pelo comportamento aberrante, serão acolhidas como alguém que teve um desequilíbrio metabólico qualquer ou uma ausência provocada pela ingestão de drogas. Isso se consegue com medicamentos (neurolépticos, antipsicóticos, estabilizadores do humor) e a retirada de certas substâncias (cafeína, cocaína, anfetaminas) que agravam o quadro. O risco de recaída ou de evoluir para depressão existe e é preciso estar atento ao uso de medicamentos antidepressivos que, embora eficazes, podem precipitar uma virada indesejável para a euforia ou acelerar a frequência das crises.
Em se tratando do lítio, o
incrível é que os médicos do Império Romano encaminhavam seus pacientes com
mania e melancolia para uma estação de águas ricas em lítio. Mesmo
desconhecendo a existência dessa substância, haviam percebido que ali eles
reagiam melhor do que noutras termas. Outro ponto importante é que o lítio é
uma substância tóxica presente em doses bem baixas no organismo. Usado em doses
adequadas, porém, é capaz de reverter os quadros de euforia e evitar as
recorrências. Tomando lítio, os pacientes podem levar vida normal e dar asas à
criatividade.
Drauzio – A pessoa precisa sempre estar
medicada para levar vida normal?
Valentim Gentil Fº – Por quanto tempo a pessoa deve tomar lítio para levar vida normal é discussão constante na literatura. Nos EUA, existe um centro de informações do qual constam 35.000 artigos que tratam da utilização do lítio nos mais diferentes campos, entre eles, a prevenção da recorrência dos transtornos bipolares. Além disso, está provado que a associação do lítio com anticonvulsivantes e antidepressivos previne recaídas. O lastimável, porém, é que apenas uma parcela pequena da população tenha acesso a esse tratamento.
Valentim Gentil Fº – Por quanto tempo a pessoa deve tomar lítio para levar vida normal é discussão constante na literatura. Nos EUA, existe um centro de informações do qual constam 35.000 artigos que tratam da utilização do lítio nos mais diferentes campos, entre eles, a prevenção da recorrência dos transtornos bipolares. Além disso, está provado que a associação do lítio com anticonvulsivantes e antidepressivos previne recaídas. O lastimável, porém, é que apenas uma parcela pequena da população tenha acesso a esse tratamento.
Drauzio – O problema talvez não seja
apenas dificuldade de acesso, mas o número insuficiente de profissionais com
conhecimento e habilidade para lidar com essas drogas e atender tantos
pacientes, não é?
Valentim Gentil Fº – Esse é um problema mundial. Mesmo nos EUA, onde existem mais recursos, os residentes de psiquiatria não aprendem a usar lítio adequadamente. Segundo seus professores americanos, seria necessário que acompanhassem a evolução dos pacientes durante seis meses ou um ano, para inteirar-se das nuances do tratamento porque o lítio é tóxico e, se não for usado direito, não funciona. Como isso não é possível, eles preferem treinar os residentes para usar anticonvulsivantes que, na maioria dos casos, são desnecessários, causam efeitos colaterais e, a longo prazo, não apresentam os bons resultados do lítio. Por paradoxal que pareça, nem mesmo tendo representado uma economia de 150 bilhões de dólares, porque a indicação do lítio no tratamento dos transtornos afetivos evitou internações, violência, suicídios, ele ainda não é usado adequada e regularmente nos EUA.
Valentim Gentil Fº – Esse é um problema mundial. Mesmo nos EUA, onde existem mais recursos, os residentes de psiquiatria não aprendem a usar lítio adequadamente. Segundo seus professores americanos, seria necessário que acompanhassem a evolução dos pacientes durante seis meses ou um ano, para inteirar-se das nuances do tratamento porque o lítio é tóxico e, se não for usado direito, não funciona. Como isso não é possível, eles preferem treinar os residentes para usar anticonvulsivantes que, na maioria dos casos, são desnecessários, causam efeitos colaterais e, a longo prazo, não apresentam os bons resultados do lítio. Por paradoxal que pareça, nem mesmo tendo representado uma economia de 150 bilhões de dólares, porque a indicação do lítio no tratamento dos transtornos afetivos evitou internações, violência, suicídios, ele ainda não é usado adequada e regularmente nos EUA.
No Brasil, infelizmente, não
existem programas de prevenção com o uso de lítio nem treinamento de residentes
a não ser em alguns centros universitários que possuem clínicas especializadas
em transtorno bipolar, como o Hospital das Clínicas, a Escola Paulista de
Medicina e algumas outras universidades paulistas e brasileiras. Diante da
dimensão do problema, existir um programa de prevenção deveria estar a cargo da
Saúde Pública.
TRANSTORNO BIPOLAR NA INFÂNCIA
Drauzio – Observando o comportamento dos
filhos, como os pais podem identificar sinais de transtorno bipolar?
Valentim Gentil Fº – Se, desde que nasceu, a criança apresenta um temperamento mais eufórico, é cheia de energia e criatividade, mas não perturba ninguém nem a si mesma, isso faz parte de sua personalidade, é normal e não deve ser coibido.
Valentim Gentil Fº – Se, desde que nasceu, a criança apresenta um temperamento mais eufórico, é cheia de energia e criatividade, mas não perturba ninguém nem a si mesma, isso faz parte de sua personalidade, é normal e não deve ser coibido.
Agora, se ela é instável
demais e repentinamente oscila entre a euforia e a depressão, a apatia e a
hiperatividade, se nada justifica seu estado de excitação e euforia, a falta de
sono, a empolgação e há casos de transtorno bipolar ou mesmo de depressões
decorrentes na família, os pais devem procurar ajuda. O problema, porém, é o
risco de encontrar apenas quem dê explicações lógicas para o comportamento da
criança. A lógica pode explicar muita coisa, mas nem tudo o que é lógico é
normal. As professoras e orientadoras explicam o que acontece na escola e a
própria dinâmica familiar serve de explicação para o comportamento infantil.
Por isso, é sempre recomendado consultar um pediatra, embora infelizmente
muitos ainda não estejam preparados para reconhecer os sintomas do transtorno.
Na verdade, entre a manifestação dos primeiros sinais e o diagnóstico, às
vezes, transcorrem mais de dez anos.
TRANSTORNO BIPOLAR NA ADOLESCÊNCIA
Drauzio – Você disse que as crianças têm
múltiplos episódios de depressão e excitação num único dia e que, nos adultos,
a doença manifesta-se em ciclos bem mais longos. E na adolescência, o que
acontece?
Valentim Gentil Fº – Na adolescência, o quadro clínico costuma surgir a partir dos 15 anos e tem características muito diferentes das que se observam na infância. O pico de incidência, porém, ocorre entre 18 e 25 anos.
Valentim Gentil Fº – Na adolescência, o quadro clínico costuma surgir a partir dos 15 anos e tem características muito diferentes das que se observam na infância. O pico de incidência, porém, ocorre entre 18 e 25 anos.
É nesse período que, em
geral, os jovens estão sob maior estresse, mais inseguros e indefinidos,
violentamente bombardeados pelos hormônios. É também nesse período da vida que
se expõem mais a comportamentos de risco, a sexualidade explode e as drogas o
seduzem. É nesse período, portanto, que fatores ambientais, constitucionais e
genéticos interagem favorecendo a eclosão do transtorno bipolar.
Nessa fase, o diagnóstico é
mais fácil, porque se trata de um quadro descrito há 2.500 anos. É na infância
que a dificuldade se acentua. A tendência é reprimir a criança, tentar educá-la
à força ou atribuir a responsabilidade por seu comportamento inadequado aos
pais, aos irmãos, à escola ou aos amigos. O caso se complica ainda mais porque
não se tem certeza de que tais quadros de transtorno sejam biologicamente equivalentes,
isto é, se o aparecimento na infância é simplesmente a manifestação precoce de
uma patologia que iria acontecer mais tarde no adolescente ou no adulto, ou se
é algo mais intrincado do ponto de vista neurofisiológico.
É importante observar que o
transtorno de humor bipolar pode aparecer pela primeira vez em qualquer idade:
na criança, no adolescente, no adulto ou no idoso. Nada impede que um indivíduo
de 60 anos, muito criativo, energético, envolvido em grandes projetos e intensa
atividade, de repente desencadeie o processo por um motivo qualquer. Isso
aconteceu com personalidades famosas de nossa história que tiveram o quadro
deflagrado, quando eram mais velhas, e só então descobriram que sua energia e
dinamismo tinham pontos em comum com a predisposição para a doença. Em vista
disso, independentemente da idade, quanto mais rápido ela for diagnosticada,
menos irá interferir na estruturação da personalidade das crianças, no caráter
do adolescente, nas relações profissionais e familiares do adulto e na imagem
do indivíduo com mais idade.
COMPORTAMENTO FAMILIAR
Drauzio – O que deve fazer a família
diante de um caso como esses?
Valentim Gentil Fº – Antes de tudo é preciso combater o medo, porque é ele que aparece primeiro. Depois, é tentar não agir agressivamente contra a pessoa na fase de euforia. No começo, ela é até engraçada, de pensamento ágil, criativa. Se os familiares não estiverem inseguros e temerosos, poderão convencê-la a procurar atendimento para um diagnóstico diferencial, a fim de eliminar possíveis causas imediatas da doença. Se a intervenção ocorrer em 48 ou 72 horas, praticamente não haverá prejuízo. O primeiro remédio que se receita hoje é uma visita a sites da internet especializados em informar as pessoas sobre a regulação do humor, porque isso é fundamental na manutenção do tratamento.
Valentim Gentil Fº – Antes de tudo é preciso combater o medo, porque é ele que aparece primeiro. Depois, é tentar não agir agressivamente contra a pessoa na fase de euforia. No começo, ela é até engraçada, de pensamento ágil, criativa. Se os familiares não estiverem inseguros e temerosos, poderão convencê-la a procurar atendimento para um diagnóstico diferencial, a fim de eliminar possíveis causas imediatas da doença. Se a intervenção ocorrer em 48 ou 72 horas, praticamente não haverá prejuízo. O primeiro remédio que se receita hoje é uma visita a sites da internet especializados em informar as pessoas sobre a regulação do humor, porque isso é fundamental na manutenção do tratamento.
Drauzio – Existe, no Brasil, alguma
associação de apoio a esses pacientes?
Valentim Gentil Fº – Existe a ABRATA, Associação Brasileira de Transtornos Afetivos, que tem site na internet. Essa associação congrega familiares, amigos e
portadores de transtorno do humor, tanto o da depressão quanto o bipolar, e é
importante na medida em que procura trocar informações e fornecer elementos
inclusive para os profissionais de saúde mental sobre a natureza e tratamento
adequado da doença.
Valentim Gentil Fº – Existe a ABRATA, Associação Brasileira de Transtornos Afetivos, que tem site na internet
Nos Estados Unidos, o órgão
equivalente à ABRATA conta com 500 sedes espalhadas pelo país e que prestam
serviço semelhante ao da associação brasileira.
SEU FILHO É BIPOLAR?
Não existem testes padronizados para transtorno bipolar, mas
esta lista, adaptada do livro “The
Bipolar Child”, pode ajudá-lo a reconhecer alguns sinais de alerta.
Assinale os comportamentos que seu filho atualmente apresenta ou apresentou no
passado. Se você assinalar mais de 20 itens, ele deveria ser examinado por um
profissional da área.
Seu filho:
1- Fica aflito demais quando
separado da família;
2- Demonstra ansiedade ou
preocupação excessiva;
3- Tem dificuldade para
levantar-se pela manhã;
4- Fica hiperativo e
excitável à tarde;
5- Tem sono agitado ou
dificuldade para conciliar o sono;
6- Tem terror noturno ou
acorda muitas vezes no meio da noite;
7- Não consegue concentrar-se
na escola;
8- Tem caligrafia pobre;
9- Tem dificuldade em
organizar tarefas;
10- Tem dificuldade em fazer
transições;
11- Reclama de sentir-se
aborrecido;
12- Tem muitas ideias ao
mesmo tempo;
13- É muito intuitivo ou
muito criativo;
14- Distrai-se facilmente com
estímulos externos;
15- Tem períodos em que fala
excessiva e muito rapidamente;
16- É voluntarioso e recusa-se
a ser subordinado;
17- Manifesta períodos de
extrema hiperatividade;
18- Tem mudanças de humor
bruscas e rápidas;
19- Tem estados de humor
irritável;
20- Tem estados de humor
vertiginosamente alegres ou tolos;
21- Tem ideias exageradas
sobre si mesmo ou suas habilidades;
22- Exibe um comportamento
sexual inapropriado;
23- Sente-se facilmente
criticado ou rejeitado;
24- Tem pouca iniciativa;
25- Tem períodos de pouca
energia, ou alheamento, ou se isola;
26- Tem períodos de dúvida
sobre si mesmo ou de baixa estima;
27- Não tolera demoras ou
atrasos;
28- Persegue obstinadamente
suas próprias necessidades;
29- Discute com adultos ou é
mandão;
30- Desafia ou se recusa a
cumprir regras;
31- Culpa os outros por seus
erros;
32- Enerva-se facilmente
quando as pessoas impõem limites;
33- Mente para evitar as
consequências de seus atos;
34- Tem acessos de raiva ou
fúria explosivos e prolongados;
35- Tem destruído bens
intencionalmente;
36- Insulta cruelmente com
raiva;
37- Calmamente faz ameaças
contra outros ou contra si mesmo;
38- Já fez claras ameaças de
suicídio;
39- É fascinado por sangue ou
coágulos;
40- Já viu ou ouviu
alucinações.
POSSIBILIDADES DE TRATAMENTO NA INFÂNCIA
Tratar crianças com
transtorno bipolar não é fácil, mas, atualmente, pelo menos é possível. O
primeiro passo, em geral, é prescrever medicamentos. Depois vem a psicoterapia
individual, a terapia familiar e as mudanças no estilo de vida.
RECURSOS TERAPÊUTICOS
Lítio – O
tradicional esteio, atenua os sintomas através da regulação dos neurotransmissores,
mas não funciona para todas as pessoas.
Medicamentos anticonvulsivantes – Inicialmente usados no tratamento da
epilepsia, esses medicamentos ajudam a controlar as crises de mania.
Antipsicóticos atípicos – Medicamentos utilizados para ajudar os esquizofrênicos
a vencerem os delírios podem fazer o mesmo pelos bipolares.
Antidepressivos –
Apresentam o risco de aumentar os ciclos do transtorno bipolar, mas seu uso
pode ser necessário como parte da associação de medicamentos.
Estilo de vida –
Rotinas como, por exemplo, a fixação dos horários de dormir e acordar, são
fundamentais; o uso de cafeína deve ser restringido e os adolescentes devem
evitar o uso de drogas e álcool.
Psicoterapia individual – Crianças precisam de aconselhamento
para ajudá-las a equilibrar o sono, a alimentação, o trabalho e a diversão;
precisam também falar sobre problemas em casa e resolver conflitos que possam
desencadear as crises.
Terapia familiar – Os
pais devem aprender quando ceder – isto é crucial no início do tratamento – e
quando devem ser firmes. Contendas ou disputas familiares devem ser reduzidas
ao mínimo. Os irmãos podem servir como olhos e ouvidos confiáveis para uma
criança cujas percepções estão confusas.
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