Todos temos tendência natural para fazer as coisas da forma
que nos são mais fáceis ou familiares, e isto não tem problema nenhum. No
entanto, para determinadas situações ou cenários pode ser redutor e
apresentar-se como um obstáculo à realização de alguns objetivos ou tarefas. Se
observarmos uma criança que iniciou a sua aprendizagem no basquetebol, a grande
maioria tem tendência para driblar apenas com uma das mãos, a sua mão
dominante. Se um treinador presencia esta situação, o mais certo será chamar a
atenção do atleta e dizer-lhe, “Estás sempre a driblar com a mesma mão, e o
defesa facilmente consegue defender sempre que fazes isso. As tuas opções são
diminuídas drasticamente. Tens que driblar também com a outra mão, para que o
adversário nunca saiba o que vais fazer a seguir”
Perante esta chamada de atenção, muito provavelmente o atleta
diria, “não sou capaz.” Ao qual o treinador retorquía, “O que queres dizer com
isso?” O atleta explicaria que sempre que tentou driblar com a mão não
dominante (mais fraca) não conseguia controlar a bola. Assim sendo, criou a
noção de não ser capaz. Aquilo que está aqui representado, não é o facto de não
se ser capaz de fazer algo, mas sim o facto de não se tentar fazer. Certamente
com treino e prática a mão não dominante do atleta irá ganhar a mesma destreza
da dominante. Trata-se apenas de uma questão de treino, de execução e hábito.
PROGRAME NOVOS PADRÕES DE PENSAMENTO E
COMPORTAMENTO
O mesmo principio aplica-se na
reprogramação dos nossos hábitos de pensamentos dominantes. Se tivermos um
hábito dominante de pensamento pessimista, tudo o que temos de fazer é
“driblar” com a outra mão: Deveremos ter cada vez mais
pensamentos otimistas, mais e mais vezes até que se torne um hábito e passe a
ser natural para nós. Tal como descrevi no artigo,Deixe de dizer: desculpe eu não
sei, eu não consigo, parte I, e parte II, em que tendencialmente
e de forma automática, sem a necessidade do pensamento consciente, temos o
impulso de dizer, “Eu não consigo”, colocando as nossas capacidades em segundo
plano, como se isso fosse uma coisa natural para nós (passando a ser se
acreditarmos que é). A existência da dificuldade por vezes tolda-nos a
existência da possibilidade. Se tentarmos, experimentarmos e treinarmos,
aumentamos as probabilidades de sermos bem sucedidos, com a mais valia de
aumentarmos também o nosso reportório de respostas e soluções.
Pensar é como driblar a bola. Por um lado,
você pode pensar de forma pessimista e ver esse seu lado a crescer e a
desenvolver-se (é só uma questão de repetidamente driblar esse tipo de
pensamentos). Por outro lado, você pode pensar de forma otimista, um pensamento
de cada vez, de forma controlada e consciente, construindo e desenvolvendo esse
hábito bem mais capacitador, repetição após repetição. A
auto-motivação, é uma questão de saber até que ponto quer estar em controlo.
Por dia podem passar-nos alguns milhares de pensamentos pela mente, uns mais
que outros, aquilo que repetimos cristaliza-se, torna-se um hábito e na grande
maioria das vezes esse hábito torna-se em convicção. Agora, imagine que
cristalizou um hábito que consegue perceber como sendo-lhe prejudicial. Acha
que será fácil de mudar e/ou extinguir? Para o comum dos mortais não será e,
provavelmente para si também não. E percebe-se porquê, porque foi muitas vezes
repetido. A força do hábito é imensa.
Desta forma, é fácil perceber que um
padrão de pensamento ou comportamento não mudará simplesmente com alguns
dribles positivos do pensamento. Se você é pessimista, se facilmente se
aborrece ou fica mal-humorado, o seu bio-cumputador
foi programado nessa
direcção, por si mesmo (talvez sem estar ciente disso). No entanto, apesar da dificuldade, é possível construir
e programar novos padrões de pensamento e comportamento. Mas
como? Através da repetição, através da acção, um pensamento ou comportamento de
cada vez. Pouco a pouco o hábito mais funcional e alternativo vai-se
instalando, vai ganhando força. Quando essa força do hábito alternativo se
instalar, você torna-se mais capaz, torna o seu pensamento mais flexível, com
mais soluções e possibilidades de escolha. Se você conseguiu instituir um
pensamento pessimista, certamente também consegue implementar
um pensamento otimista. No caminho entre os dois emerge a flexibilidade
de pensamento.
USE UMA
VARIEDADE DE POSSIBILIDADES
É exatamente disto que trata a flexibilidade
de pensamento. Opções, vários
caminhos, reforçar os opostos para que se possa estabelecer um equilíbrio. O
equilíbrio, tem a ver com a capacidade que cada um de nós tem para driblar a
vida com ambas as mãos. Tem a ver com a oportunidade de usarmos as
possibilidades que estão ao nosso alcance. Mas, para que isso seja uma
realidade é necessário praticar.
Se você tem consciência que tem alguns dos
seus hábitos demasiado cristalizados e que isso lhe provoca mal-estar,
incapacidade, dúvida exagerada, problemas constantes no seu dia-a-dia, ou
simplesmente gostaria de mudar ou melhorar algo na sua vida, drible com a outra
mão. Force o seu cérebro a usar as ferramentas que tem e julga não conseguir
utilizar. Destrua essa ilusão, motive-se a experimentar, ficará melhor
preparado, sentir-se-á mais capaz, aumentar-lhe-á
a sua confiança, pois sentirá que tem mais opções e que estas podem
ser controladas por si mesmo.
Às vezes, o nosso pensamento é rígido, ou agimos em
automático, agimos à nossa maneira, ou acontecem coisas que mudam
a nossa rotina ou horários e deixa-nos desconfortável, como um peixe fora
de água, ou estamos constantemente a sobreanalizar as coisas.
Quando você está sendo inflexível para
algo diferente do que conhece ou está acostumado, você pode sentir-se ameaçado,
com medo, frustrado, e às vezes irritado. Mas esses pensamentos e sentimentos negativos exercem uma função extremamente importante,
forçam-no a pensar em formas alternativas de abordar as questões ou situações
incómodas.
Então, como é que você pode torna-se mais
flexível no seu pensamento?
PASSO 1: PERGUNTA
Pergunte a si mesmo: “Estou sendo flexível
ou inflexível nesta situação?” Muitas vezes enganamo-nos
(auto-sabotagem) por acreditarmos que o nosso caminho é o caminho
melhor, ou o único caminho que existe.
Trata-se de dar e receber, comprometendo, vendo as coisas de
maneira diferente, tentando novos caminhos, olhar as coisas de uma perspectiva
diferente, e movendo-se do estilo de pensamento
problemático para o estilo de pensamento de possibilidade. Ser
flexível nem sempre significa ter que ceder, mudar suas maneiras ou dizer
sempre sim. O que isto significa é que em primeiro lugar você está olhando
para as coisas por uma perspectiva diferente, e depois faz uma escolha do
que é melhor, esta é a flexibilidade de pensamento na prática.
PASSO 2:
RECONHECER
Tente perceber onde você está sendo inflexível. É no seu
pensamento? É sua maneira de fazer as coisas em casa ou no trabalho, ou é com
alguém em particular?
Quando a sua mentalidade ou métodos são definidos, de
forma áspera, ou rígida, tente perceber como é que você pode ser
mais flexível. Pegue numa folha de papel e numa coluna escreva todas as
áreas da sua vida onde você está “preso” nas suas formas de raciocínio ou
formas antigas de agir, e depois noutra coluna escreva todas as
possibilidades, onde você pode começar a ser mais aberto, receptivo, inovador,
assertivo e colaborativo.
Pode não ser em todas as áreas, mas você pode descobrir uma
ou duas que poderia usar um pouco mais de flexibilidade e
alternativas. Perceber isso como uma chance de mudar alguns dos seus
pensamentos rígidos ou maneira de fazer as coisas. Existe um grande
potencial emergente na utilização da flexibilidade de pensamento.
PASSO
3: CLAREZA
Quando você está preso na sua inflexibilidade de
pensamento ou emocional, as suas emoções e raciocínios podem afetar (nublar) o
seu conhecimento interior. Você pode ter expectativas de como as coisas “devem
ser” e ser rápido a pular para suposições, conclusões e falsidades
decorrentes da necessidade do ego estar certo, ou no controlo.
Quando somos tomados pelo impulso dos sentimentos,
por vezes é difícil ver as coisas claramente e, portanto, você
provavelmente reage e/ou exagera ao invés de olhar a situação e
responder de forma eficaz. Este é um momento para deixar a rigidez do seu
pensamento e modo de fazer as coisas tornando-se mais flexível e libertador.
Ganhando clareza, você irá ver e entender as coisas de uma maneira diferente,
abrindo espaço para a adaptabilidade e adequação.
PASSO
4: OUVIR
Faça algumas respirações profundas e tente ficar calmo e
ouvir a voz silenciosa dentro da sua cabeça. É importante prestar atenção aos
nossos pensamentos, crenças e assuntos que se cruzam na nossa mente.
Quando você fica ligado consigo mesmo,
você está abrindo a sua mente para outras visões, ideias, caminhos, métodos,
comportamentos e, mais importante, você está permitindo espaço para aprender
com a experiência, além de alargar o seu desconforto e zonas de conforto, e
expandir o seu “ser”. Quando você está-se ouvindo, está receptivo à
implementação de novas oportunidades e maneiras de aprender e crescer, você
está removendo do seu caminho os obstáculos ao desenvolvimento pessoal.
Dica: lembre-se há muito mais na vida do que aquilo que os olhos
podem ver.
PASSO 5: IMAGINAÇÃO
Novos entendimentos, formas de resolução e atitudes emergem
quando você usa adequadamente a sua mente. Poderes criativos e soluções tomam
expressão quando você deixa a mente aberta a novas possibilidades
Visualize a pessoa ou situação que você sente que está a
tomar a sua atenção como um meio para a prática de flexibilizar os seus
caminhos, para reconhecer onde você está sendo inflexível, e ouvir a orientação
que emerge dentro de si, permita que a sua imaginação o oriente para novas
formas de ser e de fazer as coisas.
A palavra “nação” faz parte da palavra imaginação. Basta
imaginar como seria o mundo (nação) se fôssemos todos um pouco mais flexíveis,
em vez de inflexíveis nos nossos pensamentos e ações. Você não pode esperar que
os outros mudem suas maneiras de ser e agir, mas você pode começar por alterar
as suas. Aqui reside a verdadeira flexibilidade.
Relaxe o seu corpo e mente à medida que você embarca na
viagem de aprendizagem, crescimento e expansão. Lembre-se, a flexibilidade é
uma escolha e com a prática estará fazendo viagens que você nunca imaginou ser
possível.
Abraço

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