|
A gravidez é um dos momentos mais
mágicos da vida de qualquer mulher. O primeiro sorriso, o primeiro dente,
depois os primeiros passos, até que os filhos crescem, começam a trabalhar,
se casam e, finalmente, vão embora da casa dos pais. Da mesma forma que um
mundo novo se abre na frente dos filhos, a rotina dos pais também muda
muito e é aí que surge a necessidade de eles reaprenderem a conviver
sozinhos em casa. Entenda mais sobre a Síndrome do Ninho Vazio e as
melhores maneiras de lidar com ela.
Especialistas discutem a real existência da Síndrome do Ninho Vazio, mas é
fato que a saída dos filhos de casa muda muita coisa. De acordo com a
psicóloga e professora da faculdade de Psicologia do Mackenzie Tania
Aldrighi, "este é um termo adaptado da cultura americana que refere-se
à etapa do desenvolvimento da família em que os filhos crescem saem de casa
e os pais ficam sozinhos e necessitam reaprender a convivência do casal.
Existem controvérsias se este termo se aplica a todas as culturas, mesmo
porque as relações familiares são bem diferentes quando pensamos numa
cultura de origem latina, ainda mais se considerarmos as diferenças de classes
econômicas".
A saída dos filhos de casa pode ser muito triste para os pais, mas a maior
dificuldade está no reencontro deles enquanto casal. "No modelo
tradicional podemos dizer que a mãe tem maior dificuldade, pois teve
dedicação integral aos filhos. Porém, hoje em dia a mulher também tem a sua
vida profissional e o significado da saída também contempla este outro
lado. Uma questão que muitas vezes é esquecida diz respeito ao reencontro
do casal com a saída dos filhos, pois durante anos ambos estiveram
envolvidos com a educação e desenvolvimento de seus filhos e
esqueceram-se de cuidar do casamento. Então, nesta fase, é comum um
estranhamento dos parceiros, além de instabilidade de humor no caso de quem
for mais atingido pela saída", lembra Tania.
Os problemas familiares, portanto, estão no cerne da questão da Síndrome do
Ninho Vazio, inclusive nos casos em que os pais apresentam sintomas
depressivos associados ao evento. "Na verdade, se associa depressão
com a saída dos filhos, mas quando esta é observada, é somente resultante
de um conjunto de fatores ao longo da história da família e de seus membros
que não foram trabalhados e resolvidos anteriormente. E a saída dos filhos
é só a 'gota d'água' para um quadro que já vinha se configurando. Para as
mulheres com mais de 50 anos de idade, também não se pode pensar numa
relação linear mas sim que os fatores mencionados implicam entrar em
contato com enfrentar o envelhecimento, um momento de reflexão e avaliação
das conquistas pessoais e profissionais entre outras", diz a
psicóloga.
E é possível evitar que a mudança de rotina ocasionada pela saída dos
filhos de casa afete negativamente os pais, enquanto casal? Para Tania,
"trata-se de um processo continuo que a família aprende e desenvolve
recursos para resolver e ultrapassar as crises tanto previsíveis e não
previsíveis. Se a família está atenta aos desafios e reconhece as
limitações e procura resolvê-las da melhor forma possível. Neste sentido é
importante reconhecer as necessidades do grupo familiar, mas também
reconhecer a individualidade de cada um de seus membros, sendo este um
requisito importante para se garantir que, na saída dos filhos, cada um dos
pais e, também os filhos, possam passar por esta etapa de forma
saudável".
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário