Muitos sofrem dessa síndrome
neurológica sem se dar conta. Você deve suspeitar dela, quando apresentar:
alterações de sensibilidade e desconforto nos membros inferiores que pioram com
a inatividade, melhoram com o movimento, agravam-se à noite e provocam
hiperatividade motora.
Os portadores geralmente
descrevem essas sensações de desconforto nas pernas como “espécie de cãibras,
queimação, prurido, garras que apertam” ou “formigas que andam sob a pele”.
Embora os sintomas surjam quase sempre nas pernas, alguns podem apresentá-los
nos braços ou no tronco.
Os pacientes se queixam de
que eles estão associados à agitação motora e urgência em movimentar o membro
acometido. Essa urgência os obriga a andar, massagear o local, fazer
alongamento ou simplesmente ficar em pé. Como uma das características da síndrome
é manifestar-se no período das 22h às 4h da madrugada, o sono fica prejudicado.
Apesar da necessidade de
movimentar-se estar sujeita a controle voluntário, a supressão dessa atividade
provoca piora da sintomatologia, irritação e agitação motora. Por isso, muitos
pacientes não conseguem ir ao cinema, participar de uma reunião prolongada,
viajar de automóvel ou avião, nem dormir em paz.
Não há exames laboratoriais
capazes de diagnosticar a doença. O diagnóstico é feito com base em seis
critérios:
1) Sensação desagradável nas
pernas à noite ou dificuldade de iniciar o sono;
2) Sensações semelhantes à
das cãibras ou formigamentos na “batata das pernas”, frequentemente associadas
a dores no local;
3) O desconforto melhora com
a movimentação;
4) O exame polissonográfico
mostra movimentação das pernas durante o sono;
5) Ausência de quadros
clínicos ou desordens mentais capazes de justificar o problema;
6) Outras desordens do sono
podem estar presentes, mas não explicam os sintomas.
São considerados critérios
mínimos para o diagnóstico os itens 1+2+3.
A síndrome não deve ser
confundida com outra desordem conhecida como “movimentos periódicos das
extremidades”, caracterizada por movimentos involuntários nas extremidades que
surgem durante a noite, principalmente nos primeiros minutos de sono ou ao
despertar, dos quais o paciente não costuma ter consciência, mas que são
percebidos por quem está junto.
É difícil estimar o número de
pessoas afetadas, porque muitos dos portadores da síndrome não procuram
assistência, mesmo quando os sintomas de agitação noturna atrapalham o repouso.
Estudos recentes, no entanto, mostram que a prevalência da síndrome aumenta com
a idade, e que atinge em graus variáveis de intensidade cerca de 10% da
população.
O mecanismo patogênico é mal
conhecido. Parece envolver alterações ainda mal caracterizadas na medula
espinal. Obesidade, fumo, uso de antidepressivos e vida sedentária talvez
estejam implicados. A prevalência aumenta em doenças como insuficiência renal
crônica, diabetes, deficiência de ácido fólico ou de ferro e na gravidez.
Homens e mulheres são igualmente afetados.
O tratamento envolve medicamentos e medidas gerais (consulte o
site www.rls.org). Os mais utilizados são os
anticonvulsivantes, opioides, benzodiazepínicos e algumas das drogas empregadas
na doença de Parkinson.
Nos casos em que a síndrome
está associada ao uso de antidepressivos ou de outras medicações, como
bloqueadores de cálcio ou metoclopramida (Plasil e outros), essas drogas devem
ser suspensas, quando possível. Se houver deficiência de ácido fólico ou de
ferro, sua correção pode melhorar o quadro.
Dados limitados sugerem que
medidas como massagem, uso de cafeína, banhos quentes, evitar álcool, parar de
fumar, praticar exercícios moderados e submeter-se a terapias comportamentais
podem aliviar os sintomas.
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