O que está por trás da depressão, ansiedade,fobia social,
dependências e outras formas de problemas psicológicos. Por razões de ordem
emocional, algumas pessoas não conseguem sair e procurar um emprego, ou
quando conseguem arranjar não o conseguem manter. A grande maioria
dessas pessoas apresentam alguns comportamentos típicos, não podem
suportar a crítica, têm extrema dificuldade em conviver com os
outros, ou sem saberem bem porquê, simplesmente não conseguem
trabalhar. Por vezes até conseguem ter períodos bastante funcionais, com muita
energia, mas não conseguem gerir os seus relacionamentos, permanecendo
solteiros e sem amigos. Alguns caem nas malhas do excesso de
comida, jogo, bebida, compram coisas que não podem pagar. Mais
tarde, acabam por ganhar consciência dos seus problemas, fazem tentativas para
melhorar, resolver e/ou eliminar os vícios, mas não conseguem.
Alguns têm doenças físicas crónicas que iludem o diagnóstico
derrotando os planos de melhoria sempre que a pessoa tenta novas abordagens.
Alguns, compulsivamente colocam outras necessidades em primeiro lugar. Perdem a
noção da hierarquia das suas prioridades. Sentem-se incapacitados, num
buraco sem fundo, mas têm a noção que devem continuar em frente. Esquecem-se de
ir às consultas, deixam de aderir aos programas de tratamento, aceitam os
seus desleixes, comem mal e dormem mal ou muito pouco.
ENREDO DESESPERANTE
Perante um conjunto de incapacidades de
ordem emocional e consequentemente de ordem funcional a pessoa deixa de
conseguir adequar-se eficazmente às exigências da sua vida, ficando
pouco a pouco cronicamente deprimida, ansiosa, ou ambas, ou talvez com
diagnóstico de Desordempor Défice
de Atenção com
Hiperactividade (DDAH), mas mesmo com medicação, não muda muita coisa. Se os
medicamentos ajudam, eles têm efeitos secundários graves. Provavelmente algumas
pessoas são diagnosticadas com transtorno de personalidade. São esquivas,
narcisistas, ficam no estado-limite (borderline), dependentes, obsessivo-compulsivas, um
conjunto interminável de patologias, que se cruzam umas com as outras (comorbidade). Numa altura (na actualidade) em que se
julga que tudo é genético e se resolve com medicação, fica-se à mercê de uma
pílula mágica, ou a pessoa rende-se à evidência que é assim devido a factores
que a ultrapassam, passando a encarar o seu problema de forma passiva
e adotando por vezes uma mentalidade de vítima.
O ciclo de negatividade vai crescendo, a pessoa nesta
condição vai-se desprezando a si mesmo, caminhando ainda mais para sua
auto-derrota e subvalorização. Torna-se muito pior com a idade, dado que
devido à comparação com os outros, a pessoa sente-se a ficar para trás, não
realizada e cheia de problemas sem fim à vista.
A pessoa vai sendo confrontada no seu dia a
dia com situações de constrangimento:
Exemplo1: O que você diz quando alguém lhe pergunta: “O que é que você
faz?” Você não pode responder com “Oh, tento levantar-me de manhã com muito
esforço.” Se lhe perguntarem se você está num relacionamento, você não
diz: “Não, quarenta anos e ainda não me decidi.”
Exemplo 2: Quando os familiares ou alguns amigos mais chegados tentam
incentivá-lo ou orientá-lo. “Porque não tentar …” “Mas porque você não
experimenta só …” “Você tem de fazer mais um esforço.” “Não há nenhuma
desculpa para alguém com a sua idade não …” Finalmente a pergunta
derradeira: “Eu não sei o que está acontecendo com você.”
MAS
PORQUE É QUE CRESCE ESSA ESPIRAL NEGATIVA?
Infelizmente, Familiares amigos e mesmo alguns profissionais
de saúde (terapeutas, psicólogos, médicos, psiquiatras) dizem essas coisas
também, mesmo depois de ser óbvio que o paciente não consegue
agir.
Será isto uma doença? As pessoas já nascerão com elas? Serão
as consequências da vida? O grau de exigência a que nos propomos? Será ausência
de habilidades sociais? Viver uma infância em famílias disfuncionais?
Vulnerabilidade genética?
Será um problema de diagnóstico? Será
falta de conhecimento dos profissionais? Será falta de recursos de tratamento?
Certamente, para cada história, para cada problema ou
situação incapacitante, algumas destas causas isoladamente ou em associação
estarão na raiz dos problemas psicológicos e dependências. É na verdade preciso
muito mais do que provavelmente uma causa isolada. Mas, abordar um questão tão
vasta quanto os problemas psicológicos e dependências é sempre uma tarefa de
hércules. Não consigo, nem é meu objetivo arranjar a solução, isso não existe
enquanto algo que sirva para todos e muito menos que exista num formato já
pronto (tipo: aplique isto, ou faça desta forma durante “X” tempo e resolve o
seu problema). Não acredito que isso seja possível, pelo simples facto que cada
caso é um caso, e que é necessário sempre um enquadramento e reunir um conjunto
de variáveis que permitam fertilizar o terreno para que um tratamento tenha
condições favoráveis de ser bem sucedido.
Por muito dura que seja a realidade, por
muita intenção que eu possa ter de ajudar os leitores que se encontram em
situações semelhantes, a melhor mensagem que posso deixar é:
§
Sim é possível recuperar, sim é possível
melhorar. É possível superar a grande maioria das condições de vida
incapacitantes, com esforço, dedicação, persistência, motivação, força de vontade,
acompanhamento, um plano de tratamento adequado à pessoa, sério, bem enquadrado
e com tempo para que possa surtir o real efeito e eficácia.
Existem realmente algumas pessoas que por
condições da vida (história da pessoa) encontram-se numa situação de tratamento
e/ou recuperação “reservada”
(utilizando um termo médico para quando não se sabe o prognóstico). Sendo que
esse estado em que a pessoa se encontra (prognóstico
reservado), assim como o seu diagnóstico, permanece sem alteração
durante demasiado tempo (por vezes durante décadas).
Os problemas psicológicos e algumas
dependências, são ervas daninhas que crescem sem se notar. Na verdade, elas
manifestam-se na alteração dos comportamentos, atitudes, disfuncionalidade,
alteração de humor, sintomas físicos, etc. Mas, acresce a isto um problema
fantasma, é que a “ferida” não se vê, é quase imperceptível que “coisas” estão
a funcionar incorretamente. Este
grau de dificuldade está associado à incapacidade de ver os “erros” de
pensamento (raciocínio) que fazemos, e nos conduzem aos problema psicológicos.
Existem todo um conjunto de processamento de informação efectuado por todos
nós, que muitas das vezes conduz-nos a todo um manancial de subterfúgios,
associações desadequadas, ruminações, preocupações, evitamentos, lamurias,
punições, que levam ao enraizamento de um padrão mental favorável ao
crescimento de problemas psicológicos.
Perante esta imensidão de estratégias de
pensamento desadequadas, que aumentam a susceptibilidade para os problemas
psicológicos e dependências, é necessário um elevado conhecimento das técnicas
de resolução dos erros de processamento da informação a implementar numa possível
terapia. Felizmente, já existem modelos que
permitem entender as razões porque perante determinados acontecimentos de
vida alguns de nós desenvolvemos problemas psicológicos. Aponta-se para um problema comum que
está relacionado com a forma como cada um de nós trata a informação. Esta
informação sofre ainda influência das nossas crenças, auto-confiança nas
capacidade cognitivas e as estratégias utilizadas para resolução do problema.
VULNERABILIDADE
PSICOLÓGICA
Na actualidade fala-se no desenvolvimento de
uma possível vulnerabilidade para problemas emocionais e psicológicos que
está relacionado com o modelo psicológico de processamento da informação
(Teoria Metacognitiva desenvolvida por Adrian wells). Ou seja,
perante determinados acontecimentos de vida mais problemáticos, traumáticos,
catastróficos ou difíceis, a forma como controlamos o conteúdo da informação
que usamos nos nossos pensamentos, joga um tremendo impacto no desenvolvimento
ou não de problemas psicológicos.
Este conhecimento é como um Oásis, é
reconfortante, refrescante e esperançador. O conhecimento que existe sobre as
estratégias mentais que cada um de nós utiliza no controlo do pensamento,
permite percebermos porque razão se instalam determinados transtornos
psicológicos e consequentemente elaborar uma abordagem de tratamento e
recuperação com um elevado grau de eficácia. Eu apelido essas
estratégias de controlo do pensamento (as que se comprovaram como úteis,
protetoras e promotoras de saúde psicológica) de Estratégias
Mentais de Êxito, que nos fazem desenvolver um Padrão
Mental de Êxito.
MEDIDAS
DE VULNERABILIDADE
Wells e Davies em 1994 desenvolveram o Thought
Control Questionnaire (Questionário
de controlo do pensamento) para avaliar diferenças individuais de controlo do
pensamento, bem como a relação entre estas e a vulnerabilidade emocional.
Resumidamente, a escala compreende cinco
subescalas que medem as estratégias de controlo do pensamento:
§
Distração. Por exemplo: “Faço alguma coisa de que gosto”.
§
Controlo social. Por exemplo: “Pergunto aos meus amigos se têm pensamentos
semelhantes”.
§
Preocupação. Por exemplo: “Centro-me nos diferentes pensamentos
negativos”.
§
Punição. Por exemplo: “Puno-me por ter esse pensamento”.
§
Reavaliação. Por exemplo: “Tento reinterpretar o pensamento”.
Através do estudo efectuado pelos autores
acima citados, concluiu-se que a tendência para utilizar a preocupação e a
punição como estratégias de controlo está positivamente associada a medidas de
preocupação patológica (excessiva), neuroticismo e introversão. As outras
subescalas: distração, controlo social e reavaliação do Thought
Control Questionnaire apresentam correlações negativas e não
significativas com as medidas de vulnerabilidade ao stress no estudo de Wells e
Davies.
Conclusão: O uso da preocupação e punição para controlar pensamentos
indesejáveis está associado à tendência para problemas emocionais.
Por outro lado é possível que as outras subescalas (isto é,
controlo social, reavaliação e distração) possam constituir marcadores
positivos de saúde mental que, em determinadas circunstâncias exerçam uma
proteção contra a vulnerabilidade emocional.
Deste extraordinário estudo e de outros
semelhantes surgiram dados que permitem saber que indicadores nos predispõem
aos transtornos psicológicos. Por outras palavras, quer dizer que determinadas
estratégias de coping (lidar com as situações
problemáticas), nomeadamente a preocupação e a punição, parecem estar
aumentadas nalgumas perturbações clínicas associadas a determinadas medidas de
psicopatologia.
Informação relevante: Há provas preliminares de que a recuperação da depressão ou
da perturbação de stress pós-traumático está associada a maior uso de
estratégias de distração e de reavaliação (reestruturação do pensamento),
e a um decréscimo no uso da preocupação e punição.
§
QUAL O ANTÍDOTO PARA A
VULNERABILIDADE PSICOLÓGICA?
Digamos, que de acordo com a Teoria da
Aceitação e Compromisso (ACT) o antídoto para a vulnerabilidade
psicológica é a flexibilidade psicológica.
O Objetivo da aplicação de um programa de terapia de acordo com a abordagem da
ACT é desenvolver mais flexibilidade psicológica no
padrão de pensamento da pessoa. Desenvolve-se a habilidade de mudar ou
persistir nos comportamentos funcionais quando estes permitem uma melhor
adequação e adaptação às situações de vida.
O modelo de desenvolvimento da
flexibilidade psicológica (hexaflex), gira em torno de seis processos chave:
§
Contacto com o momento presente
§
Desapego / Desfusão
§
Aceitação
§
O “Eu” como contexto
§
Valores
§
Compromisso com a ação
Contacto com o momento presente. Isto significa estar psicologicamente presente, estar
conscientemente ligado com os acontecimentos que surgem no momento presente.
Normalmente passamos demasiado tempo absorvidos nos nossos pensamentos sobre o
passado e o futuro. Ou, ao invés de estarmos totalmente cientes da nossa
experiência, operamos em piloto automático, deixamo-nos meramente “ir na
corrente”.
Desapego / Desfusão. Significa simplesmente aprender a retirarmo-nos, a
separarmo-nos ou desligarmo-nos dos nossos pensamentos, imagens e memórias. O
termo correto é Desfusão Cognitiva.
Ao invés de sermos apanhados pelos nossos pensamentos ou sermos forçados por
eles, deixamo-los aparecer e desaparecer tal como se fossem automóveis a
passar à nossa porta de casa. Afastamo-nos e olhamos para os nossos
pensamentos ao invés de emaranharmo-nos neles. Devemos olhar para os nossos
pensamentos tal qual aquilo que eles são: nada mais, nada menos que palavras na
nossa mente.
Aceitação. Significa ter abertura e dar espaço para os sentimentos
dolorosos, sensações e emoções. Deixamos de debatermo-nos com a nossa
experiência interna e aceitamo-la tal qual ela é. Ao invés de querermos
combater, inibir, resistir ou fugir-lhe, abrimo-nos à experiência e sentimos o
que se passa dentro de nós. Isto não significa querer sentir ou gostar de
ter sentimentos, sensações ou emoções negativas, nem tão pouco gostar
delas. Significa simplesmente dar-lhes espaço para se manifestarem em nós.
O “Eu” como contexto. Isto remete-nos para as duas partes constituinte do Eu.
O Eu pensante
e o Eu observador.
Nós somos aquele que tem a possibilidade de observar e analisar os seus
próprios pensamentos, emoções, crenças, memórias, julgamentos, fantasias, planos,
etc. Temos a possibilidade de observar aquilo que sentimos e pensamos num
determinado momento e num determinado contexto. E ao observarmos se não estiver
de acordo com aquilo que desejamos, ou o conteúdo dos nossos pensamentos e
sentimentos não nos servir, temos a possibilidade de decidir o que fazer ou
gerar outros pensamentos e sentimentos mais adequados ao contexto.
Valores. Referem-se aos aspetos da vida que valorizamos, mais
propriamente às escolhas de vida direccionadas e intencionais que fazemos.
Compromisso com a ação. Significa tomar ações efetivas e guiadas pelos nossos
valores. É importante saber os nossos valores, mas é apenas através da contínua
ação congruente com os valores que a vida se torna rica, preenchida e
significativa. As ações guiadas pelos valores promovem um vasto leque de
pensamentos e sentimentos, ambos, agradáveis e desagradáveis, prazerosos e
dolorosos. Então, o compromisso com a ação significa “fazer o que é preciso”
para viver de acordo com os nossos valores, mesmo que isso nos traga dor e
desconforto.
CONCLUINDO
De acordo com o modelo apresentado é
possível desenvolver uma intervenção terapêutica considerando
o desenvolvimento da flexibilidade psicológica. Podem
usar-se e implementar-se algumas técnicas e estratégias psicológicas, como
estabelecimento de objetivos, exposição, ativação c0mportamental, treino de
competências sociais, assim como qualquer competência que eleve e enriqueça a
vida, desde a reestruturação cognitiva à gestão do tempo, da assertividade à
resolução de problemas, do relaxamento às estratégias de enfrentamento (coping). Todas
estas estratégias psicológicas encaixam-se e podem servir para o
desenvolvimento de um programa de tratamento para determinados transtornos
psicológicos ou dependências de acordo com o modelohexaflex: desde que levem em consideração a vida
orientada para os valores e não ao serviço da experiência de evitamento.
De acordo com o Modelo Psicológico de
Processamento de Informação e levando em consideração os seis fatores de
desenvolvimento da flexibilidade psicológica, pode afirmar-se que:
Não é aquilo que as pessoas pensam que mais peso tem para a
vulnerabilidade psicológica, mas sim como as pessoas pensam e reagem aos
conteúdos dos seus pensamentos.
Paras as pessoas que sentem que a sua vida
está a ser comprometida por algum transtorno psicológico ou formas de
raciocínio incapacitante, para as pessoas que se sentem vítimas do passado, de
acontecimentos traumáticos, para as pessoas que recorrentemente têm
comportamentos auto-sabotadores, que sabem o que querem mas sentem-se incapazes
de sair do buraco em que se encontram, este tipo de modelo psicológico de
processamento de informação trás um nova e renovada esperança à eficácia da
Terapia Cognitivo-Comportamental. Na minha prática em consultas de psicologia e consultas online, levo em consideração este modelo,
comprovando a seu êxito e adequação no tratamento de um alargado leque de
transtornos psicológicos.
Muitas pessoas sofrem desnecessariamente,
a psicologia desenvolveu-se,
existem programas e terapias que têm mostrado serem muito eficazes. Se acha que
sofre com algum tipo de problema psicológico e apesar dos seus esforços
continua sem conseguir melhorar, não hesite em procurar ajuda de um
profissional. A melhoria e resolução dos seus problema é possível. Saiba como!
E VOCÊ, SOFRE DE
ALGUM PROBLEMA PSICOLÓGICO OU DEPENDÊNCIA?
O que acha que está na sua raiz? O que
está disposto a fazer para mudar essa condição? Partilhe a sua experiência,
dúvida ou opinião! Em último recurso, poderá aderir às nossas consultas de psicologia online!
Teremos todo o prazer em ajudá-lo a superar o seu obstáculo.
Abraço

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