Assuntos:
Psic. Oswaldo Martins Rodrigues Junior – (CRP 06/20610),
Diretor para ALAMOC – Asociación Latinoamericana de Analisis
y Modificación del Comportamiento y Terapias Cognitivas-Conductuales
(2010-2014)
Homens, mulheres e casais podem ter problemas sexuais em suas
vidas. Os problemas podem ser relativos ao desejo sexual (inibições do desejo,
desvios do desejo, inadequação do casal), à excitação (problemas com ereção
peniana, de lubrificação vaginal, de incapacidade de permitir a penetração ou
dor no coito), com o orgasmo (dificuldades em obter, ejacular rápido,
incapacidade de ejacular). Embora existam possíveis causas orgânicas, a maioria
das queixas se deve a problemas da ordem chamada psicológica: emoções,
cognições, comportamentos que trazem sofrimento. O que as pessoas que tem
problemas da sexualidade buscam é a felicidade sexual.
A última década coroou a saúde sexual como alvo para
completar as saúdes física, mental e social. Buscar o tratamento dos problemas
da sexualidade passa a ser sinônimo de busca de saúde geral.
Os problemas sexuais são reconhecidos desde o final do século
XIX, embora fossem encarados de modo moral e pouco científico. Na segunda
metade do séc. XX a psicologia comportamental passa a desenvolver técnicas para
o tratamento das queixas sexuais, propiciando meios de superação da falta de
prazer sexual. Com a década de 1970 veio a grande divulgação dos métodos e se
proliferaram pesquisas demonstrando que as técnicas desenvolvidas serviam e
eram corretas para tratar vários dos problemas sexuais.
Ainda assim, a divulgação de que existem tratamentos
adequados para os problemas do comportamento sexual tem sido pequena e pouco
atinge a maioria das pessoas que se beneficiariam deles.
Desde a década de 1960 a frase “terapia sexual” foi usada
para os tratamentos dos problemas sexuais[1] , e a partir da década de 1990 foi assumida pelos
médicos que também concorrem na busca destas soluções através de cirurgias e
medicamentos.
A terapia sobre o comportamento sexual desenvolveu-se como
psicoterapia sexual e tem auxiliado muito as pessoas que buscam nos psicólogos
especializados em sexualidade a superação dos problemas sexuais[2] .
Os problemas e queixas sexuais que podem ser tratados pela
psicoterapia sexual são:
- problemas de desejo sexual – falta de desejo e motivação
para fazer sexo, excesso de desejo sexual, desejos sexuais diferentes,
desequilíbrio do desejo entre os membros do casal;
- problemas de excitação sexual – no homem a dificuldade em
obter ou manter ereções penianas satisfatórias para o relacionamento sexual; na
mulher problemas de lubrificação vaginal que dificultam a relação de
penetração;
- dores nas relações sexuais – em homens e mulheres (incluem
a dor “só no comecinho” da relação); vaginismo (incapacidade da mulher poder
ser penetrada, mantendo-se fechada);
- ejaculação – incapacidade do homem de controlar voluntariamente
a ejaculação produzindo um tempo de penetração útil para o relacionamento a
dois (por exemplo ser capaz de manter-se em penetração sem ejacular por 25-30
minutos); dificuldades ou incapacidades de ejacular durante o ato de penetração
(mas ejacula rapidamente na masturbação);
- orgasmo feminino – dificuldades ou incapacidade de sentir
prazer orgásmico na relação sexual;
Geralmente os problemas se somam e são mantidos dentro do
relacionamento do casal, que pode não ter causado o problema, mas o mantém. O
casal é o ambiente presente que produz as condições nas quais a dificuldade
sexual existe, mesmo que não tenha iniciado a queixa sexual.
Muitos ainda se perguntam: “Como é este tratamento?” e
alguns, inadequadamente, fantasiam atividades sexuais nos consultórios...
Mas querer saber como é a psicoterapia sexual é importante,
inclusive para compreender o que precisam fazer para utilizar este tratamento.
Ensinar e educar o paciente ou as pessoas em geral é uma tarefa constante do
psicoterapeuta.
Se o psicoterapeuta sexual compreender, pela história de vida
e do problema sexual, que a pessoa, ou casal precisam de avaliação médica,
física, a indicação de um profissional médico que dê este apoio será
providenciada.
O tratamento psicoterápico focalizado na sexualidade se dá de
modo semelhante aos outros tratamentos psicológicos (individualmente ou em
casal), procura-se a compreensão do que ocorreu, de como se sentiu, como foram
as reações e como refazer o caminho para um futuro desejado e dentro das possibilidades
de realidade. Através do conversar de modo especial, o psicólogo conduz à
compreensão do problema, possibilitando o uso de técnicas e estratégias[3] para que a pessoa e o casal possam desenvolver novos
comportamentos sexuais que produzam a superação da queixa levada à clínica. Sem
orientações específicas e direcionadas à sexualidade os problemas sexuais não
cessam.
Ao longo das semanas, o psicoterapeuta auxilia o casal a
construir um caminho que seja funcional, respeite o funcionamento fisiológico
do homem e da mulher e dirige a atenção para o que cada um busca e que
encontrem o prazer.
Os problemas relacionados ao desejo sexual demoram muitos
meses mais do que os problemas de desempenho, mas com persistência e a condução
racional do psicólogo, os objetivos serão alcançados e o casal poderá ser
sexualmente feliz!
Esta é uma área de atuação em que não existem tantos
psicólogos quanto poderia existir. O espaço tem sido continuadamente tomado por
médicos que utilizam paradigmas biologicistas que os impedem de obter os
melhores resultados nos tratamentos das queixas sexuais, em especial fazendo
tentativas com medicamentos que não atendem os relacionamentos de casais ou as
questões cognitivas.
Referências
[1] Masters, W. H., & Johnson, V. E. (1970). Human sexual inadequacy. Boston: Little, Brown.
Lobitz C & LoPiccolo J. (1972) The role of masturbation in the treatment of orgasmic dysfunction. Arch Sex Behav. 2(2):163-71.
Monesi, A A; Rodrigues Jr., OM; Favoreto. AV; Araújo, NS; Costa, M; Puech-Leão, P; Glina. S; Reis, JMM (1995). Behavioral therapy for psychogenic impotence: does it work? J. Urol., 153(suppl):368A.
Paho/OM (2000): Promoting Sexual Health.http://www.paho.org/english/hcp/hca/promotionsexualhealth.pdf
[2] Monesi, A; Rodrigues Jr., OM (1997). Problemas sexuais femininos: anorgasmia, dispareunia, vaginismo e inibição do desejo. In Delitti, M. (org) Sobre Comportamento e cognição: a prática da análise do comportamento e da terapia cognitivo-comportamental. Santo André (SP): Arbyte Editora.
Rodrigues Jr., OM; Zeglio, C (2012). Tratamento de anorgasmia feminina Uso de técnicas psicológicas comportamentais. In Pessôa, CVBB; Costa, CE; Benvenuti, M (Org.) Comportamento em Foco vol 1. Pag. 549-559. http://abpmc.org.br/site/wp-content/uploads/2012/05/cfocov1.pdf - acessado em 21/07/2012.
[3] Wolpe, J (1981): A prática comportamental na clínica. Ed. Brasiliense: São Paulo.
Althof, S.E., et al. (2006). Psychological and interpersonal dimension of sexual functions and dysfunctions. In Lue, T.; Basson, R; Rosen, R.; Giuliano, F.; Khoury, S; Montorsi, F: Sexual medicine – Sexual Dysfunctions in men and women. Paris: Editions 21, Pag. 75-115.
Althof, S.E., et al. (2006). Psychological and Interpersonal Dimensions of Sexual Function and Dysfunction. J Sex Med, 2:793-800.
Instituto Paulista de Sexualidade (2011). Aprimorando a saúde sexual. Summus Ed., São Paulo, 2ª ed.
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