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Especialista
fala dos problemas sexuais femininos mais comuns.
Fingir o orgasmo para o
parceiro pode parecer, em um primeiro momento, algo incomum e o indício de
que o relacionamento vai mal. Mesmo a falta de desejo das mulheres, muitas
vezes, é associada com uma falha por parte do parceiro em satisfazê-la. Em
muitos casos, os problemas realmente são intrínsecos à relação, mas outra
parte dessas situações pode ser, na verdade, uma indicação de alguma
disfunção na sexualidade feminina.
“Não é incomum mulheres
que realmente não sentem nenhum prazer com o sexo fingirem o orgasmo por
vergonha de admitir para o parceiro que não estão confortáveis com a
situação. Outras vezes, o medo de perder o parceiro influi nessa atitude e
isso pode incluir a falta de desejo, causada por momentos estressantes pelo
qual a mulher passa”, explica Liliana Seger, psicóloga especializada em
sexualidade. “Claro que o problema de falta de prazer ou libido não é algo
exclusivo das mulheres, mas no caso dos homens, a discussão é diferente”,
pontua.
Prazer não tem modelo
Para a especialista, os
problemas enfrentados pelas mulheres que procuram o aconselhamento
profissional têm raízes históricas, antes de tudo. “A mulher passou, em pouco
tempo, de uma condição em que ela não tinha direito ao prazer – uma submissão
ligada a valores machistas – para uma condição em que ela não só tem o
direito, mas o dever de ter prazer”, diz.
“As revistas, os filmes,
mesmo as novelas, insistem na imagem do orgasmo como um prazer intenso
constante na vida das mulheres, pintada em cores dramáticas e exageradas. E
caso isso não ocorra, a resposta para o problema é simplista: ou o parceiro
tem problemas ou a mulher não está conseguindo controlar a situação (ela não
consegue construir um cenário de prazer na relação)”, observa Liliana.
“Definitivamente, o problema é mais complexo que isso”, afirma.
Primeiro, observa a
psicóloga, o orgasmo é diferente para cada uma. Gritos e gemidos não é regra
geral. Ter uma imagem preconcebida como modelo do que é o prazer sexual
atrapalha, e bastante.
“Isso é a causa da
ansiedade de ambos os lados: a mulher pode achar que tem algo errado com sua
sexualidade e o parceiro pode achar que não a está satisfazendo. E isso pode
comprometer a relação sem que nenhum dos dois lados questione se tudo pode
ser apenas diferente do padrão que eles tinham em mente.”
A ansiedade toma conta do
relacionamento e um círculo vicioso se instaura, levando à insegurança e a um
prazer cada vez menor. O relacionamento pode acabar e o problema seguir
adiante, se repetindo com o próximo parceiro.
“Muitos casos que chegam
aos consultórios passam por essa questão: as mulheres estão infelizes e a
primeira coisa é tentar resolver o relacionamento. No decorrer das sessões,
descobre-se que o problema é outro, envolve a sexualidade”, diz Liliana.
Falta de diálogo
“Prazer sexual, orgasmo,
não têm modelo: tem de se sentir bem após o sexo, e é isso. Pode não haver estrelinhas
piscando no final da transa e mesmo assim ter sido ótimo para os dois”.
Liliana diz que isso vai da sintonia do casal e para essa sintonia ser
perfeita, é preciso muita conversa.
Mas aí está um segundo
problema: os casais não falam sobre sexo. “Quando você vê uma matéria de
revista feminina ‘ensinando’ a mulher a falar com o parceiro sobre o que lhe
dá prazer, onde gosta de ser tocada, etc., como solução para melhorar o sexo
de ambos, você está sendo induzido ao erro. Se a mulher conversa com o parceiro
sobre o tema, é provável que o casal – em especial a mulher – não tenha
problemas sexuais e nem falta de prazer”, aponta Liliana.
E ainda existe essa
cobrança social de que se não há prazer na relação tudo pode ser resolvido
com receitas básicas. “Não há manual, não há receitas simples. Os problemas
sexuais podem ter vários fatores envolvidos. Há alguns quadros gerais, mas
dentro deles há diversas possibilidades que podem contribuir para sua
evolução”, afirma a psicóloga.
“As mulheres precisam se
responsabilizar pelo próprio prazer, e se há algum problema, procurar um
psicólogo. Um atendimento individualizado é a melhor saída”, completa.
Anorgasmia
A somatória desses dois
problemas, ou seja, a falta de diálogo sobre o tema e a ansiedade causada
pela busca constante de atingir um modelo idealizado de sexo e orgasmo pode
levar justamente ao inverso: a anorgasmia, ou seja, um transtorno em que a
mulher nunca chega ao ápice do ato sexual.
Soma-se aos problemas
citados a falta de conhecimento da mulher sobre o próprio corpo. “Para uma
enorme parcela do público feminino isso ainda é um tabu. E para outra
parcela, o ‘tocar-se’ tem uma conotação, novamente, simplista: é só
masturbação”, explica a especialista.
Liliana diz que descobrir
áreas de prazer no próprio corpo é um exercício sensual, mais do que sexual.
“Determinadas regiões podem facilitar a excitação mais do que a genitália em
si. É preciso descobrir o corpo, inclusive, mas não somente, a vagina.”
E essa descoberta do
próprio corpo pode ir além disso. Sabe-se, por exemplo, que a excitação do
homem é visual. Nas mulheres, essa excitação é mais sensorial, principalmente
auditiva. Liliana dá a dica: música pode ser excitante, sussurros também ou
então ‘ouvir’ um filme. “Não necessariamente assisti-lo”, explica.
Outras vezes é o cenário
que pode contribuir para uma inibição do prazer. “E isso envolve não somente
o cenário físico, ambiental, mas os sentimentos associados a esse entorno”,
pontua Liliana.
Exemplo dessa associação
de sentimentos que inibe o prazer são mulheres que se realizam sexualmente
com os amantes. “O marido castrador pode ser a causa da anorgasmia. Mas,
novamente, é a mulher que tem de se resolver. Não basta apenas indicar o
parceiro como fonte da sua falta de prazer”, afirma a especialista,
enfatizando a complexidade do problema.
Dores
Outro problema que
Liliana aponta como sendo bastante comum são as dores sentidas durante a
penetração: a chamada dispareunia. Para entender o problema, primeiro é
preciso descartar a questão orgânica, que é algo que o especialista em
ginecologia pode ajudar. Caso as dores não sejam de ordem física, novamente
entra em cena o psicólogo, de preferência o especialista em terapia sexual.
A principal causa da
dispareunia é o conflito com o próprio sexo, uma inibição do prazer causada
por algum motivo, explica a especialista. Na maioria das vezes tem a ver com
a criação envolvendo normas morais rígidas ou valores religiosos exacerbados.
Mais uma vez o cenário
pode ser o que intimida. “Morar com outras pessoas – pais, por exemplo –, ou
então em apartamento onde os sons ‘vazam’, onde há pouco espaço para a
intimidade de uma forma geral e que pode reforçar os fatores inibidores”,
explica Liliana Seger.
“Em uma boa parte dos
casos esses conflitos internos também se projetam na relação como um todo.
São pessoas que também são inibidas nas relações sociais, ou então são muito
controladas em todas as situações. O sexo é mais um fator a ser controlado. E
como sabemos, o sexo tem pouco a ver com controlar as emoções”, pontua.
Novamente a ansiedade pode ser o estopim para o problema.
Ausência do desejo
Esse é um problema que
atinge ambos os sexos e as causas são praticamente as mesmas. Transtornos
como a depressão e o estresse causado pela vida cotidiana bastante corrida podem
levar à ausência do desejo. Outras vezes, dependendo da pessoa, o estresse
pode levar ao extremo oposto, ao desejo muito intenso, diferente do normal.
“Ambos os extremos são
indicativos de um desequilíbrio em relação à normalidade da pessoa”, diz
Liliana. Em todas essas situações é necessário procurar mais informações e o
acompanhamento de um profissional de saúde. Sexo tem de ser bom, e se não há
prazer, é hora de ir atrás de ajuda.
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"Alguns viajaram pelo mundo todo, mas nunca tiveram coragem ou habilidade para viajar para dentro de si mesmo..."
sexta-feira, 22 de junho de 2012
O que fazer quando o sexo não traz prazer?
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