Provavelmente, você já viu
crianças e até adultos com tiques repetitivos que chamam a atenção de todos.
Eles não são simples manifestações de nervosismo, fazem parte de um distúrbio
neuropsiquiátrico: a síndrome de Tourette.
Condição que se instala na
infância, a síndrome de Tourette é caracterizada por tiques motores ou vocais
com mais de um ano de duração. Os tiques motores incluem piscar, contrair os
músculos da face, balançar a cabeça, contrair em trancos os músculos abdominais
ou outros grupos musculares, além de
movimentos mais complexos que parecem propositais, como tocar ou bater nos objetos próximos.
movimentos mais complexos que parecem propositais, como tocar ou bater nos objetos próximos.
Os tiques vocais incluem
ruídos não articulados como tossir, fungar ou limpar a garganta, e outros em
que ocorre emissão parcial ou completa de palavras. O tique mais constrangedor,
dizer palavras obscenas ou dirigir insultos, está presente em menos de 50% dos
casos.
Os critérios para o
diagnóstico da síndrome são:
1) Tiques motores múltiplos e
um ou mais tiques vocais devem estar presentes durante algum tempo, não
necessariamente ao mesmo tempo;
2) Os tiques devem ocorrer
diversas vezes por dia (geralmente em salva), quase todos os dias ou
intermitentemente por um período de pelo menos três meses consecutivos;
3) O quadro deve começar
antes dos 18 anos de idade;
4) O distúrbio não deve
surgir como consequência direta de alguma substância estimulante ou de uma
condição médica.
Os tiques costumam ser
precedidos por sensações premonitórias incômodas, localizadas na mesma região.
Há alguma capacidade de suprimi-los voluntariamente, mas o impulso para
dispará-los se torna irresistível.
Na maioria das vezes, há
diversos tipos de tiques que variam de uma semana ou de um mês para outro.
Geralmente ocorrem em ondas, com frequência e intensidade variáveis, pioram com
o
estresse, mas são independentes dos problemas emocionais.
estresse, mas são independentes dos problemas emocionais.
Eles podem estar associados a
sintomas obsessivo-compulsivos e ao distúrbio de atenção e hiperatividade. A
combinação desses três distúrbios constitui a “tríade” da síndrome de Tourette.
É possível que existam fatores hereditários comuns a essas três condições.
É possível que existam fatores hereditários comuns a essas três condições.
É importante diferenciar
tiques de compulsões. Ao contrário do tique, a compulsão ocorre em resposta a
um pensamento obsessivo (por exemplo, lavar as mãos inúmeras vezes por medo de
contaminação) e obedece a determinadas regras (um certo número de vezes ou numa
certa ordem).
Ao atingir a adolescência, os
sintomas desaparecem em cerca de 1/3 dos casos. Em outro 1/3, eles se tornam
bem menos intensos. Nos demais, persistem pelo resto da vida.
Em muitas crianças com a
síndrome, os sintomas são discretos e o problema pode ser contornado com
informação e aconselhamento para reforçar a autoestima e a autoconfiança.
Estudos clínicos têm
demonstrado a utilidade de uma forma de terapia comportamental cognitiva,
conhecida como tratamento de reversão de hábitos. Ela se baseia no treinamento
dos pacientes
para que monitorem as sensações premonitórias e os tiques, com a finalidade de responder a eles com uma reação voluntária fisicamente incompatível com o tique.
para que monitorem as sensações premonitórias e os tiques, com a finalidade de responder a eles com uma reação voluntária fisicamente incompatível com o tique.
Nos casos mais graves, em
que a repetição dos tiques seja causa de depressão, embaraços sociais,
isolamento, conflitos (por insultos vocais) ou dores musculares, pode estar
indicado o uso de agentes antipsicóticos e de outras drogas.
Como o controle prolongado da
síndrome exige tratamentos mantidos por muito tempo, no entanto, é preciso
analisar a relação de custo e benefício entre os efeitos colaterais e a redução
da intensidade dos tiques.
da intensidade dos tiques.
Em alguns casos de tiques bem
localizados, podem ser tentadas aplicações locais de toxina botulínica (botox).
Nos casos refratários à medicação, alguns autores preconizam tratamento
cirúrgico com estimulação cerebral profunda, aplicada em certas áreas do
cérebro. Esse tratamento só é indicado em casos excepcionais.
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