Algumas das categorias da Escola
Psicologia são sobre motivação,felicidade, saúde e
bem-estar, psicologia positiva, terapias psicológicas, entre
outras, partilhando o mesmo objetivo: contribuir para a melhoria de vida dos
leitores. De acordo com esta premissa, pretendo abordar uma questão fundamental
que gira em torno da promoção de uma atitude positiva e funcional no sentido de estruturar um processo
que facilite a obtenção de resultados de êxito (por exemplo: ter uma vida mais
satisfatória, melhorar um transtorno psicológico, obter sucesso, ser
promovido no emprego). Estes resultados de êxito serão facilitados se
construirmos e/ou elaborarmos algumas questões correctamente. Por outras
palavras, na grande maioria das vezes, as pessoas com problemas crónicos de
infelicidade e mal-estar nas suas vidas, focam-se em assuntos que em nada
contribuem para a melhoria do estado que se encontram e pretendem ver melhorado.
Responsabilizam a família, os amigos , os colegas de trabalho, o parceiro, o
governo, as suas incapacidades, a sua forma de ser. Levantam questões do tipo:
“Estou farto de aturar isto”, ou “O que é que se passa comigo?”, ou “Que tipo
de pessoa sou eu?”.
Os assuntos sobre os quais alguns de nós
nos focamos, e as consequentes questões que emergem daí, são normalmente o
primeiro obstáculo ao sucesso.
Quer seja dormir melhor, ganhar mais dinheiro ou ser mais feliz. Passo a
explicar: para conseguirmos uma mudança significativa no nosso comportamento e
orientada com o nosso objetivo, deveremos fazer questões às quais possamos dar
resposta. Por exemplo, perguntas do tipo: “Será que vou conseguir?”, ou “Será
que vou ser feliz?”, ou “Será que isto é o melhor para mim?” não podem ser
respondidas do ponto de vista prático, o que quer dizer, que não contribuem
para a pessoa ficar mais esclarecida.
Assim sendo, importa reformular estas
questões para formas mais construtivas e orientadoras: “O que é que necessito
fazer para aumentar as probabilidades de obter o que desejo?”, ou “O que vou
fazer para contribuir para a minha felicidade?”, ou “O
meu objetivo estará alinhado com os meus valores?
Estas questões conduzem-nos inevitavelmente para a questão
mais pertinente: “Que tipo de pessoa eu quero ser?”
Não é uma questão fácil de responder. Mas
é certamente um ótimo passo para começar a decidir o que você quer para si e o
que o motiva. Deveremos focar-nos naquilo que está ou pode vir a estar sobre o
nosso controlo e dependente das nossas ações. Há sempre uma escolha, desde que se
torne consciente de si mesmo, não passe a sua vida em piloto automático, e
pergunte que tipo de pessoa você quer ser. Irei tentar estimulá-lo a perceber que
tipo de escolha motivacional irá optar, para produzir e promover o seu
crescimento e bem-estar psicológico: A criação de valores.
VALORES
Existe um grande impulso nos seres humanos para criar valor,
para investir na apreciação, tempo, energia, esforço e sacrifício em certas
pessoas, grupos, objetos e comportamentos. O valor tem tanto mais significado
quanto mais investirmos e/ou dependa de nós. Um pôr do sol só tem valor se
ativamente investirmos tempo e esforço para apreciá-lo. A civilização não é
literalmente um sub-produto do instinto de sobrevivência e reprodução, é
sobretudo o resultado do impulso para a criação de valor.
Ao contrário de mera emoção ou entregar-se ao que você gosta
e aprecia, a criação de valor faz você sentir-se uma pessoa melhor, mais capaz
e com um propósito. Eu posso ser animado por assistir a um jogo de basquetebol,
arrebatado por uma taça de sorvete ou fascinado com uma vela luminescente, mas
não tenho dúvida que a vida tem mais significado quando ajudo os meus filhos a
resolver um problema ou a reconhecer a humanidade básica de qualquer ser
humano. Nos estados mais intensificados, a criação de valor dá um senso de
bem-estar e vitalidade, você sente-se mais vivo e alerta a olhar um pôr do sol
ou na conexão que estabelece com um ente querido, ou quando expressa compaixão
genuína, ou aprecia algo criativo, ou se compromete com uma causa, ou liga-se a
uma comunidade, ou alcança algum tipo de conhecimento espiritual.
VALORES NUCLEARES
Os valores específicos que criamos são
altamente pessoais, tendem a agrupar-se em grandes categorias de valores
fundamentais: humanidade básica, amor/ligação, a valorização da beleza na
natureza e os objetos criados, um senso de comunidade, e alguma noção de
espiritualidade e transcendência. Os seus valores fundamentais são o
que você considera como as coisas mais importantes para você e sobre você. Eles inspiram o desejo de melhorar,
apreciar, ligar-se aos outros e às coisas e proteger-se. Os valores nucleares
são a base da sua motivação e
transmitem aquilo que você defende e pelo qual gostaria de ser lembrado. A
adesão a valores fundamentais dá uma sensação de autenticidade (você sabe quem
é), sentido e propósito. A Violação desses valores por si mesmo estimula o sentimento de culpa,
vergonha, ansiedade e eventualmente a difusão de
identidade.
Para refletir: Não investir o suficiente nos valores nucleares, é aquilo
que mais contribui para o arrependimento no final da vida de todos nós.
VALORES CRIADOS POR
NÓS
Os valores devem sair de nós, e não
estarem em nós. Por outras palavras, um autêntico
sentido de valor pessoal depende da quantidade de valor que criamos, não de
quanto somos valorizados por outros. Ainda que ser valorizado pelos outros
não seja algo prejudicial, pelo contrário, impulsiona-nos o
ego. É importante que os nossos valores possam ser expressos, possam
sutir efeito quer em nós, quer nos outros ou no mundo. Como é que você
expressa o valor da amizade, amor, justiça, igualdade, compaixão,
coragem, sabedoria, moderação, transcendência? Mais importante, se nos
percepcionarmos com incapacidade para expressar e/ou desenvolver alguns destes
valores intrinsecos, necessariamente, temos tendência para criar uma
sensação de vazio e passamos a sentirmo-nos impotentes e vulneráveis à auto-punição ou manipulação por parte dos outros.
Vamos levar uma vida de pouco significado, repleta de dormência, raiva ou ressentimento, vamos ficar deprimidos ou levar
uma vida sem convição emotivação.
EMOÇÕES
E VALORES
As emoções são, necessariamente, incorporadas na criação de
valor. Parafraseando Silvan Tomkins, com emoção, tudo é importante, e sem ela,
nada é. As emoções positivas promovem a criação de valor,
as emoções negativas indicam perda de valor. Assim, a dor e o vazio
emocional não são uma punição por mau comportamento, como alguns de nós
provavelmente julgamos. Pelo contrário, a dor emocional e a sensação de vazio
são motivações para criar mais valor, que é a única coisa (além de drogas e
distração) que nos podem aliviar. Você não vai parar de ser magoado, irritado
ou deprimido durante uma discussão com um ente querido até que você olhe para
si e para a pessoa que ama com mais compaixão. Você não vai parar de ficar
irritado por solicitações de caridade, até que você dê o que realmente acredita
que é certo dar. Você não vai parar de se sentir deprimido ou ansioso até
que aprecie mais a si mesmo, aos outros e à vida.
Há um grande problema com as emoções e valores em relação às
escolhas motivacionais. As emoções embutidos nos valores, são na grande
maioria indistinguíveis daquelas estimuladas pelo ambiente. Por exemplo, o
bem-estar gerado por amar, é muitas vezes confundido com o de ser amado. A
vergonha de magoar um ente querido é facilmente confundida com a dor de ser
magoado por um ente querido.
A nossa incapacidade de distinguir as emoções que são motivadas
por algumas reações inadequadas, é o que faz com que alguns
sentimentos impróprios sejam um guia para o comportamento
desajustado. Consequentemente, agindo sobre esses sentimentos
(angustiantes), agir de acordo com alguns sentimentos negativos e não
de acordo com aquilo que são os seus valores, pode levar à frustração
e impotência, emergindo sentimentos reativos que são controladas pelo ambiente
(respostas condicionadas e automáticas que não estão de acordo com a nossa
forma de viver).
Dica: O valor que você cria deverá depender inteiramente de você.
O QUE É QUE MOTIVA
VOCÊ: OS SENTIMENTOS, O EGO OU OS VALORES?
Se na maioria das vezes você agir de acordo com os
seus sentimentos, é muito provável que em determinadas
circunstâncias possa violar os seus valores. Isto
pode acontecer porque os sentimentos são estimulados por muitas
coisas que vão contra os valores. E, claro, ninguém se sente fiel o tempo todo
relativamente aos valores. E isto, pode causar-nos alguns dissabores na nossa
vida.
Apresento algumas diferenças cruciais
entre os sentimentos e valores, para que o possa ajudar a escolher a sua
verdadeira motivação.
Os sentimentos são:
§ Reativos ao ambiente
§ Muito influenciados por estados fisiológicos
§ Em grande parte habituados, reforçados pela vaga semelhança
com a experiência passada, é por isso que aqueles que agem sobre os sentimentos
cometem os mesmos erros repetidamente.
§ Transitórios, eles vêm e vão em curtos espaços de tempo,
desde que não os aprofunde, amplie, e prolonge “validando-os “ou “justificsndo-os”
.
Em contrapartida, os
valores nucleares são:
§ Muito menos reativos ao meio ambiente.
§ Muito menos influenciados por estados fisiológicos, não é
provável que você deixe de amar ou tornar-se menos humano quando está cansado,
faminto, sedento, ou doente.
§ Consistentes ao longo do tempo, mais ou menos
permanentes.
Os sentimentos reativos não são a realidade, são sinais sobre
a realidade que você sente num determinado momento. Você não é os
seus sentimentos, tal como não é aquilo que ouve, ou aquilo que sente no seu
corpo (por exemplo uma picada de insecto).
A reter: Para um melhor entendimento acerca do que você é, facilita
dizer que: Os seus valores são quem você é.
Os nossos sentimentos devem seguir os
nossos valores, mas não o contrário. Se você permitir que os seus valores
fundamentais sejam a motivação e
orientação do seu comportamento, os seus sentimentos seguirão exatamente
isso. Você vai sentir-se mais autêntico, com uma identidade mais forte e
sentir-se mais coerente consigo mesmo. Se você agir a maior parte do
tempo de acordo com os seus sentimentos, isso pode ser prejudicial, você não
vai saber bem quem é, aquilo que você é, e aquilo que o define
perde-se nas vicissitudes temporárias dos seus estados
emocionais.
“CRIMES”
DO EGO
O inimigo dos nossos valores não está à
nossa volta, mas em nós mesmos, especialmente nos nossos egos. Na grande
maioria das vezes, quando agimos tendo por base o nosso ego, estamos certamente
no caminho de violar os nossos valores mais profundos. Enquanto o reforço da auto-estima é um fator motivador primário, muito importante
para o nosso equilíbrio emocional,
já o ego pode contribuir para inflamar o nosso raciocínio para níveis
irreais, onde é altamente desconfortável às impressões dos outros. Um ego ofendido, pode torna-se frágil
e defensivo. A vergonha já não serve como motivação para ser fiel aos valores mais profundos. O
ego impregnado de vergonha interpreta e vê um mundo injusto como um
castigo infligido, exigindo alguma forma de retaliação, real ou
imaginária. O reforço e defesa do ego, inevitavelmente, prejudica a motivação natural
para criar valor e proteger os valores que nós criamos. O exemplo mais trágico
é o abuso da família, onde o ego frágil dirige os seus “exércitos” para
desvalorizar e menosprezar as pessoas que mais valorizamos.
Características
de um ego cheio de orgulho/defesa:
§
Eu tenho que estar certo; os outros têm de
estar errados
§
Eu tenho que ser o melhor e o maior, os
outros têm de ser menos do que eu
§
Eu tenho que ser respeitado mais do que
outros
§
Não é minha culpa, tudo de ruim é culpa do
mundo e das outras pessoas
§
Tem de ser à minha maneira ou como eu
quero.
O CULTO DO EGO
Vivemos numa era de “direitos” que preconiza um aumento
(inflação) do ego, transformado-se num culto. Sentimos que temos direito a
tudo, a qualquer momento, e se não obtivermos sentimo-nos inferiores,
deslocados e distanciados do mundo e dos outros. As pessoas percebem que têm
mais direitos e “necessidades emocionais” agora, do que em qualquer outro
momento da história humana. Isto torna-nos propensos à raiva e
ressentimento, inevitavelmente, quando o mundo frustra os nossos direitos
e exigências. Estamos numa era paradoxal, ou seja, quanto
mais direitos e necessidades julgamos ter, mais violados e com
mais direito a validação/compensação, iremos sentir.
SEDIMENTAR
O CULTO DOS VALORES
Eu continuo a ter esperança de que, como seres culturais que
somos, vamos perceber o sentimento de impotência inerente ao
exercício do ego inflacionado e auto-estima desmedida. É possível redescobrir a
virtude da humildade e distingui-la de uma baixa auto-estima. (No
primeiro caso, você não é melhor do que ninguém, neste último, você não é
tão bom.) O auto-valor não tem a ver
com superioridade ou com a tentativa de evitar o lado oposto: o
sentimento de inferioridade.
A reter: O segredo do auto-valor é ganhar-se consciência do
benefício dos valores, virtudes e forças do ser humano.
Acredito que podemos conseguir aprender a gerir as
vicissitudes do nosso ego, emoções e sentimentos, para que nos sirvam e
nos transmitam confiança suficiente para caminharmos na construção de uma
civilização mais consciente daquilo que cada um de nós pretende ser.
Desta forma, é importante e necessário que nos foquemos no tipo de pessoas que
queremos ser.
Com uma
consciência alargada sobre como queremos ser, podemos contribuir com
valores-base para o nosso ego:
§
Seja compassivo, protetor, grato e leal
aos ente queridos
§
Seja justo, independentemente do esforço
que tenha de fazer
§
Seja responsável, procurando melhorar ao
invés de criticar ou culpar
§
Seja criativo, construindo, em vez de
destruir.
§ Foque-se naquilo que quer ser e oriente-se por isso
O
artigo girou em torno da criação de valor, fazendo a seguinte questão: “Que
tipo de pessoa você quer ser?”. Importa no entanto fazer uma outra
pergunta igualmente importante:
Para refletir: “Como é que eu posso criar mais valor na minha vida
e no mundo, mantendo-me fiel aos valores que eu quero criar?”
A mudança é uma escolha, a mudança para um caminhar
consciente e orientado nos seus valores é uma escolha revolucionária de
sabedoria, desenvolvimento e crescimento. Se esses valores servirem a si e aos
outros, a humanidade está um passo mais próxima de ser humana.
QUE TIPO DE VALORES
DEVERÍAMOS DESENVOLVER E/OU INVESTIR PARA UM MELHOR EQUILÍBRIO EMOCIONAL?
Deixe os seus comentários relativamente a quais os valores
que devemos desenvolver e/ou de que forma deveremos investir nele para nos
tornarmos melhores pessoas e acima de tudo, pessoas emocionalmente mais
equilibradas. Qual é o seu palpite? Comente!
http://www.escolapsicologia.com/que-tipo-de-pessoa-voce-quer-ser/

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