domingo, 2 de setembro de 2012

o que os homens gostam?


Estudo mostra os temas que despertam o interesse do sexo masculino



Elas topam fazer cursos, participar de reuniões e até dar uma esticada. Mas quem disse que essas distrações são privilégio das mulheres? Os programas de lazer e os cursos para a terceira idade também contam com a participação – ainda tímida, é verdade – do sexo masculino. Principalmente, quando lidam com assuntos como atualidades, finanças, política, direitos, conquistas e cidadania, como concluiu a psicóloga e gerontóloga Christianne Barbosa, em sua dissertação de mestrado pela UFRJ, sobre a baixa adesão dos homens aos programas. Ela também descobriu que eles costumam ser apresentados aos grupos por mulheres, sejam esposas ou amigas. 

Pode-se justificar a baixa freqüência deles com a já alardeada desproporção entre homens e mulheres na demografia brasileira. Na faixa etária acima de 60 anos, A proporção é de 12,1% contra 10% de homens , de acordo com a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Porém, esse desequilíbrio ainda é pequeno se comparado ao que ocorre na maioria das universidades e cursos para a terceira idade, nas quais a participação masculina nunca é superior a 30%. 

Coordenadora do Programa de Valorização do Envelhecimento da UFRJ , Christianne Barbosa se baseou nos depoimentos dos próprios participantes do grupo de convivência para entender o que, então, justificaria a recusa dos homens em se engajar. A partir das histórias de vida de cada um, ela concluiu que as representações masculinas transmitidas pela família e pela cultura são o maior obstáculo. Habituados com a associação entre masculinidade e força, eles têm dificuldade em assumir novos papéis. "A educação que essa geração de idosos recebeu era conservadora e seguia os estereótipos das diferenças de gênero", diz.

Vem daí, portanto, a identificação dos homens com temas como cidadania, política, vida pública e economia. "Eles se identificam mais com o objetivo de sustentar e prover a família, com as questões coletivas, e atribuem a fragilidade e a preocupação com a saúde à mulher", explica a coordenadora.

1
2
Felizmente, esses padrões estão mudando e os limites entre as representações de masculino e feminino tornam-se mais tênues e flexíveis", assegura Chistianne. Isso significa que, hoje, já é possível conversar com homens e mulheres dos grupos de terceira idade sobre cuidados com a saúde, a vaidade e a sexualidade. "Claro que elas ainda se sentem mais à vontade para falar, pois conquistaram autonomia e não dependem mais dos maridos", explica. 

Liberdades conquistadas à parte, as mulheres não apenas falam mais como podem monopolizar o espaço e inibir seus companheiros de sala e atividade. "É preciso estar atento para dar voz às mais diferentes opiniões, pois quando eles não sentem espaço para falar, não voltam mais", concluiu a psicóloga na pesquisa.

E não basta dar a vez, mas também ouvidos e alargar o universo temático. Foi com esse cuidado que Chistianne conseguiu aumentar a participação dos homens em seus grupos de convivência na UFRJ. No período em que fez a pesquisa, em 2002, havia apenas dez homens, num grupo que contava com 190 senhoras. Hoje, o sexo masculino já representa 25% do total. "Quando os homens conseguem se expressar, contribuem muito para o crescimento do grupo e a sensação de companheirismo", diz. 

A experiência e as adaptações na programação do PROVE, mostraram ainda que, com certo jeito, além de levantar a voz quando as discussões e palestras abrangem questões relativas a meio ambiente, infra-estrutura e direitos humanos, eles acabam conversando e opinando também quando se trata de saúde, cuidados físicos e emocionais. "Muitos agradecem por poder falar sobre corpo, vaidade, sexualidade, afeto e até beleza masculina, assuntos que antes os constrangiam", diz.

http://www.maisde50.com.br/editoria_conteudo2_t2.asp?conteudo_id=7660

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário