Viver sem sexo?
Entrevista do psicólogo Victor Dalla Nora para o portal Vila Mulher
1- É fato que cada casal tem uma frequência de relações sexuais, mas até que ponto é normal a correria do dia a dia reduzir a quantidade de relações? Qual o limite dessa interferência?
O limite da interferência depende da forma como o casal lida com esses fenômenos externos a relação, como os impasses do cotidiano, o desgaste físico, as preocupações, etc. Podemos pensar que algumas pessoas utilizam o sexo como forma de aliviar essas tensões; entretanto outras não conseguem se desvencilhar destas situações e tem seu desempenho sexual prejudicado, tanto por disfunções sexuais, como por sequer haver a tentativa do ato.
Diante disso, é normal que ocorra uma redução, entretanto é necessário refletir até que ponto isso é apenas uma diminuição na frequência (por essas questões externas) e não um distanciamento efetivo-afetivo do casal.
E há de haver auto-crítica para que a relação não se reduza a afazeres cotidianos e o desejo, massacrado pelo hábito, deixe de existir.
2- Existem casais que literalmente fogem do sexo. Em vez de investirem tempo nas
preliminares e carinhos, partem para a rapidinha e, às vezes, nem isso. Você pode citar algumas situações que podem exemplificar essa fuga?
Quando existem muitas desculpas que encubram e impossibilitem o coito, há alguma coisa que deve ser revista/repensada. E isso pode prejudicar o relacionamento do casal. Por exemplo: dores inventadas; desculpas de compromissos; problemas no trabalho; por a culpa nos filhos, ou seja,
sempre se joga a responsabilidade em algo externo, ou que fuja ao controle de um dos parceiros e que justifiquem o não ato sexual.
Se houver algo no parceiro que incomode, é importante conversar sobre isso. A questão é que há um moralismo muito grande no que diz respeito tanto às praticas quanto a discussão do sexo. E se torna tabu e as pessoas levam vidas sem uma efetiva realização sexual, porque muitas vezes fogem do assunto.
3- Já outros casais criam situações para tentar aguçar a aproximação e o desejo que acabam surtindo efeito contrário. Você pode indicar algumas situações que
exemplifiquem esses erros?
As surpresas são sempre válidas, mas se deve ter uma compreensão do parceiro. Não adianta propiciar uma situação que envolva praticas sexuais que o parceiro não aceite; ou ficar desapontado depois de um jantar romântico frustrado, não pela falta de entrega do parceiro, mas sim porque talvez, naquele dia ele estava cansado ou algo assim.
Friso que é sempre importante haver diálogo para saber quais são os limites, por onde começar, como inovar e assim se realizar.
4- De que forma o casal pode aumentar o desejo e a frequência no sexo? Quais dicas você daria?
Buscando inovar situações de convívio como, por exemplo, irem a ambientes que não costumam ir, terem jantares românticos, viajarem, terem algum cuidado com o corpo (sem exageros) e manterem a higiene, darem vazão as fantasias.
5- Outras considerações:
Sempre bom lembrar que uma vida sexual ativa é importantíssima no funcionamento de um casal. É interessante que os parceiros explorem/desvendem um ao outro para se conhecerem, e isso não apenas quanto ao corpo, mas com relação aos desejos mais secretos, aos quereres, as fantasias sexuais. É importante haver abertura, haver efetiva troca. O sexo não se dá apenas no momento do
ato.
Também é normal que com o tempo, a frequência sexual diminua e que o casal não se procure tanto como no tempo em que havia “um mundo para ser descoberto”. E mesmo que a freqüência não seja a mesma, não quer dizer que não se pode aproveitar as ocasiões sexuais ao máximo.
Psicólogo Victor Dalla Nora Araujo
CRP 06/104201
Leia abaixo a reportagem na integra:
Casais que fogem do sexo
O tempo que se tinha para alimentar as relações afetivas está cada vez mais curto. Com o dinamismo da sociedade moderna, os casais se veem cada vez menos e, quando chegam na cama, cansados de um dia estressante de trabalho e de trânsito intenso, pouco conversam e acabam pegando no sono antes mesmo de trocarem carícias.
A impressão que se tem hoje é que o sexo também entrou no ritmo contemporâneo. Assim, a rapidinha, que para alguns acontece de vez em quando para apimentar a relação, acaba virando solução para não deixar a intimidade passar em branco. Aspreliminares, a troca de olhares, o beijo apaixonado e o toque cuidadoso são esquecidos. É como se o casal fugisse do sexo demorado, calmo.
Segundo o psicoterapeuta Victor Dalla Nora Araujo é normal que com o tempo, a frequência sexual diminua e que o casal não se procure tanto como no tempo em que havia "um mundo para ser descoberto". Mas a partir do momento em existem muitas desculpas que encubram e impossibilitem o coito - dores inventadas, compromissos inesperados, problemas no trabalho, filhos - a relação a dois deve ser revista.
O psicólogo e sexólogo Paulo Bonança pensa que o casal costuma levar para a cama o que vivencia ao longo do dia. Caso ele tenha sido estressante e cansativo, provavelmente não haverá disponibilidade para investimento na relação. "As pessoas estão mais preocupadas, mais estressadas, demoram mais para se deslocar de um lugar a outro. Todos esses fatores podem impactar de alguma forma no relacionamento na cama".
Enquanto algumas pessoas utilizam o sexo como forma de aliviar as tensões do dia a dia, outras não conseguem se desvencilhar destas situações e têm seu desempenho sexual prejudicado, tanto por disfunções sexuais, como por sequer haver a tentativa do ato. Dr, Victor comenta: "Diante disso, é normal que ocorra uma redução, mas é necessário refletir até que ponto essa situação de deve às questões externas ou ao distanciamento efetivo-afetivo do casal"
Por conta dessa corrida constante contra o tempo os casais têm confundido qualidade com quantidade de sexo. Avaliando esse quadro, Dr. Paulo acredita que se os amantes não aproveitarem ao máximo o pouco tempo que dispõem para ficar juntos, na cama a relação tende a se desenrolar de maneira desfavorável. "O que acontece na cama também é reflexo de outras áreas afetivas. E é necessário saber como o casal circula por elas. "Ele namora? Troca abraço, o beijo? Investe em tempo para desfrutar da vida junto? O resultado dessas reflexões pode esclarecer o motivo pelo qual não existe mais a satisfação na cama", diz.
É importante lembrar que essas queixas precisam ser claramente anunciadas. Com o tempo, certos casais têm a mania de achar que um já sabe tudo o que se passa na cabeça do outro, pensamento que não é nenhum pouco correto. "Um precisa deixar claro para o outro o que está sentindo dentro da relação. Nenhuma parte da relação tem a obrigação de adivinhar que o outro está descontente", ressalta o sexólogo. "A questão é que há um moralismo muito grande no que diz respeito tanto às praticas de discussão do sexo. Desse modo, as pessoas levam vidas sem uma efetiva realização sexual, porque muitas vezes fogem do assunto", lamenta Dr. Victor.
Uma forma de reacender o desejo, na opinião de Dr. Bonança, é procurar retomar tudo de bom que aconteceu no começo da vida a dois. "O que eles faziam que já não fazem mais? Quais planos tinham no passado que ficaram esquecidos? Este exercício pode ser difícil, mas o casal precisa administrar melhor as atividades do dia e caminhar junto".
Dr. Victor dá outra opinião: "O casal pode inovar situações de convívio como ir a ambientes que não costumam ir, fazer jantares românticos, viajar, ter algum cuidado com o corpo (sem exageros), manter a higiene e dar vazão às fantasias, sempre com a compreensão do parceiro. O sexo não se dá apenas no momento do ato", finaliza.
Por Juliana Falcão (MBPress)
1- É fato que cada casal tem uma frequência de relações sexuais, mas até que ponto é normal a correria do dia a dia reduzir a quantidade de relações? Qual o limite dessa interferência?
Psicólogo: O limite da interferência depende da forma como o casal lida com esses fenômenos externos a relação, como os impasses do cotidiano, o desgaste físico, as preocupações, etc. Podemos pensar que algumas pessoas utilizam o sexo como forma de aliviar essas tensões; entretanto outras não conseguem se desvencilhar destas situações e tem seu desempenho sexual prejudicado, tanto por disfunções sexuais, como por sequer haver a tentativa do ato.
Diante disso, é normal que ocorra uma redução, entretanto é necessário refletir até que ponto isso é apenas uma diminuição na frequência (por essas questões externas) e não um distanciamento efetivo-afetivo do casal.
E há de haver auto-crítica para que a relação não se reduza a afazeres cotidianos e o desejo, massacrado pelo hábito, deixe de existir.
2- Existem casais que literalmente fogem do sexo. Em vez de investirem tempo nas preliminares e carinhos, partem para a rapidinha e, às vezes, nem isso. Você pode citar algumas situações que podem exemplificar essa fuga?
Psicólogo: Quando existem muitas desculpas que encubram e impossibilitem o coito, há alguma coisa que deve ser revista/repensada. E isso pode prejudicar o relacionamento do casal. Por exemplo: dores inventadas; desculpas de compromissos; problemas no trabalho; por a culpa nos filhos, ou seja,
sempre se joga a responsabilidade em algo externo, ou que fuja ao controle de um dos parceiros e que justifiquem o não ato sexual.
Se houver algo no parceiro que incomode, é importante conversar sobre isso. A questão é que há um moralismo muito grande no que diz respeito tanto às praticas quanto a discussão do sexo. E se torna tabu e as pessoas levam vidas sem uma efetiva realização sexual, porque muitas vezes fogem do assunto.
3- Já outros casais criam situações para tentar aguçar a aproximação e o desejo que acabam surtindo efeito contrário. Você pode indicar algumas situações que exemplifiquem esses erros?
Psicólogo: As surpresas são sempre válidas, mas se deve ter uma compreensão do parceiro. Não adianta propiciar uma situação que envolva praticas sexuais que o parceiro não aceite; ou ficar desapontado depois de um jantar romântico frustrado, não pela falta de entrega do parceiro, mas sim porque talvez, naquele dia ele estava cansado ou algo assim.
Friso que é sempre importante haver diálogo para saber quais são os limites, por onde começar, como inovar e assim se realizar.
4- De que forma o casal pode aumentar o desejo e a frequência no sexo? Quais dicas você daria?
Psicólogo: Buscando inovar situações de convívio como, por exemplo, irem a ambientes que não costumam ir, terem jantares românticos, viajarem, terem algum cuidado com o corpo (sem exageros) e manterem a higiene, darem vazão as fantasias.
5- Outras considerações:
Psicólogo: Sempre bom lembrar que uma vida sexual ativa é importantíssima no funcionamento de um casal. É interessante que os parceiros explorem/desvendem um ao outro para se conhecerem, e isso não apenas quanto ao corpo, mas com relação aos desejos mais secretos, aos quereres, as fantasias sexuais. É importante haver abertura, haver efetiva troca. O sexo não se dá apenas no momento do ato.
Também é normal que com o tempo, a frequência sexual diminua e que o casal não se procure tanto como no tempo em que havia “um mundo para ser descoberto”. E mesmo que a freqüência não seja a mesma, não quer dizer que não se pode aproveitar as ocasiões sexuais ao máximo.
CRP 06/104201
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