segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

As diferenças no comportamento sexual na relação conjugal

LEANARA ABIORANA

O comportamento sexual do homem e da mulher, ao longo da evolução humana tem recebido influências significativas, chegando a determinar suas atitudes e preferências sexuais.

O ser humano é vulnerável a pressões culturais, de tal forma que as diferenças biológicas tanto para o homem quanto para a mulher existem no contexto, porém são modeladas pelo meio social; oriundas de uma infinidade de crenças e mitos que acabam por determinar uma conduta bem distante da idealizada pelo indivíduo.

Diante das preferências sexuais individuais, com freqüência surgem conflitos ao entrarem em contato com as do outro. Cada um traz para o relacionamento conjugal, seus valores individuais provindos das raízes familiares, gerando muitas vezes uma relação inadequada, e fica difícil conviver por longos anos com quem não se pode compartilhar dos mesmos hábitos e interesses.

A educação sexual tem grande influência na conduta sexual do indivíduo, exemplo disto, é a falta de conhecimento do próprio corpo, levando a inibições, frustrações e conseqüentemente a desencontros conflitivos entre os parceiros.

Com freqüência, (principalmente a mulher) por medo do que o outro possa vir a pensar, inibe suas fantasias e desejos deixando de vivenciar sua sexualidade. À medida que falta diálogo entre o casal, esse evento tende a piorar gerando distanciamento progressivo, que tende a dificultar cada vez mais a relação, fazendo com que haja insatisfação e desencontros, contribuindo para o desgaste dessa relação, gerando insatisfação, frustração, podendo chegar à desvinculação do casal.

As dificuldades variam de casal para casal, mas freqüentemente envolvem o campo afetivo e/ou sexual. Esses eventos, geralmente produzem conflitos destrutivos, que muitas vezes não podem ser resolvidos entre os cônjuges, e quando necessário pode-se buscar apoio da psicoterapia de casal como forma de ajuda, para uma melhor compreensão dos problemas na relação.

http://www.agitoflash.com.br/maceio/ler_coluna.php?coluna=7

MITOS E VERDADES SOBRE FERTILIDADE

: Quais recursos podem ser utilizados para engravidar?

Ao contrário do que muitos pensam, a infertilidade pode ser proveniente de ambos os sexos ou do casal com parcelas iguais de probabilidade. Em apenas 10% dos casos a causa é indeterminada

Segundo a European Society of Human Reproduction and Embriology (E.S.H.R.E.) a definição geral de infertilidade é a diminuição da capacidade de conceber em relação à população geral. Especialistas revelam que a infertilidade conjugal é uma situação que atinge cerca de 15 a 20% de todos os casais em idade reprodutiva. Para se ter dimensão do problema, isso significa que um a cada 5 ou 6 casais vai ter dificuldade para engravidar. Mas atualmente é possível reverter vários destes casos com os recursos avançados disponíveis nos Centros de Reprodução Humana.

O especialista em Reprodução Humana do Hospital e Maternidade Santa Joana dr. José Geraldo Caldeira relata que grande parte dos casais ainda chega com muitas dúvidas sobre infertilidade no consultório e esclarece os principais mitos:

1. Tratamentos contra infertilidade sempre geram gêmeos? Mito. A taxa de gemelares acontece em 20% dos casos.

2. Mulher com útero invertido tem mais dificuldade para engravidar? Mito. Não se trata de uma anormalidade, mas sim uma característica natural, já que a grande maioria das mulheres não apresenta sintoma/problema algum., o que ajuda muito nessa situação, é a orientação do ginecologista para adotar mudanças de posição após as relações com o objetivo de evitar perda do semem , o que pode reduzir as chances de engravidar.

3. Existem casos em que mesmo com os tratamentos adequados a mulher não consegue engravidar? Verdade. Pesquisas mostram que 10% dos casos de infertilidade são indeterminadas e em alguns casos, não é possível gerar um bebê.

4. O uso de pílula anticoncepcional por tempo prolongado pode causar infertilidade? Mito. Não importa o tempo que a mulher use a pílula, isso não interfere no processo. O que pode acontecer é o disfarce de um problema pré-estabelecido. Em alguns casos a pílula anticoncepcional pode até ajudar na prevenção do surgimento da endometriose e de cistos nos ovários.

5. Relações sexuais nos dias da ovulação resultam sempre em gestação? Mito. Mesmo se o casal tiver relações sexuais todos os dias, durante um mês, incluindo o período fértil, apenas 20% das mulheres irão engravidar. Por outro lado, muitas vezes, uma única relação, no mês, pode resultar em gravidez, principalmente no caso das mulheres mais jovens.

6. É preciso ter os dois ovários e as duas trompas para engravidar? Mito. É possível engravidar com apenas um ovário e uma trompa.

7. Mulheres atletas, que se exercitam demais, podem ter maior dificuldade de engravidar?

Verdade. Atletas de alta performance que praticam exercícios extenuantes, como corridas de longa distância, podem resultar no que se chama de amenorréia, ou ausência de períodos menstruais. Isso ocorre quando o nível de gordura do corpo cai a níveis inferiores aqueles necessários para ajudar na ovulação. Há aquelas que, mesmo com rotina de superatletas, continuam a ter a menstruação regularmente. A experiência aconselha, de todo modo, que as mulheres empenhadas em engravidar devam reduzir seus exercícios para níveis mais moderados.

8. Mulheres que possuem ovário policístico não conseguem engravidar ?

Mito. As mulheres com ovário policístico não ovulam todo mês (têm dificuldade de ovulação), por isso é mais difícil engravidar. No entanto, não é impossível como essa disfunção está ligada ao metabolismo, o médico sugere que as mulheres com esse problema tentem ajustar seu peso com dietas e práticas de exercícios físicos. Existe ainda a opção por medicamento.

9. Durante o tratamento contra a infertilidade, sexo deve ser evitado ou controlado? Falso. O contato íntimo entre o casal está liberado, levar uma vida afetiva normal ajuda a relaxar e alcançar com maior tranqüilidade o objetivo da maternidade. O sexo deve ser suspenso apenas caso o médico prescreva formalmente.

10. Mulheres com idade avançada têm mais dificuldade para engravidar? Verdade. Há um aumento na probabilidade de síndromes genéticas como por exemplo, Síndrome de Down. Chegada aos 37 anos a mulher inicia uma nova etapa cronológica em sua vida e a produção da quantidade e qualidade dos óvulos cai. Por isso, diminuem as taxas de gravidez e aumentam a ocorrência de abortos. Mulheres com idade acima da citada devem tentar engravidar por um pouco mais de tempo que as mais jovens, por volta de 1 ano e 6 meses, caso isso não ocorra espontaneamente é recomendável que a mulher procure um Centro de Reprodução Humana para realizar uma investigação mais detalhada.

11. A mulher que provoca um aborto pode reduzir as chances de engravidar novamente?

Depende. Mito: se o aborto for realizado em condição de higiene e segurança com a presença de profissionais qualificados ele não provocará outros desdobramentos. Abortos espontâneos com até 10 semanas de gestação não apresentam risco à mulher, já que a anatomia do útero permanece completa. Verdade: se o aborto for realizado em condições de risco, tal ação pode deixar seqüelas como por exemplo: lesões nas trompas, aderência das paredes do útero e infecções.

12. O uso de pílula anticoncepcional por tempo prolongado pode causar infertilidade? Mito. Não importa o tempo que a mulher use a pílula isso não interfere no processo. O que pode acontecer é o disfarce de um problema pré-estabelecido. Em alguns casos a pílula anticoncepcional pode até ajudar na prevenção do surgimento da endometriose e de cistos nos ovários.

13. O uso de "pílula do dia seguinte" pode interferir na fertilidade feminina? Mito. A pílula do dia seguinte não é 100% eficaz e a gravidez pode ocorrer mesmo após o seu uso. Vale ressaltar que essa pílula é uma boa ferramenta apenas em caso de emergências.

14. O ovo de codorna e o amendoim, conhecidos popularmente como alimentos afrodisíacos aumentam a fertilidade? Mito. A sexualidade e a libido não têm relação nenhuma com a fertilidade.

http://www1.uol.com.br/bemzen/ultnot/saude/ult491u264.htm

- Sexo no divã - Os homens querem conversar. Saiba do que eles se queixam

Por Andrea Guedes - 21/08/2009

Lugar de sexo também é no divã, pregam os terapeutas sexuais, cada vez mais procurados por casais que buscam um bom entendimento embaixo dos lençois. Além de resolver as questões da cama, a terapia ajuda os parceiros a se conhecer melhor e conquistar mais intimidade. E, embora questões sexuais atinjam pessoas de todas as faixas etárias, os homens de meia idade são os que mais buscam a terapia, e levam suas companheiras.

A constatação é da psicóloga Martha Dias Murano, do Centro de Estudo e Pesquisa de Atendimento ao Idoso, em São Paulo. Segundo ela, quando o homem se depara com as primeiras mudanças decorrentes do envelhecimento, como uma ereção não tão rígida, já se assusta com a possibilidade de ser uma disfunção erétil e busca imediatamente ajuda.

Problemas de ereção e ejaculação precoce são os que levam boa parte dos homens ao divã. E, claro, suas parceiras. Elas, por sua vez, buscam a terapia para resolver questões como anorgasmia e dispareunia (dor durante a relação sexual), afirma Martha. De acordo com a psicóloga, na maioria das vezes as queixas sexuais oriundam de questões psicológicas, tabus e repressões na infância, além de problemas na própria relação.

"Muitos casais que convivem há bastante tempo acabam criando um abismo entre eles, em vez de aumentar a intimidade. Isso gera muitos conflitos que desembocam no sexo", destaca a especialista.

Intimidade é quase palavra de ordem, segundo Martha. O melhor caminho para a resolução de muitas questões sexuais. No consultório, ela estimula a conversa e o diálogo, para que sejam expostos os sentimentos e as insatisfações. Na maioria dos casos, as sessões ocorrem uma vez por semana. E os parceiros podem fazer juntos ou separados. Dependendo das questões levantadas, o tratamento pode durar de seis meses a dois anos.

http://maisde50.uol.com.br/editoria_conteudo2.asp?conteudo_id=7405

- Dependentes do sexo

Quando a atividade sexual deixa de ser um prazer e se transforma em problema.

Nem sempre o excesso de sexo pode ser benéfico ou vantajoso. Quando o indivíduo perde a capacidade de escolha por não conseguir controlar seus impulsos, ou quando o comportamento compulsivo compromete outros aspectos da vida, como estudos ou trabalho, o diagnóstico pode ser sexo patológico. E daí não entende-se apenas como a quantidade de relações sexuais, mas masturbação em demasia e pensamentos incessantes sobre sexo.

O psiquiatra da Unifesp Aderbal Vieira Júnior, coordenador do Ambulatório de Tratamento do Sexo Patológico do Proad (Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes), explica que a idade média dos pacientes é 34 anos.

Segundo Aderbal, na maioria dos casos já vem desde a adolescência, no entanto, somente mais tarde o indivíduo percebe o transtorno. "Ele está em um outro momento da vida, buscando se estabilizar emocionalmente, e se dá conta de que a compulsão sexual é um obstáculo para isso", completa o psiquiatra.

E se o problema começa na faixa dos 30 anos, com o tempo, tende a se agravar. Em entrevista ao Jornal da Unifesp, a advogada Angela, de 37 anos, relata que começou a busca por relações via internet, em salas de bate-papo. Com o tempo, os encontros deixaram de ser virtuais e passaram a envolver somente sexo. Como tornaram-se freqüentes, Ângela percebeu que esse comportamento começou a atropelar sua vida.

"Para uma pessoa que é casada, trabalha, tem responsabilidade e rotina, dedicar-se a isso exige um esforço significativo. Perdia noites de sono na internet, em busca de pessoas disponíveis, desmarcava compromissos e sem querer afastei-me do meu marido e da minha vida. Eu considerava que tinha um casamento bacana, uma vida sexual legal com o meu marido, mas, mesmo assim, tinha outra vida, cheia de riscos", declarou ao Jornal da Unifesp.

O caso de Ângela é exceção, já que, conforme diz Aderbal, cerca de 95% dos pacientes são homens. Isso porque, geralmente, os homens dependem mais de sexo, enquanto as mulheres precisam de relação.

"Outro aspecto que explica porque eles são mais atingidos é que o homem é vangloriado quando transa com dez mulheres em uma noite, hipoteticamente. Já a mulher é mal vista", destaca o psiquiatra.

O sexo patológico é tratado no ambulatório do Proad com psicoterapia, individual ou em grupo. Caso a disfunção seja decorrente de algum transtorno psiquiátrico, utiliza-se medicamentos. "Em certos casos, também pode-se conciliar a terapia ao uso de antidepressivos, que baixam a libido", afirma Aderbal.

http://maisde50.uol.com.br/editoria_conteudo2.asp?conteudo_id=7422

Gestante e parceiro sexual irão fazer teste rápido de HIV e sífilis

Gestantes e seus parceiros sexuais, como marido ou namorado, poderão fazer teste rápido para o diagnóstico de HIV e sífilis na rede básica de saúde pública, conforme portaria do Ministério da Saúde publicada hoje (13) no Diário Oficial da União.

De acordo com a portaria, os testes de sangue serão feitos durante o pré-natal pelo programa Rede Cegonha. O resultado sai em menos de 30 minutos. Diagnosticar e tratar essas doenças o mais rápido possível durante a gravidez é importante para impedir a transmissão para o bebê.

De 2000 a 2009, foram identificadas 54.218 gestantes com o vírus da aids no país, de acordo com o Ministério da Saúde. Apesar da média nacional ter caído de 5,4 casos para 3 casos por 100 mil habitantes em crianças com menos de 5 anos de idade no período, houve aumento da incidência da doença nas crianças nas regiões Norte e Nordeste. Nessa faixa etária, a principal forma de transmissão é a vertical, de mãe para filho na gestação.

A testagem é indicada nos primeiros três meses, mas pode ser feita até na hora do parto. Com o tratamento médico, a chance do bebê contrair a doença cai para menos de 1%. Quando não há tratamento, a taxa de risco chega a 20%. As recomendações são o uso de antirretrovirais, parto de cesárea e não amamentar. O Brasil quer diminuir para 2% a transmissão vertical da aids até 2015.

Cerca de 12 mil casos de sífilis congênita, também transmitida de mãe para filho, são registrados por ano. A infecção provoca má-formação do feto, aborto ou morte da criança. O indicado é fazer o teste nos primeiro trimestre de gestação e repeti-lo no último mês e antes do parto, já na maternidade. O tratamento da mãe e do bebê é a base de penicilina. Os parceiros sexuais também devem se tratar para evitar uma nova infecção da parceira.

http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultimas-noticias/2012/01/13/gestante-e-parceiro-sexual-irao-fazer-teste-rapido-d

Estudo indica que infecções de HPV oral são mais comuns em homens

Infecções na boca e na garganta de uma doença transmitida principalmente pelo sexo conhecida como papilomavírus humano (HPV), que pode levar ao câncer, são mais comuns entre os homens do que entre as mulheres, segundo um estudo americano divulgado nesta quinta-feira (26).

Cerca de 7% da população dos EUA com idade entre 14 e 69 anos tem HPV oral, informou a pesquisa publicada no Journal of the American Medical Association, com uma taxa de incidência de 10.1% entre os homens e 3.6% entre as mulheres.

As descobertas esclareceram ainda mais uma crescente epidemia de câncer nas regiões da cabeça e do pescoço ligada ao HPV que devem superar os casos de câncer de colo de útero em 2020, e pode justificar os testes clínicos de uma vacina de HPV contra lesões orais, disseram os autores do estudo.

Atualmente a vacina de HPV é recomendada para meninos e meninas logo cedo, nas idades de 9 a 10 anos para evitar futuros cânceres de colo de útero e anal.

O estudo incluiu 5,579 pessoas que participaram da Pesquisa Nacional de Avaliação da Saúde e Nutrição (NHANES, na sigla em inglês) de 2009-2010, e concordaram com um teste de enxágue bucal de 30 segundos em um centro de exames móvel.

O estudo descobriu que o HPV oral é mais frequente entre pessoas idosas, em parceiros sexuais recentes e entre fumantes, pessoas que bebem muito álcool e entre usuários, atuais ou antigos, de maconha.

As maiores taxas de HPV oral entre os homens são vistas com mais frequência nas idades de 60 a 64 anos, com 11,4% de casos nessa faixa etária. O segundo nível mais alto foi encontrado entre homens de 30 a 34 anos.

Sexo oral

De acordo com a especialista Maura Gillison, do Ohio State University Comprehensive Cancer Center, os dados sugerem que a provável causa das infecções de HPV oral está ligada ao sexo.
"Analisados juntos, esses dados indicam que a transmissão pelo contato casual, não sexual, é pouco comum," escreveu ela, pedindo mais estudos nesta área para estabelecer o que os pesquisadores chamam de "história natural" da doença.
"Apesar da infecção de HPV oral ser a causa do câncer que está crescendo em incidência nos Estados Unidos, pouco se sabe a respeito da epidemiologia da infecção", indicou Gillison.
"Estudos de história natural de infecção de HPV oral são, portanto, necessários para entender os efeitos da idade, do sexo, e os fatores de risco modificáveis (por exemplo, fumo e comportamento sexual) quanto à incidência e duração da infecção de HPV oral".


Câncer
Cânceres orais "cresceram significativamente nas últimas três décadas em vários países e o HPV tem sido diretamente relacionado como causa subjacente," de acordo com informações do artigo.

Gillison, que estuda o HPV e o câncer há 15 anos, disse em uma conferência científica realizada nos EUA no ano passado que quando pessoas que têm HPV oral são comparadas com aquelas que não têm, "o único grande fator é o número de parceiros com quem elas fizeram sexo oral."
Pessoas com infecções de HPV oral têm 50 vezes mais chances de ter câncer oral que as pessoas que não têm HPV.
Os pesquisadores observaram um aumento de 225% nos casos de câncer oral nos Estados Unidos de 1974 a 2007, principalmente entre homens brancos.
O HPV está ligado a quase 13 mil casos de câncer de colo do útero por ano em mulheres americanas, sendo que 4.300 deles são fatais.

Pesquisadores acreditam que o número de casos de câncer oral vai superar o número de casos de câncer de colo de útero nos próximos oito anos.
O estudo foi financiado em parte pela gigante farmacêutica Merck, que produz a vacina contra HPV.
A Gardasil da Merck foi aprovada para meninas e mulheres de idades entre 9 e 26 anos em junho de 2006 e para homens na mesma faixa etária em outubro de 2009.


http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultimas-noticias/afp/2012/01/26/estudo-indica-que-infeccoes-de-hpv-oral-sao-mais-comuns-em-homens.jhtm

Disfunções Sexuais femininas

A atividade sexual é um processo extremamente complexo, sendo composta de uma interligação de vários sistemas orgânicos (neurológico, endócrino e vascular), estados psicológicos, características sócio-culturais e religiosas. É muito influenciada por estados mórbidos diversos, pelo envelhecimento, pelos relacionamentos e pelas experiências anteriores. Quaisquer alterações nessa ampla gama de fatores, pode levar a alterações nas várias fases do processo sexual.

Estima-se que 19% a 50% das mulheres têm disfunções sexuais. Este número se estende para 68% a 75% quando são incluídas as insatisfações sexuais não relacionadas com as disfunções sexuais propriamente ditas.

Uma revisão de prontuários feita por um grupo de médicos revelou uma incidência de apenas 2% desses problemas nas mulheres estudadas. Tal fato ilustrou a dificuldade dos médicos generalistas em identificar tais problemas. Daí a necessidade de uma maior educação nesse sentido. Com esse intuito, foi feita uma revisão na literatura médica sobre esse assunto para que pudesse ser feito um maior esclarecimento desses profissionais. A responsável por esse trabalho foi a Dra. Nancy A. Phillips da Wellington School of Medicine da Universidade de Otago - Nova Zelândia. O trabalho foi publicado na revista médica American Family Physician de julho de 2000.

Classificação

As disfunções sexuais nas mulheres são classificadas em: disfunções de desejo, de excitação e de orgasmo e as dores sexuais - dispareunia e vaginismo. Para que um médico possa identificar o distúrbio em questão, é importante que ele possa obter um conjunto de informações detalhadas sobre diferentes aspectos da vida da paciente. Por isso, a importância de uma relação de confiança paciente-médico, onde haja uma abertura para esse tipo de abordagem.

Deve-se distinguir as disfunções de acordo com seu padrão temporal entre situacional ou global, pois pode ser que esteja havendo problemas com um parceiro específico, num momento específico, ao contrário das disfunções, que ocorrem independentes do parceiro. Deve-se também certificar da presença de mais de uma disfunção, devido ao fato de que muitas vezes possa haver sobreposição das mesmas.

Por exemplo, uma paciente queixando-se de diminuição do desejo sexual, pode estar tendo uma incapacidade orgásmica, o que por sua vez é a verdadeira causa do distúrbio. Assim, otratamento da disfunção orgásmica restabeleceria o desejo sexual, enquanto que o tratamento da disfunção de desejo não daria resultados satisfatórios.

O exame físico realizado pelo médico visa a descoberta de alterações nos órgãos genitais ou outras áreas que possam explicar os sintomas apresentados. Por isso, a importância da cooperação da paciente e de suas informações no momento do exame.

Quais são as causas das disfunções sexuais?

Várias são as causas que para uma maior compreensão didática e são dividas em vários grupos.Condições médicas em geral podem ser causas diretas ou indiretas desses distúrbios. Doenças vasculares associadas com diabetes podem levar a uma diminuição da excitação sexual; doenças do coração e pulmões podem dificultar a atividade sexual devido à falta de ar que essas pode causar; incontinência urinária pode levar a desconforto e vergonha diminuindo a atividade sexual. Tratamentos adequados das doenças crônicas podem levar a uma melhora clínica, facilitando a atividade sexual.

O uso de drogas, sejam elas ilícitas, devido a automedicação ou necessárias para tratamento de alguma condição médica (antidepressivos, ansiolíticos, lítio, digoxina, alguns anti-hipertensivos, contraceptivos orais, antialérgicos, etc), cigarro, álcool também são responsáveis por distúrbios sexuais.

Problemas ginecológicos contribuem fisicamente para dificuldades sexuais: cistite, câncer de mama (diminui a simbolização sexual feminina) e outras enfermidades. As mudanças ginecológicas durante a vida de uma mulher podem mudar sua sexualidade: puberdade, gravidez, período pós-parto e climatério.

Na puberdade, pode haver problemas quanto à identidade sexual, imaturidade psíquica e orgânica que gera incertezas e inseguranças. A gestação e período pós-parto estão geralmente associados com uma diminuição do desejo sexual, que pode se prolongar na lactação. O estado de hipoestrogenismo (diminuição de estrógeno – um hormônio feminino muito importante na regulação do ciclo menstrual dentre várias outras coisas) desencadeado pela menopausa, pode levar a alterações no humor, ressecamento da vagina, o que pode trazer, além de uma diminuição do desejo sexual, alguma dor com relação ao ato em si (dispareunia).

Abordagem Básica para o Tratamento

Educação - procure informações do seu médico sobre a anatomia, funções dos órgãos, mudanças corporais, para que se possa entender melhor o funcionamento do seu corpo. Peça a seu médico, informações escritas através de folhetos e discuta suas dúvidas abertamente.

Estimulação e diminuição da rotina - use materiais eróticos que possam promover uma maior excitação, a masturbação pode aumentar a familiaridade com o parceiro e aumentar as sensações prazerosas, a comunicação durante o ato sexual pode ter o mesmo papel, a mudança de horários e locais do ato sexual pode ser outra alternativa.

Técnicas de Distração - fantasias eróticas ou não, contração e relaxamento dos músculos pélvicos durante o ato sexual.

Troca de carícias não coitais - fazer massagens sensuais em locais diferentes dos órgãos genitais, com a comunicação entre os parceiros sobre como sentem durante tais manipulações, pode promover um maior conhecimento dos desejos mútuos.

Diminuição da dispareunia (dor à penetração) - pode ser feito através de pomadas a base de lidocaína, banhos mornos antes do ato, agentes lubrificantes, posições que não possibilitem um contato forte do pênis com o fundo da vagina.

Tratamento das Disfunções Específicas

Disfunção do Desejo Sexual

São mais difíceis de tratar por que geralmente estão relacionados com e a monotonia nas relações, ou também devido a problemas conjugais. Em mulheres na pré-menopausa, pode estar relacionado com estresses do dia a dia (crianças, trabalho), medicamentos ou outra disfunção sexual (dor ou problemas orgásmicos). Em mulheres, na peri ou pós-menopausa, a reposição hormonal pode trazer benefícios de várias maneiras, assim, deve-se avaliar com o ginecologista a possibilidade de fazê-la.

Não há tratamento médico específico para esse distúrbio e caso não sejam encontrados problemas hormonais ou outros distúrbios sexuais, deve-se encaminhar a paciente para profissionais especializados em terapia sexual. Não há consenso médico de que o uso da testosterona poderia beneficiar este grupo de mulheres.

Disfunção da Excitação Sexual

O tratamento dessa disfunção tem sido a utilização de cremes lubrificantes vaginais. Esses distúrbios podem ser devido a uma baixa estimulação, especialmente em mulheres mais velhas. Por isso, deve-se demorar mais para a penetração sexual, para que uma maior estimulação seja possível. A ansiedade pode também diminuir a excitabilidade sexual. Técnicas de relaxamento são importantes para a sua diminuição.

A atrofia urogenital é a forma mais comum de disfunção de excitação sexual em mulheres pós-menopausa (devido à diminuição do estímulo estrogênico ao epitélio urovaginal) e pode ser tratada com a reposição hormonal, associada ao uso local de pomadas de estrogênio. Isso deve ser avaliado pelo ginecologista. Naquelas mulheres que não podem fazer a reposição hormonal, o tratamento fica mais difícil. Novas formas de terapia estão sendo estudadas, mas até o momento o sildenafil não é recomendado para tal fim, apesar de haver informações do público leigo a esse respeito.

Desordens Orgásmicas

A anorgasmia é bem responsiva à terapia. É uma situação comum devido à inexperiência sexual ou à ausência de estimulação suficiente, em mulheres que nunca experimentaram um orgasmo. Pode ocorrer também devido a inibições psicológicas involuntárias ou causadas por medicações ou doenças crônicas.

O tratamento se resume em aumentar a estimulação, exercícios de contração e relaxamento da musculatura pélvica no momento máximo de estimulação, métodos para minimizar a inibição através de diferentes formas de distração. Mulheres que não respondem a tais medidas podem se beneficiar de um acompanhamento psicológico.

Dores do Coito

A Dispareunia (dor sexual), pode ser dividida em três tipos: superficial, vaginal e profunda. A forma superficial ocorre na tentativa da penetração e está relacionada com alterações secundárias a condições irritativas ou ao vaginismo.

A forma vaginal é uma dor referida como fricção, ou seja, é devida a problemas de lubrificação vaginal como alterações hormonais e distúrbios de excitação. A forma profunda está relacionada com o contato do pênis com o fundo da vagina, e está geralmente associada a distúrbios pélvicos ou de relaxamento.

O Vaginismo é a contração exagerada dos músculos da porção externa da vagina e está geralmente relacionado com fobias sexuais e história de abuso sexual infantil. Pode ser completo ou momentâneo, sendo possível não ser detectado ao exame físico. O tratamento se faz através de técnicas de relaxamento muscular progressivo e dilatação da vagina contraída.

De acordo com as informações acima, pode-se ter uma idéia se tais problemas estão fazendo parte de sua vida sexual, o que talvez, pode ser interpretado como algo normal ou como algo sem solução. Caso você possua alguma dessas disfunções, consulte seu clínico geral ou ginecologista.

http://boasaude.uol.com.br/lib/showdoc.cfm?LibCatID=-1&Search=disfun%EF%BF%BD%EF%BF%BDo%20sexual&LibDocID=5293

Depressão e desejo sexual


Há muito já se sabe da relação entre os processos depressivos e alterações sexuais, dentre as quais, mais comumente a diminuição do apetite sexual, também chamada de libido. Essa relação pode passar despercebida pelo fato de haver uma melhora do quadro sexual ao se tratar a depressão. Para se ter uma idéia, uma pesquisa nacional nos EUA em 1994, revelou que cerca de 30% das mulheres e 17% dos homens, entre 18 a 59 anos de idade, tinham uma diminuição do interesse sexual naquele ano. Pessoas com problemas depressivos ou distúrbios de humor bipolar têm tais índices ainda maiores. Um estudo feito com pacientes deprimidos demonstrou que mais de 70% deles tinham diminuição de libido sendo esse um dos piores sintomas do distúrbio. Outro estudo demonstrou um aumento na prevalência de distúrbios afetivos em pessoas com desejo sexual reprimido.

Introdução

Independente de sua relação causa-efeito, depressão e diminuição da libido estão associadas. No intuito de se definir uma conduta mais objetiva nessas situações, os Drs. Robert L. Phillips e James R. Slaughter, da Escola de Medicina da Universidade de Columbia – EUA, desenvolveram um estudo a respeito do tratamento e da abordagem da depressão relacionada com diminuição do desejo sexual. Um resumo desse estudo foi publicado na revista médica American Family Physician deste ano.

O Estudo

É comum as pessoas terem dificuldades para transcorrer sobre seus problemas e insatisfações sexuais (diminuição da libido, impotência, incapacidade de obter orgasmo) com o médico se esse não for direto à questão. Os efeitos sexuais de diversos remédios prescritos pelos médicos também são muitas vezes ocultados. Algumas vezes, tais alterações não são percebidas enquanto os parceiros não as queixam, ou com freqüência, são responsabilizadas pela racionalização com bases em problemas, valores ou práticas sociais e, assim, passam por um longo tempo sem serem questionadas ou resolvidas. Por isso, percebe-se que um importante fator de dificuldade diagnóstica é o não questionamento dos médicos sobre tais problemas. Num estudo com pacientes em uso de um antidepressivo específico, houve uma chance quatro vezes maior dos pacientes falarem sobre problemas sexuais se indagados pelos médicos. Há uma estreita relação entre a gravidade da depressão e da diminuição da libido.

Antes, durante e depois do tratamento

Antes de começar o tratamento para depressão, é importante que o médico tenha uma idéia real das funções sexuais do paciente o que necessitará ao mesmo tempo, que o próprio paciente esteja atento a isso. Assim pode-se perceber com maior facilidade, alterações na função sexual após o início da terapia medicamentosa.

Todas as pessoas que vão ser tratadas e que obtêm uma melhora da depressão após o tratamento, mas que mantém as alterações sexuais, devem expor ao médico as seguintes informações, caso sejam elas verdadeiras:

- uso de outras medicações: drogas antipsicóticas (haloperidol, thioridazine, risperidone); cimetidina; drogas para diminuir a pressão arterial; em fim, quaisquer outros medicamentos em uso;

- contraceptivos orais hormonais em mulheres no fim do período reprodutivo; mulheres sob o uso de reposição hormonal pós-menopausa;

- fatores estressantes psicológicos e sociais;

- uso de álcool e drogas ilícitas como cocaína, narcóticos e quaisquer outras drogas.

Um importante número de medicamentos antidepressivos pode levar a uma diminuição da libido apesar da melhora do quadro depressivo. Em um estudo, cerca de metade dos pacientes relataram tais alterações quando utilizando um grupo específico de drogas (Fluoxetina, Paroxetina, Fluvoxamina, Celexa e Sertralina). Mesmo com a descoberta de novas drogas mais específicas contra a depressão, as drogas já utilizadas têm sido também usadas para o tratamento de alguns tipos de dor, podendo levar a tais efeitos na função sexual desses pacientes.

Quando a libido continua diminuída mesmo com o tratamento do processo depressivo, pode-se tentar uma diminuição da dose do antidepressivo utilizado. Tem-se percebido uma ausência de alteração no quadro depressivo quando essas doses são abaixadas. Não há grandes evidências de que a retirada da droga por um ou dois dias possa melhorar tais problemas podendo ao contrário, piorar o quadro depressivo. Caso a redução da dosagem dos antidepressivos não mantenha o tratamento adequado para a depressão, deve-se pensar em outra droga aliada à já utilizada, ou no lugar dessa.

Conclusão

É importante lembrar que diante de um quadro depressivo, seja ele devido a distúrbios sexuais ou o oposto ou ainda sem essa relação causa-efeito, diversas abordagens podem ser propostas de acordo com cada caso e com a experiência do médico ou terapeuta em questão, antes que sejam indicados medicamentos antidepressivos. A vida por si só proporciona momentos de tristeza, desânimo, introspecção, em fim, diminuição de energia vital como um todo. As drogas antidepressivas podem agir, muitas vezes, como aliviadoras de sintomas, não agindo na raiz do problema, que assim, pode retornar com diversos outros sintomas, não necessariamente psíquicos (especialmente em crianças, adolescentes e idosos). Existem situações, no entanto, que estão relacionadas com alterações bioquímicas cerebrais que diminuem certos neurotransmissores (partículas que levam informações cerebrais para as diversas áreas do cérebro) levando a quadros depressivos mais intensos e irresponsivos a terapias não medicamentosas, quando então estão indicadas as drogas. Essas também estão prescritas no caso de depressões graves associadas com risco de vida (suicídio). Todas as situações graves devem ser familiares aos terapeutas não-médicos para que os mesmos possam encaminhar tais pacientes aos médicos, em tempo hábil. Da mesma forma, é importante que os médicos interpretem o quadro depressivo como um todo, colocando-o dentro da história de vida da pessoa. Somente dessa forma, poderá ele, diferenciar uma depressão reacional a situações estressantes, de uma doença mais grave e que necessitará de uma intervenção mais proeminente. Deve ser lembrado também, que por vezes, as próprias pessoas demandam o uso de remédios pelo fato de não estarem dispostas a descobrir e enfrentar as situações estressantes da vida naquele momento.

Entretanto, há várias correntes de estudo, cada qual com sua teoria e sua abordagem terapêutica, o que transforma tal assunto nos mais complexos em se tratando de saúde mental, física e social, nessa época histórica de tantas mudanças de valores culturais e individuais. Assim sendo, parece ser de extrema importância, uma boa relação entre o médico/terapeuta e seu paciente, aí está calcada a semente do sucesso terapêutico.

http://boasaude.uol.com.br/lib/showdoc.cfm?LibCatID=-1&Search=disfun%EF%BF%BD%EF%BF%BDo%20sexual&LibDocID=3787

Sexo na gravidez é saudável e não machuca o bebê


Especialistas aprovam a relação sexual durante a gestação e recomendam as melhores posições . Casal não deve perder a harmonia e o contato íntimo durante a gravidez. Alguns tabus ainda envolvem o sexo durante gravidez. Pais e mães de primeira viagem temem machucar o bebê e questionam sobre a melhores posições para a relação sexual.

Segundo o médico Hugo Miyahira, vice-presidente da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Estado do Rio de Janeiro, sexo durante a gravidez é saudável, aproxima o casal e não prejudica o bebê. “O neném fica dentro da cavidade uterina, e o colo, por sua vez, mantém-se fechado”, explica. Miyahira conclui apontando que o bem-estar da gestante reflete no filho: “A mulher precisa se sentir muito confortável”.

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Depois que a barriga aparecer, algumas adaptações podem ser necessárias. O tradicional "papai e mamãe" é uma das poucas posições não recomendadas para as grávidas, pois o abdômen sofrerá pressão. Evite também maneiras semelhantes e deixe a barriga sempre confortável.

“A melhor posição para uma boa noite de amor deve ser aquela que deixe ambos à vontade. 'De quatro' costuma ser a mais confortável para a mulher, além de prazerosa para o homem”, afirma.

Outras posições adequadas:

· O homem fica deitado e a mulher sentada por cima dele. Além do conforto, a gestante pode controlar a intensidade da relação;

· No “meio papai e mamãe”, a mulher fica por baixo e o parceiro por cima. Mas ele não deve deitar totalmente sobre ela. Para poupar a barriga da gestante, o homem deve manter o tronco um pouco elevado;

· A mulher fica deitada de lado, com as pernas flexionadas, de forma que facilite o encaixe do parceiro. A barriga deve ficar apoiada na cama ou em um travesseiro.

É importante lembrar que, se a gravidez for considerada de risco, o médico deverá orientar a frequência das relações sexuais. Caso a penetração seja desaconselhável, outras formas de carinhos podem aproximar o casal.

O desejo da mulher aumenta durante a gravidez?
De acordo com o sexólogo Cassio dos Reis, algumas grávidas sentem muito desejo. “Os genitais ficam mais intumescidos e, normalmente, a excitação intensa”, afirma.

http://delas.ig.com.br/amoresexo/sexo+na+gravidez+e+saudavel+e+nao+machuca+o+bebe/n1237536117616.html

domingo, 29 de janeiro de 2012

A Devolução das Crianças no Processo de Adoção: Análise das consequências para o desenvolvimento infantil

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Resumo: Este estudo irá abordar a devolução das crianças no processo de adoção, acentuando de que forma este ato influenciará no desenvolvimento desta criança bem como na sua forma de relacionar-se com o meio em que está inserido. Para tal estudo, tomamos como base o único caso documento sobre o assunto ocorrido em São Luís – MA no ano de 2011. Elencaremos também quais os métodos utilizados pelas autoridades competentes e quais medidas tais órgãos utilizam para lidar com tal evento. Buscaremos ainda analisar os motivos apresentados pelo casal que decide devolver a criança em questão – aqui chamada ficticiamente de João - e de que forma esta criança lidou com este novo abandono, neste sentido abordaremos também as diferenças entre os dois casais relatados no caso – o primeiro casal que devolve a criança e o segundo que o adota posteriormente.
Palavras-chaves: adoção, abandono, família, criança, desenvolvimento infantil.

1. Introdução

Os poucos trabalhos que existem sobre esta temática ressaltam a subjetividade dos pais envolvidos no processo da adoção, este trabalho, no entanto, procura ressaltar os motivos que levam adotantes e guardiões (madrinha, padrinho, tios, avós...) a “devolverem” as crianças envolvidas. O sucesso da adoção depende da dinâmica familiar (GHIRARDI, 2008), no entanto, mesmo que esta não possa oferecer os cuidados essenciais à criança, alguns motivos apresentados são dignos de serem discutidos e precisam ser mais bem analisados antes de serem considerados na tomada de qualquer decisão que influenciará mais ainda o desenvolvimento psicológico, já comprometido, de uma criança que viveu num abrigo e que por algum tempo tenha tido experiências com uma família. A criança que é “devolvida” sofre novamente o trauma do abandono e da rejeição, por isso, é preocupante observar que muitos argumentos são tão facilmente aceitos.

Não é um ato responsável deixar uma criança nas mãos de alguém correndo o risco de ela não receber os cuidados necessários, no entanto muitos adotantes não apresentam motivos satisfatórios o suficiente para a devolução. O que de fato acaba sendo considerado pelo juiz da infância é que é perigoso deixar uma criança nas mãos de alguém que em qualquer atitude pueril encontre um motivo para devolvê-la. Este estudo pretende além de expor uma visão panorâmica sobre esta realidade, também analisar o caso “João”, ocorrido em São Luís (MA) e discorrer sobre quais possíveis consequências este acontecimento causou ao seu desenvolvimento psicológico.

2. Descrição do Caso “João”

O fato ocorreu na cidade de São Luís – MA, no ano de 2010, e até a presente data é considerado o único caso relatado nos arquivos da SAES nesta capital desde a fundação da I Vara da Infância e da Juventude.

No dia 12 de abril de 2010, um casal entrou com o pedido na I Vara da Infância e da Juventude para se inscrever nos cadastros de pretendentes à adoção, a fim de adotar uma criança, preferencialmente, com as seguintes características: menino, menor abandonado, com até três anos de idade, com boa saúde física e mental, de qualquer raça ou origem; os motivos para tais preferências justificam-se pelo fato da mulher já possuir uma filha biológica, fruto do primeiro casamento, na época com 24 anos residindo na Austrália onde era modelo profissional, mas não ter nenhum filho com seu atual marido, além de afirmarem possuir “muito amor para dar a essas crianças (menores abandonados) tão carentes de afeto”. O homem, aqui com o nome fictício de Claudio Silva, empresário do ramo de construção civil, gaúcho com residência fixa na cidade desde 2008, e sua mulher Joana Silva, enfermeira, também gaúcha, atualmente exercendo a profissão de empresária em sociedade com o marido.

O casal foi entrevistado pela equipe da I Vara da Infância e Juventude e deram início a todos os procedimentos legais (entrevistas psicológicas, cursos de capacitação para adoção, entrega de documentos que comprovem sanidade mental, idoneidade moral, etc.) para estarem aptos a adotarem uma criança, sendo considerados capacitados para a adoção ao final do processo, visto que se enquadrou em todos os requisitos básicos exigidos por lei.

Dessa forma, no dia 23 de agosto de 2010 o casal encontrou-se com o menino João, na época com dois anos de idade e que morava numa Casa Abrigo desde seus primeiros dias de vida, visto que sua mãe biológica foi destituída do poder familiar materno em razão da mesma ser portadora de esquizofrenia com manifestação de cronificação e estando aos cuidados de um hospital psiquiátrico há pelo menos vinte anos. Uma vez que nenhum familiar dos pais biológicos da criança se manifestou para reclamar sua guarda nem tampouco esta criança poderá contar com a ajuda da mãe, a mesma ficou aos cuidados da casa abrigo à espera de uma família substituta, como prevê a lei nesses casos.

Um encontro do casal com o menino João foi descrito pelos relatores do processo como sendo de uma “empatia instantânea”, onde o menino se apegou inicialmente com o homem e depois se afetuando também à mulher. O vínculo se estabeleceu tão rapidamente e de forma tão intensa que antes de completarem um mês de visitas, o menino já chamava o casal de “pai” e “mãe”. Mediante tal situação, o casal entrou com o pedido de guarda provisória da criança passando primeiramente por uma série de entrevistas tendo, logo após o estágio de convivência concluído, a guarda provisória de 120 dias foi concedida no dia 16 de novembro de 2010.

Quando do processo de habilitação e posteriormente nas entrevistas para elucidação do pedido de adoção do menino João, o casal afirmava que o menino havia escolhido eles e que este era uma grande bênção em suas vidas e que não conseguiam mais avaliar o seu dia-a-dia sem a criança, pois ela preenchera todas as expectativas em relação à maternidade e paternidade e que estariam dispostos a lidar com as possíveis birras e dificuldades que pudessem surgir durante o processo de adaptação. Na análise técnica e parecer psicossocial, o casal foi considerado“aptos para dar amor e um lar harmonioso à criança bem como se colocaram dispostos a fortalecer os laços de filiação com a criança”.

Entretanto, logo após a visita da equipe da I Vara, a mãe adotiva relatou que João apresentou reações comportamentais adversas, tais como: birra, insônia, comportamento regressivo e insegurança, mas tal episódio foi considerado um fato isolado, visto que no geral o menino tinha se desenvolvido bastante, principalmente no aspecto linguístico e nutricional. A mãe afirmou ainda que João possuía dificuldades em expressar sentimentos, principalmente por meio do toque, fato que foi justificado pela história de vida da criança e ao longo período de institucionalização do mesmo.

De grande surpresa foi quando, no dia 11 de janeiro de 2011, o casal em questão se apresentou espontaneamente ao SAES da I Vara com o intuito de devolver o menino João, alegando inadaptação do mesmo ao convívio familiar. Após este fato, o menino retornou a casa abrigo que morava antes da adoção.

Após o fato acima citado, o casal teve seus nomes retirados do cadastro local e nacional de pretendentes à adoção, visto que passaram a ser considerados inaptos para adotar uma criança, uma vez que não pensaram nos prejuízos que causaram ao menino em questão que sofreu pela segunda vez a dor de um abandono, decidindo devolver o mesmo apenas após três meses de convívio com a criança, tempo este no qual a mesma já havia estabelecido um vinculo com os “novos pais”.

No dia 11 de abril de 2011, o SAES informou ao juiz que o menino João havia sido adotado novamente por outro casal. Desta vez, o casal adotante residia em Recife-PE e conhecera o menino João devido às buscas que havia sendo feitas desde o inicio do mês de março do corrente ano para se conseguir novos pais adotivos para o mesmo. Uma vez esgotadas as possibilidades na lista local de pretendentes (alguns casais já haviam desistido devido ao histórico familiar do garoto), a equipe da I Vara buscou no cadastro nacional de adoção. O casal – aqui denominado como Paulo e Ana – apresentou interesse em conhecer melhor o infante e após conhecimento da história do mesmo, resolveram dar início ao processo de adoção.

No dia 23 de março de 2011 o casal compareceu na I Vara, onde as equipes técnicas do SAES e da Casa Abrigo onde o menino João residia realizaram as primeiras orientações aos pretendentes sobre o período de adaptação e estagio de convivência. O casal empreendia esforços constantes para adaptação de João ao seio familiar com muita tranquilidade e sabedoria dos mesmos, sendo possível perceber claramente um avanço na relação que ora se construía. Nas visitas realizadas ao casal após a entrega provisória do infante, pode-se perceber que João se adaptava bem à nova rotina e aos membros da futura família, nesse sentido, a presença do filho mais velho dos requerentes, “Pedro” de seis anos, também filho adotivo, foi importante nesse processo, pois apesar das diferenças de temperamento e idade, pareciam muito íntimos, eram afetivos entre si e, como todo irmão, Pedro por vezes manifestava ciúmes e alguns conflitos, os quais eram sabiamente administrados pelos pais.

O casal relatou que João adquiria segurança na relação parental, entretanto por várias vezes apresentava medo de ser abandonado, pois sempre que era corrigido pelos pais, perguntava-lhes: “Eu ainda vou para o Recife? Você (referindo-se ao pai ou a mãe) ainda gosta de mim?”. Nesses momentos os pais sempre demonstraram preparo e segurança para lidar com a criança, aspectos que contribuíram sobremaneira para o avanço nas relações familiares.

João vinha sendo acompanhado por uma psicóloga desde o dia 23 de março de 2011 e, segunda esta, apesar de seu histórico de abrigamento e insucesso no processo de adoção anterior, o menino havia conseguido elaborar de forma satisfatória todo o sofrimento pelo qual havia passado. Nesta reunião sobre a evolução emocional da criança, destacaram-se aspectos comportamentais, tais como: aumento da agressividade, diurese voluntária e acentuada, aumento da sexualidade – constatada através da manipulação dos órgãos genitais como forma de chamar e reter a atenção dos adultos. Foi observado também, em um dos encontros de João com o casal requerente, uma involução a ponto de deixar de fazer diversas atividades que já costumava realizar sozinho, tais como: amarrar os sapatos, comer e vestir-se. Interpreta-se tal comportamento como uma forma de tentativa de aproximação, uma maneira de reter a atenção do casal e suprir uma carência desenvolvida pela própria situação de abrigamento.

Por fim, apesar do menino – assim como qualquer criança na situação do mesmo – apresentar dificuldades para sentir-se seguro em relação ao amor dos futuros pais, o casal afirmou ter consciência que enfrentarão dificuldades, mas que estão dispostos a enfrentá-las; posto isso, no dia 06 de abril de 2011, foi expedido o documento de adoção do menino João, que desde então passou a viver com a nova família na cidade natal dos mesmos.

3. Resultados e Discussões

A partir do exposto caso, podemos observar de que maneira se concebe o processo de adoção e de que forma esse processo afeta os envolvidos no mesmo. A vida do menino João possui um histórico de abandono que, sem dúvidas, marcará sua personalidade, e em curto prazo já interfere em suas relações com o meio social, afinal:

[...] se uma criança cresce em situação irregular (afastada da vida familiar), pressupõe-se que sua base de segurança tende a desaparecer, o que pode prejudicar suas relações com os outros, havendo, assim, prejuízos nas demais funções de seu desenvolvimento (BOWLBY, apud ALEXANDRE; VIEIRA, 2004, p. 2008).

. Tal aspecto pode ser observado quando, tanto o primeiro quanto o segundo casal adotante, afirma que o menino possui uma dificuldade para expressar sentimentos, algo típico de crianças que não são habituadas com essas expressões de afeto, que seriam (teoricamente) normais numa família tradicional, mas que, no entanto, não é comum em abrigos.

Outro aspecto que também é percebido no relato dos dois casos de adoção é que o menino, nas duas ocasiões se aproxima primeiramente à figura paterna, estabelecendo um contato mais intenso com estes do que com as mães adotivas. Podemos atribuir tal comportamento ao fato que a criança não está acostumada a ter uma figura paterna em sua vida, uma vez que crianças institucionalizadas são cuidadas geralmente apenas por mulheres, o que acarreta na formação de vínculo apenas materno pelas mesmas. Assim, o garoto possuía forte apego aos pais em questão, visto que era o vínculo que lhe fazia mais falta, por assim dizer, já que:

Nos abrigos, no que concerne às necessidades básicas, como alimentação, higiene, cuidados com a saúde, entre outras, as crianças são, sim, na maioria das vezes, atendidas. Todavia, raramente o são quanto ao amparo afetivo. Para que se possa perceber o outro, é necessário que cada um saiba o que isso significa. Portanto, a visibilidade que se tem do outro depende, em parte, da visibilidade vivida pelo indivíduo. (ORIONTE; SOUSA, 2005, p.34)

Vale ressaltar ainda a diferença de posicionamentos dos dois casais frente às expectativas da adoção. No primeiro casal, apesar de apresentarem bons atributos para garantir um lar saudável para a criança, percebe-se, no entanto que estes possuem uma visão um tanto utópica a cerca do processo adotivo, o que pudemos constatar quando observamos que em momento algum eles cogitam a possibilidade de dificuldades a serem enfrentadas, e se cogitam , falam das mesmas como algo muito distante da realidade.

Tal comportamento representa um perigo para o sucesso de uma adoção uma vez que, como afirmou Levy:

A imagem da criança ideal (aquela que o casal imagina para si antes de adotar uma de fato) deve ser desvinculada da criança real, pois se isso não ocorrer, os pais adotivos não poderão suportar os conflitos que esta criança irá trazer que seriam considerados normais se estes fossem vistos como filhos de fato, pois se a criança for integrada como filho, qualquer crise não será diferente daquelas vividas em famílias com filhos biológicos. As devoluções apontam para um fracasso que atinge a todos os envolvidos no processo, principalmente às crianças que, na maior parte das vezes acabam sendo responsabilizadas pela decisão tomada pelos adultos (LEVY, 2009, pag. 60).

Foi o que aconteceu com o primeiro casal que durante o processo de adoção, ressaltava com veemência os lados positivos da relação com a criança ignorando assim os lados negativos e ao se confrontarem com a rotina do dia-a-dia não puderam sustentar essa utopia que tudo era perfeito na relação familiar e, sobretudo, não souberam lidar com as dificuldades encontradas – que são normais em qualquer família. Já no segundo casal, se pode perceber uma maturidade maior por parte dos mesmos – ate pelo fato de já serem veteranos em adoção – pois, ao serem perguntados sobre a relação coma criança, eles sempre elencavam os pontos positivos, mas sempre deixando claros os pontos negativos e afirmando que entendiam que eles eram normais, que conflitos assim são comuns em qualquer relação familiar – com filhos adotivos ou não.

Segundo o ECA, “toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes” (Lei nº 8.069, art. 19).

A adoção é, portanto a maneira legítima existente para consolidar de fato vínculos familiares e para assegurar à criança qualidade de vida visto que é fundamental para o desenvolvimento que esta possua uma base familiar, afinal, esta base é que indica os principais valores morais e éticos que com o passar do tempo irão ser absorvidos pela criança.

Historicamente, no entanto, a adoção nem sempre foi vista desta forma. Na antiga sociedade romana, por exemplo, a adoção era um artifício para legitimar o direito político dos sucessores dos reis, nem sempre parentes deste. Nesta época a adoção era discutida para adultos e não crianças, o que pode ser considerado, pois os termos “infância” e “adolescência” são relativamente novos. (WEBER, 2003; FONSECA, 2002; VARGAS, 1998; apud SOLON, 2006, p.14).

A consciência de que a criança era um ser em formação e não um “adulto” em miniatura, é uma visão que foi construída ao longo dos séculos e favoreceu o panorama da adoção como é visto atualmente.

Somente a partir do século XX, com o surgimento do estado moderno a constituição sobre a adoção é elaborada:

Ela coincide também com as concepções da nova ciência psicológica, que apresentou a noção de infância enquanto fase decisiva para o desenvolvimento da personalidade adulta. O poder público baseado nesta “justificativa científica”, passou a estender sua influência para dentro da vida familiar, no sentido de controlar o potencial biológico das populações, a fim de aumentar a produção econômica e, assim, a infância passou a ser vista como passagem à vida produtiva adulta. (AMORIM, 2002; FONSECA, 2002; ARIÈS, 1981 apud SOLON, 2006, p. 6,7)

As primeiras experiências de vida, como a relação mãe e filho, por exemplo, são muito importantes para as futuras relações de uma criança. Logo, crianças institucionalizadas ficam privadas de vários elementos considerados importantes para seu desenvolvimento e isso acarreta dificuldades nos relacionamentos interpessoais futuros, “é também inegável a necessidade que elas manifestam de criar laços que solidifiquem as relações com as pessoas que ali se encontram e com as que sempre chegam” (ORIONTE; SOUSA, 2005, p. 39). Sob esta ótica, não restam dúvidas sobre a importância da família para o desenvolvimento da criança, preferencialmente, desde o início de sua vida.

A adoção, no entanto é uma realidade ainda encoberta por preconceitos e que em muitos casos apresentam-se apenas como uma segunda ou última opção, considerando que no Brasil, outra realidade é ainda mais forte: a dos “filhos de criação”, onde não há legalização. A adoção, legalizada ou não, além de uma opção para aqueles que queiram constituir uma família, consiste numa solução para crianças que se encontram sob os cuidados do estado.

No entanto, para que esta segunda perspectiva seja mais bem transmitida e elaborada, deve-se levar em conta a concepção de família. A adoção é uma maneira de criar este laço, constatando, portanto a noção de que família é “uma construção social e não um acontecimento natural como somos levados a acreditar” (SOLON, 2006, p. 9). Infelizmente, a noção de família como um fator natural é difícil de desconstruir e isto com certeza atrapalha no que diz respeito ao sucesso de adoções e à evolução deste processo como um todo, o que explicaria - como diz Lilian Solon (2006) em seu estudo - a dificuldade que muitos pais que adotam (legalmente ou não) de dizer às crianças e/ou adolescentes que estes foram adotados (como exemplo, podemos tomar o primeiro casal em questão em nosso estudo que afirma que não via necessidade em contar ao menino que era adotado, usando a justificativa que isso traria um sofrimento desnecessário ao menino) e a curiosidade que muitos destes têm quando descobrem que são adotadas de conhecer suas origens. Ainda estamos muito ligados ao conceito de que família é caracterizada pela consanguinidade. Tem-se a ideia de que relacionamentos consanguíneos são de maneira inabaláveis, enquanto que os “criados” são vulneráveis.

Quando falamos em adoção como uma opção, nos referimos a um dos principais motivos que levam a ela: a infertilidade. Muito citada por Maria Luiza Girardhi em seu estudo sobre os casos de devolução (2008), a infertilidade é um fator característico da maioria dos processos e que pode influenciar sobremaneira a forma como o infante vai ser tratado e, obviamente, como os adotantes irão viver este momento.

A incapacidade de gerar um filho é com certeza motivo de insatisfação e frustração, e é este sentimento que muitas vezes impulsiona o desejo pela adoção. Desta maneira, observamos que desde o início a adoção se encontra sob um contexto onde vingam uma impossibilidade e uma tristeza iniciais. Se não bem trabalhados, estes fatores podem dificultar a aproximação entre pais e filhos, ocasionando conflitos internos nestes e fortalecendo a concepção de que esta criança nunca foi realmente seu filho e não lhes pertence, já que os pais passam a “alimentar uma esperança de compensação e, nesse caso, o filho poderá vir a ocupar o lugar daquele que tem a missão de ressarci-los pela perda imaginária desses aspectos de seu narcisismo” (GIRARDHI, 2008, p.3).

O luto é um processo psíquico muito importante para estes pais que se deparam com a infertilidade e que se encontram em conflitos no processo de adoção por conta dela, já que aceitar uma criança como filho não é tão simples como possamos imaginar. No imaginário parental, como ressalta Girardhi (2008) é necessário que o luto deste filho que se foi ou que nem mesmo chegou a ser gerado enfim se concretize, para que dessa maneira, uma nova história possa ser construída: a desta criança que está sendo adotada.

Quando enlutados por suas próprias perdas, os pais poderão voltar-se para o filho aceitando sua alteridade e podendo construir uma história que é, ao mesmo tempo, singular e familiar. Se não ocorrer o luto, o filho adotivo permanecerá como um objeto ambíguo para os pais como aquele que representa uma tentativa de sutura da ferida narcísica, mas também a ruptura da transcendência. (SILVA, 2001 apud GIRARDHI, 2008).

A criança que está na companhia destes pais que não absorveram o luto passa então a encontrar-se numa situação de ter que ter características de um filho que não existiu, ou que se existiu, não está mais presente. E quando a personalidade desta criança aflora e os pais começam a ver nela características próprias, individuais, depara-se com uma realidade diferente da esperada, surgindo então as dificuldades relacionadas à aproximação e a aceitação desta criança como ela é. A idealização desta criança é um fenômeno inconsciente que gera diversas frustações em ambos os lados (GIRARDHI, 2008, p. 4).

Neste sentido, apontamos como possível causa para que o primeiro casal tratado aqui devolvesse o menino João; visto que a mãe não podia mais ter filhos devido a um aneurisma que contraiu durante sua primeira gestação, o casal recorreu à adoção como forma de completar a família, como eles mesmos afirmaram em seus relatos. A partir daí, eles deixam bem claros suas preferências quanto às características da criança a ser adotada e começam a idealizar essa criança desconsiderando que a mesma já existe e que possui sua singularidade, sua subjetividade que infelizmente não coincidiu com aquela idealizada por eles.

Nenhum pai está livre de no decorrer do processo da adoção querer encontrar na criança características que lhes dizem respeito. Isso faz parte do processo psíquico de agregação desta criança ao imaginário parental. A infertilidade, portanto, pode ser sim um fator bastante nocivo ao sucesso da adoção se não for bem trabalhada, e em casos extremos, onde os pais de nenhuma maneira consigam encaixar a criança na condição de família, e não saibam reconhecer e aceitar nela características individuais pode resultar na devolução.

É justamente quando a criança mostra sua individualidade que vem à tona a rejeição pelo “diferente”, pelo “outro”. O que no filho biológico é visto e aceite como afirmação de uma personalidade própria, no “filho emprestado” ou “de criação” passa a ser visto como mostra de más tendências ou traços psicológicos ruinsoriundos da família biológica. (ROCHA, 2000)

A devolução é um fenômeno que ocorre tanto nos âmbitos das adoções legalizadas como nas adoções “à brasileira”. Admitir a devolução é um caso sério que deve ser repensado e revisto. Judicialmente, é uma exceção que só deve ocorrer durante os estágios de convivência, que são obrigatórios:

A colocação da criança ou adolescente em família substituta será precedida de sua preparação gradativa e acompanhamento posterior, realizados pela equipe inter profissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com o apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar. (ECA, Lei nº 8.069, Art. 28).

Este período de convivência é obrigatório justamente para que os adotantes e o infante se conheçam e ambos manifestem o desejo de ficarem juntos e enfim constituírem uma família, o que teoricamente, garantiria que esta criança enfim encontraria um lar, mas infelizmente, mesmo depois que as adoções são decretadas, devoluções ocorrem, deixando a desejar no que diz respeito ao caráter irrevogável da adoção.

De maneira geral, a devolução não é a característica predominante nos processos de adoção, mas os números existentes devem ser avaliados e estudados a fim de que se possam encontrar soluções além da simples aceitaçãodos motivos apresentados pelos pais, afinal, a criança devolvida sofre um novo abandono e isto não pode ser deixado de lado.

Os comportamentos de uma criança que se depara novamente com o trauma do abandono são facilmente observados, como a agressividade e a interiorização, por exemplo.

A criança que passa por um processo de adoção mal sucedido procura entender os porquês de ter acontecido desta maneira e pode imputar a culpa da falha da adoção em si mesma. O psiquiatra Içami Tiba, no estudo de Maria Isabel Rocha, diz que “a devolução funciona como uma bomba para a auto-estima da criança sendo melhor que ela nunca seja adotada a ser adotada e devolvida” (ROCHA, 2000). Com certeza isso influencia bastante quando a criança novamente se depara com a possibilidade de ser adotada, o que pode resultar em: ou a criança poderá se negar a ser adotada, ou fará o que acha necessário para que não seja novamente devolvida, vivendo durante todo o estágio de convivência sob a nuvem negra da devolução. No caso “João”, aqui relatado, observamos claramente este fato quando este, após um comportamento não aceito pelos adotantes, era repreendido e perguntava: “Ainda vou para Recife?” ou “Você ainda gosta de mim?”.

Vários fatores também foram observados no João após o abandono sofrido por ele quando da sua devolução no processo de adoção, comportamentos como agressividade, diurese voluntária e acentuada, aumento da sexualidade – claramente observado porque João constantemente manipulava os órgãos genitais – a fim de reter a atenção dos adultos.

É preciso considerar, no entanto, que tais comportamentos, ocorrem porque a criança sente a necessidade de ser vista pelos adotantes, de reter a atenção destes com a intenção de não ser esquecida, ou seja, de não ser devolvida. Além de claro, um esforço da criança em ser considerada parte da família procurando imitar o padrão comportamental familiar observado, o que pode fazer com que esta, agindo desta maneira, viva conflitos sobre sua personalidade, seus desejos, afinal, ela pode estar com vontade de agir de tal maneira, mas vive sob o medo de ser devolvida, logo, age da maneira como acha que deve agir, o que nem sempre consegue. É responsabilidade dos pais observarem este esforço e garantir uma espécie de naturalidade neste estágio de convivência, aliás, a intenção é que esta criança seja um filho realmente, e sendo assim, esta pode se sentir à vontade.

Em qualquer processo de adoção os pais precisam ter maturidade suficiente, aliás, a vida deles se adequará a uma criança assim como esta se adequará gradativamente a eles. No entanto, os pais que se dispõem a adotar crianças que por mais de uma vez passaram pelo trauma da devolução, necessitam de uma ajuda ainda maior, carecem de apoio dos profissionais que acompanham o processo e precisam saber desde o início que neste caso a aproximação pode ser mais difícil e turbulenta.

Aceitar todo tipo de comportamento do infante não é a solução, o importante é deixar claro o desejo de adotá-lo e obviamente, estarem certos realmente de que querem esta criança, o que felizmente foi observado no segundo casal abordado neste estudo, que não só se interessou pela história de vida do menino João como também o acolheu por completo, suas qualidades, suas falhas, seus traumas, enfim, toda a sua subjetividade.

4. Considerações Finais

No exposto trabalho, realizamos uma pesquisa documental que nos possibilitou uma análise qualitativa do processo em questão, sem a necessidade de um contato direto com os envolvidos no mesmo. Para tal estudo, o juiz da I Vara da Infância e da juventude, comarca de São Luís, autorizou a consulta dos processos da referente comarca sob a exigência de que fosse mantido o sigilo das informações dos envolvidos nos processos.

Deste modo, encontramos apenas um caso que se encaixou em nosso tema – devolução de crianças no processo de adoção – que foi por nós estudado e analisado de acordo com os estudos que fizemos previamente sobre o assunto. Este processo consiste, portanto numa amostra intencional, dentro de uma pesquisa com fins exploratórios, a fim de entender os motivos para a devolução de tais crianças e de que forma este ato influencia na forma destas lidarem consigo mesmas e com o outro.

Elencamos como resultados as diferenças observadas no comportamento dos dois casais estudados no processo – o primeiro casal que adotou e devolveu o menino João, e o segundo casal que o adotou posteriormente, bem como os motivos que levaram ao primeiro casal a devolverem a criança e, por meio do acompanhamento psicológico feito com a mesma logo após a devolução, podemos observar de que forma este segundo abandono influenciou em sua relação interpessoal e intrapessoal.

Buscamos explicar, por meio da literatura vigente sobre o assunto, como se dá o processo de adoção aqui no Brasil e que etapas constituem o processo de adoção: cadastro nacional de pretendentes à adoção, período de adaptação, estágio de convivência, guarda provisória e por fim, guarda permanente, além dos grupos de apoio oferecidos. Todas estas etapas foram observadas no referente processo e nesse sentido tivemos o auxílio fundamental da equipe da I Vara da Infância e da Juventude, comarca de São Luís, para nos explicar alguns conceitos por nós não compreendidos em sua totalidade, bem como na liberdade dada pelos mesmos para que nós explorássemos de forma satisfatória o conteúdo do processo em questão.

Desta forma, acreditamos ter conseguido transmitir de que forma se caracteriza a adoção e quais são os processos ocorridos nesta e de que forma as autoridades lidam com o problema da devolução de crianças durante este processo, neste sentido observamos que muitos juízes se vêem obrigados a aceitar a devolução de uma criança se observam a possibilidade de que a mesma poderá, caso não seja devolvida, sofrer maus tratos com a família em que se encontra. O que não significa dizer que esta criança ficará livre de sequelas. Assim, tivemos acesso aos registros do acompanhamento psicológico do menino João e podemos encontrar com clareza de que forma tal devolução alterou em seu cotidiano e como ele lidou com o trauma.

Como dificuldades encontradas no decorrer de nossa pesquisa, podemos elencar a falta de literatura que trate especificamente sobre a devolução de crianças no processo de adoção, visto que a maioria dos trabalhos aborda apenas a adoção em si, suas etapas e sua implicação no contexto de uma família. Elencamos ainda como dificuldades, a carência de casos documentados sobre devolução aqui na cidade São Luís, uma vez que foi observada que a incidência de casos de devolução aqui é muito pouca. Entretanto, este fato embora pareça de inicio algo positivo, nos leva a um dado preocupante, uma vez que a incidência de devolução é pouca devido a pouca procura por adoção aqui no estado. Assim, se são poucos os adotados, será pouco também o numero de devolvidos.

Assim, apontamos como sugestões para tal problema que primeiramente seja mais difundida em nosso estado a importância da adoção, posteriormente que haja um maior rigor por parte das autoridades quanto à habilitação dos pretendentes a adoção, conscientizando os mesmos dos pontos positivos e negativos que irão encontrar durante o processo, a fim de ajudá-los a entender a responsabilidade existente sobre as relações afetivas estabelecidas em construção com a criança adotada. Desta forma, acreditamos que antes que o contato com a criança aconteça é necessário que os pretendentes passem por uma análise rigorosa para que se possa constatar que estes possuem expectativas dentro dos limites normais quanto à criança a ser adotada, a fim de evitar que essa criança sofra com a discrepância que muitas vezes ocorre entre a criança idealizada pelos adotantes e a criança real.

Em termos de pesquisa, consideramos de suma importância que se façam mais estudos sobre os casos de devoluções de criança no processo de adoção, ressaltando as consequências deste ato nas crianças envolvidas. Neste sentido, além de análise quantitativa dos casos, é necessário que haja uma análise qualitativa dos mesmos, como por exemplo, o acompanhamento destas crianças devolvidas ao longo de suas fases posteriores a fim de que se possa identificar como este trauma influenciou em sua vida em longo prazo.

Sobre os Autores:

Referências:



Fonte: A Devolução das Crianças no Processo de Adoção Análise das consequências para o desenvolvimento infantil - Desenvolvimento Humano - Psicologia Geral - Psicologado Artigos http://artigos.psicologado.com/psicologia-geral/desenvolvimento-humano/a-devolucao-das-criancas-no-processo-de-adocao-analise-das-consequencias-para-o-desenvolvimento-infantil#ixzz1kN6B4eBG

http://artigos.psicologado.com/psicologia-geral/desenvolvimento-humano/a-devolucao-das-criancas-no-processo-de-adocao-a