|
Mais do que uma simples tristeza,
a pessoa que sofre de depressão apresenta uma série de sintomas que
resultam em uma total perda de interesse pela vida. Ela afeta o número
impressionante de mais de 120 milhões de pessoas no mundo todo – 10 milhões
só no Brasil, segundo o Ministério da Saúde (MS) – e é a maior causa de incapacidade,
segundo informações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Por não ter
origem infecciosa, não causar dor física ou mesmo morte, muitas pessoas
ainda não veem a depressão como uma doença grave.
Confundir tristeza com depressão é comum até para o próprio paciente, mas
as características são bem diferentes. De acordo com o psiquiatra
especialista em depressão pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP)
Antônio Egídio Nardi, "a tristeza é um sentimento humano normal que
não compromete nosso raciocínio ou desempenho. Quando estamos tristes e
recebemos uma boa notícia, melhoramos o nosso humor. A depressão é um
transtorno do humor grave e frequente. A depressão pode se iniciar
vagarosamente, assemelhando-se a uma tristeza mais intensa, acompanhada de
vários outros sintomas, como desinteresse, alterações do apetite e do sono,
dificuldade de concentração, entre outros".
Não é causada por nenhum vírus ou bactéria, não sangra, não dói, não é
detectada por nenhum exame, mas nem por isso deixa de ser uma doença grave.
"A depressão é uma doença porque o paciente apresenta um conjunto de
sinais e sintomas associados temporalmente, com um curso previsível e sem
qualquer tipo de controle voluntário. Estas alterações de humor podem
ocorrer isoladamente, em sucessão, persistentemente, ou se apresentarem
misturadas, causando as mais variadas flutuações do humor nos indivíduos. A
depressão é uma condição exclusivamente humana e, por conseguinte, seu
diagnóstico se faz baseado nas características clínicas que evidenciam as
alterações no humor do indivíduo e que o levam a vivenciar mudanças
qualitativas de suas funções afetivas, cognitivas e intelectivas",
explica Antônio.
Apesar de ser cada vez mais comum, os fatores que desencadeiam a depressão
não s. "As causas da maioria das doenças são desconhecidas. Existem
muitas hipóteses, mas poucas certezas. Fatores genéticos, psicológicos,
ambientais e bioquímicos estão envolvidos na sua gênese, mas estão
presentes em graus diferentes em cada indivíduo com depressão. A discussão
se a depressão é psicológica ou biológica é igual a questão se qualquer
doença é biológica ou psicológica. Estamos certos que existem fatores
biológicos e psicológicos em todas as doenças humanas. Em algumas, o fator
biológico é determinante e os psicológicos consequência. A vida nunca é
perfeita. Caso procuremos motivos, todos encontrarão razões suficientes
para nos sentirmos tristes a qualquer hora", exemplifica.
E assim como grande parte das doenças, a depressão deve ser tratada com
medicamentos específicos. "A medicina considera hoje uma imprudência
tratar alguém com Depressão sem medicamentos. A utilização apenas de
psicoterapia para Depressão moderada ou grave é um risco e caracteriza uma
má prática médica. A psicoterapia pode piorar os sintomas de rejeição e
culpa, agravar o quadro e aumentar a chance de suicídio. É indispensável
esclarecer que os tratamentos farmacológicos não são opostos às diversas
formas de psicoterapia. Ao contrário, os dois tratamentos são
complementares. Os episódios depressivos, se não tratados corretamente, com
psicofármacos e psicoterapia, causam um sério comprometimento em várias
áreas da vida do paciente: o trabalho, a vida familiar e as atividades de
lazer ficam negligenciados, e há um risco maior de morte por suicídio",
afirma Antônio.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário