domingo, 2 de setembro de 2012

Viver sem sexo


Entrevista cedida pelo psicólogo Victor Dalla Nora para o portal Vila Mulher

1- É fato que cada casal tem uma frequência de relações sexuais, mas até que ponto é normal a correria do dia a dia reduzir a quantidade de relações? Qual o limite dessa interferência?

Psicólogo: O limite da interferência depende da forma como o casal lida com esses fenômenos externos a relação, como os impasses do cotidiano, o  desgaste físico,  as preocupações, etc.  Podemos pensar que algumas pessoas  utilizam o sexo como forma de aliviar essas tensões; entretanto outras não conseguem se  desvencilhar destas situações e tem seu desempenho sexual prejudicado, tanto por disfunções sexuais, como por sequer haver a tentativa do ato.
Diante disso, é normal que ocorra uma redução, entretanto é necessário refletir até que ponto isso é apenas uma diminuição na frequência (por essas questões externas) e não um distanciamento efetivo-afetivo do casal.
E há de haver auto-crítica para que a relação não se reduza a afazeres cotidianos e o desejo, massacrado pelo hábito, deixe de existir.

2- Existem casais que literalmente fogem do sexo. Em vez de investirem tempo nas preliminares e carinhos, partem para a rapidinha e, às vezes, nem isso. Você pode citar algumas situações que podem exemplificar essa fuga?

Psicólogo: Quando existem muitas desculpas que encubram e impossibilitem o coito, há alguma coisa que deve ser revista/repensada.  E  isso pode  prejudicar o relacionamento do casal. Por exemplo: dores inventadas; desculpas de compromissos; problemas no trabalho;  por a culpa nos filhos, ou seja,
sempre se joga a responsabilidade em algo externo, ou que fuja ao controle de um dos parceiros e que justifiquem o não ato sexual.
Se houver algo no parceiro que incomode, é importante conversar sobre isso. A questão é que há um moralismo muito grande no que diz respeito tanto às praticas quanto a discussão do sexo. E se torna tabu e as pessoas levam vidas sem uma efetiva realização sexual, porque muitas vezes fogem do assunto.

3- Já outros casais criam situações para tentar aguçar a aproximação e o desejo que acabam surtindo efeito contrário. Você pode indicar algumas situações que  exemplifiquem esses erros?

Psicólogo: As surpresas são sempre válidas, mas se deve ter uma compreensão do parceiro. Não adianta propiciar uma situação que envolva praticas sexuais que o parceiro não aceite; ou ficar desapontado depois de um  jantar romântico  frustrado, não pela falta de entrega do  parceiro, mas sim porque talvez, naquele dia ele estava cansado ou algo assim.
Friso que é sempre importante haver diálogo para saber quais são os limites, por onde começar, como inovar e assim se realizar.

4- De que forma o casal pode aumentar o desejo e a frequência no sexo? Quais dicas você daria?

Psicólogo: Buscando inovar situações de convívio como, por exemplo, irem a ambientes que não costumam ir, terem jantares românticos, viajarem, terem algum cuidado com o corpo (sem exageros) e manterem a higiene, darem vazão as fantasias.

5- Outras considerações:

Psicólogo: Sempre bom lembrar que uma vida sexual ativa é importantíssima no funcionamento de um casal. É interessante  que os parceiros  explorem/desvendem um ao outro  para se conhecerem, e isso não apenas quanto ao corpo, mas com relação aos desejos mais secretos, aos quereres,  as fantasias sexuais. É importante haver abertura, haver efetiva troca. O sexo não se dá apenas no momento do ato.
Também é normal que com o tempo, a frequência sexual diminua e que o casal não se procure tanto como no tempo em que havia “um mundo para ser descoberto”. E mesmo que a freqüência não seja a mesma, não quer dizer que não se pode aproveitar as ocasiões sexuais ao máximo.
CRP 06/104201

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