Este conceito de orientação sexual foi formulado pelo Centro de
Estudos Humanos e Animais, da Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia, no
âmbito de um estudo denominado “Perspectivas e Experiências de Vegetarianos e
de Outros Consumidores Éticos”, estudo esse incluído num projeto mais vasto
sobre a interação entre seres humanos e animais. O estudo foi realizado a nível
nacional e baseou-se numa entrevista com 157 vegetarianos sobre os seus hábitos
de vida e opções de consumo.
Como é sabido, designa-se por vegano alguém que, movido por
argumentos de natureza ética, de saúde, de respeito pelo meio ambiente e/ou
religiosos, opta por não ingerir quaisquer alimentos de origem animal
(incluindo laticínios, ovos e mel). No entanto, o veganismo não se restringe à alimentação. É todo um
modo de vida, com princípios estritos, que implica tomadas de posição bem
definidas em muitos aspectos do quotidiano, como por exemplo: renunciar ao
vestuário, calçado e acessórios em couro, lã ou seda (recorrendo a outros
materiais como sintéticos, algodão, linho, cânhamo ou outras fibras), exercer o
consumo responsável através do boicote a empresas que poluem o ambiente, que
testam em animais, etc.
O que é então um vegansexual?
Sendo a atividade sexual parte da nossa natureza, é de esperar
que, também esse campo da nossa vida seja objeto de reflexão e de opções por
parte dos veganos. Um vegansexual é assim alguém que escolhe não se envolver
íntima e sexualmente com parceiros que ingerem carne, sob o argumento de que os
corpos destes são autênticos "cemitérios de animais", literalmente
construídos e sustentados por restos de cadáveres, animais abatidos em
condições que implicaram grande sofrimento para os mesmos. Um vegansexual não
aceita envolver-se com alguém que contribuiu para os maus tratos e matança de
seres vivos, nem com alguém cujos fluidos corporais transportam resíduos de uma
alimentação carnívora (suor, saliva, esperma…). Já para não falar do odor
corporal, habitualmente mais intenso e pungente naqueles que ingerem
carne do que nos vegetarianos.
Não deixa de ser verdade também que todos nos sentimos, regra
geral, atraídos por pessoas com interesses e hábitos semelhantes aos nossos, pois
isso tende a facilitar a convivência no dia-a-dia. Para um vegano, pode ser
difícil aceitar partilhar refeições com um parceiro que se alimenta de carne,
devido, por exemplo, à contaminação dos utensílios de cozinha e ao cheiro dos
pratos com carne. Por mais forte que seja a atração sexual, esta raramente
sustenta por si só os desafios do convívio prolongado.
Segundo o estudo neo-zelandês, as opções de vida dos veganos
levam-nos a tomadas de consciência sobre o seu próprio corpo, o dos outros, e a
uma visão diferente da vida. Essa tomada de consciência leva-os a considerar
moralmente repugnante e eticamente inaceitável ter relações íntimas com
onívoros ou sequer beijar alguém por cujos lábios tenham passado pedaços de
alimentos de origem animal. Ainda segundo o estudo, são principalmente as
mulheres que manifestam particular repulsa pelo envolvimento íntimo com
parceiros que ingerem carne. Algumas, apesar de não se descreverem inteiramente
como vegansexuais (já que consideram alguns onívoros sexualmente atraentes),
têm o vegetarianismo como critério preferencial na escolha dos seus parceiros.
Se tal seletivismo reduz fortemente a possibilidade de encontros
amorosos para os veganos (já que a comunidade vegana é ainda reduzida), o sexo
é também em si uma forma de apelo e ativismo eficaz, já que, devidamente
orientada e sem imposições e radicalismos, pode contribuir para mudar a forma
de pensar de muitos potenciais parceiros sexuais e de vida, incutindo-lhes
hábitos de vida mais saudáveis (para si e para o planeta) e eticamente
aceitáveis.
http://www.cantinhovegetariano.com.br/2012/02/vegansexual-voce-sabe-o-que-e.html

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